Folha do Meio Ambiente

RIO+20, mais uma oportunidade

 

Quem acompanha as decisões governamentais em relação ao meio ambiente e, sobretudo, a conscientização das pessoas para os problemas ambientais, sabe que não adianta esperar soluções mágicas e rápidas da RIO+20. Por vários motivos. Vale destacar três: primeiro porque os problemas sociais e ambientais são de extrema gravidade e a solução não chega por varinha de condão; segundo, porque meio ambiente é uma causa abrangente que não se resolve somente dentro de casa ou dentro de uma empresa ou de um só município ou mesmo dentro de um país. O clima, a poluição e as chuvas ácidas não obedecem fronteiras geográficas; E terceiro, porque as questões socioambientais caminham em duas mãos: educação e desenvolvimento de tecnologias limpas. Ambas as ações não dão saltos, requerem tempo e são encaradas como um processo. 

Então o que esperar da RIO+20? 

Muita coisa. Primeiro, uma atitude firme dos líderes mundiais, dos organismos internacionais e até das sociedades governamentais e não governamentais inseridas na vida do Planeta para deixarem de lado uma postura egoísta e perversa. Aquela velha história: isso não é comigo… isso não é com o meu governo… isso não é com o meu país. Só quem habita este Mundo pode buscar a sustentabilidade mundial. Hoje somos 7 bilhões de pessoas vivendo na Terra. Mas quantos bilhões já passaram por este Planeta desde que o Homem começou sua trajetória de vida? 

O tempo urge! Nossos avós – sim, nossos avós viram o rio Tietê, o rio Pinheiros correndo límpido por entre os paulistanos. Viram a baía de Guanabara encantando cariocas, brasileiros e o mundo por sua beleza sem poluição, sem lixo, sem esgoto. Viram o rio Paraíba do Sul percorrer três Estados e fornecer água límpida para centenas municípios. Viram o rio das Velhas chegar ao rio São Francisco exuberante, piscoso e com águas transparentes…  Se nossos avós viram,  praticaram esportes e beberam destas águas, é sinal que as três últimas gerações praticaram um crime contra tantos lugares paradisíacos.

Portanto, o que se espera da RIO+20 é uma atitude dos líderes políticos pela governança sustentável.  O que se espera da sociedade, das empresas, das indústrias é uma atitude menos corporativa, menos egoísta e de menos ganância.

Para despoluir rios e mares há uma primeira ação: deixar de poluir. Para proteger as florestas há uma primeira ação: deixar de desflorestar. Se o Homem parar de agredir a natureza, a própria natureza – magnânima que é – se encarregará de se recuperar. Mas o primeiro passo tem que ser dado. E a RIO+20 é mais uma oportunidade oferecida aos 7 bilhões de habitantes deste Planeta.

Silvestre Gorgulho