Editorial

Diplomacia e o Meio Ambiente

8 de junho de 2012

  Na Semana do Meio Ambiente, a poucas horas do início da RIO+20, vale lembrar um tema que gosto muito de debater aqui na Folha do Meio Ambiente: a diplomacia e o meio ambiente. O homem é movido em direção ao seu interesse, seja ele econômico, político ou sentimental. Ou seja, o ser humano defende… Ver artigo

 

Na Semana do Meio Ambiente, a poucas horas do início da RIO+20, vale lembrar um tema que gosto muito de debater aqui na Folha do Meio Ambiente: a diplomacia e o meio ambiente. O homem é movido em direção ao seu interesse, seja ele econômico, político ou sentimental. Ou seja, o ser humano defende e protege seus amigos, sua família e seus parceiros, ataca quem se diz seu inimigo e é extremamente isento e justo com quem não lhe diz respeito. Assim são os executivos de empresas e assim também são as nações. Roma invadiu a Europa e a África sempre atrás de algum tipo de bem: nunca cultural, sempre material. A Inglaterra, a Europa, Portugal e Espanha conquistaram o mundo também porque estavam atrás de recursos naturais – ouro, prata e especiarias – e até de recursos humanos – escravos. Hoje o império norte-americano pressiona e faz guerras pelos mesmos motivos: defender mercados e ter petróleo. Nada mudou. Nem os homens, nem as nações. A única coisa que muda é exatamente o objeto de desejo. Se antes era o ouro, hoje é o gen. Se no passado eram as especiarias, hoje são as propriedades terapêuticas de um cipó. Se antes era o escravo, hoje é o petróleo. Se outrora era a terra, hoje é o espaço. E assim caminha a humanidade…
Mas tem uma coisa que o homem começou a perceber que para ele conquistar, não basta ser mais forte e nem ir à guerra. Tem que entrar num acordo: o meio ambiente. E o motivo é bem simples: a Terra é uma só. O ar e o clima, como as aves do céu, não obedecem fronteiras. O efeito estufa, a biodiversidade, os recursos hídricos e o degelo polar são elementos da natureza que, para o bem ou para o mal, vão influenciar lá e aqui. No norte e no sul. Na Conchichina e no jardim de nossa casa. E como resolver um assunto tão complexo como esse? Como compatibilizar tantos interesses de tantas nações onde vivem mais de 7 bilhões de seres humanos? Não adianta fazer um cabo de guerra. Há que haver inteligência, bom senso, equilíbrio para colocar os prós e contras na mesa e ver o que será melhor. Para isso, nada como o bom exercício da diplomacia.
Não adianta os países ricos acharem que cooperação internacional significa assistencialismo. Não é nada disso. Não adianta também os países do Primeiro Mundo conservarem seus interesses estritamente comerciais, dando com uma mão e tirando com a outra. Não vai funcionar. Proibidos de darem subsídios agrícolas, não adianta dar uma de esperto e transmutar os benefícios financeiros usando o marketing da defesa de uma biodiversidade que nem existe mais em suas terras. 
Pela força e pelo dinheiro, o futuro continuará incerto. Pela pressão e pela guerra, não haverá salvação. É o que a diplomacia do mundo vai procurar mostrar na RIO+20.
A Conferência da ONU, como bússola, vai mostrar o caminho correto a seguir. A Terra, como morada, e a Vida, como um bem sobrenatural, só serão salvos pelo debate honesto e pelas parcerias verdadeiras que tragam no seu bojo muita generosidade e ética. Os tomadores de decisão precisam ser, acima de tudo, bons zeladores globais e não apenas do espaço de seus “umbigos”.
SG