ECOS DA RIO + 20

RIO+20 protelou compromissos, renovou esperanças, mas o documento foi pífio

24 de julho de 2012

José Carlos Carvalho, ex-ministro do Meio Ambiente e chefe da delegação brasileira na RIO+10, em Joanesburgo analisa a RIO+20, faz balando da RIO+20.

 

“Fora do Riocentro era possível ver um planeta sustentável querendo brotar, mas faltaram estadistas dispostos a regá-lo e fazê-lo florescer.

 
 
 
Para José Carlos Carvalho, que também foi secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, “o documento oficial da Conferência não foi apenas modesto. Em relação a compromissos concretos, foi pífio. Pude constatar, como chefe da delegação brasileira em Joanesburgo, em 2002, que esta mesma realidade já se prenunciava.”
Explica Carvalho, que foi o chefe da delegação brasileira na RIO+10, que foi realizado, novamente, um enorme esforço planetário para evitar retrocessos, ao invés de abrir caminhos para o lançamento de metas, prazos e meios de implementação rumo a sustentabilidade. 
Segundo o ex-ministro “todavia, o poder de mobilização da RIO+20 não pode ser ignorado. Neste sentido, o que ocorreu no entorno do Riocentro, fora da Conferencia Oficial, teve uma perspectiva histórica transcendente, para alem da hesitação e do medo dos Chefes de Estados e de Governos que se refugiaram no Rio de Janeiro, sob a tutela dos interesses domésticos de suas Nações. Houve uma visão embotada pela crise que, paradoxalmente, tem origem num modelo de desenvolvimento predatório e agônico que eles tentam prolongar.”
Continua José Carvalho Carvalho: “Na Cúpula dos Povos, no Forte de Copacabana, no Peer Mauá, na PUC, na Arena, no Parque dos Atletas pulsava o mundo novo de um planeta sustentável que lamentavelmente os lideres mundiais, em sua maioria, insiste em não reconhecer. O debate das idéias de vanguarda, o pensamento renascentista de uma civilização ainda mais contemporânea, os produtos mais limpos criados pela inovação tecnológica, políticas públicas transformadas e transformadoras, um novo comportamento social e atitudes recicladas, a nova economia brotando, tudo isso não pôde ser visto pelos chefes de Estado e de Governo, recolhidos ao cárcere dos ambientes fechados impostos pelos esquemas de segurança.”
“Fora do Riocentro era possível ver um planeta sustentável querendo brotar, mas faltaram estadistas dispostos a regá-lo e fazê-lo florescer. Como não se faz mudanças com pessimismo, não podemos perder as esperanças, apostando nas belas iniciativas sustentáveis que os eventos paralelos da RIO+20 mostraram para o mundo”, salienta o ex-ministro do Meio Ambiente, e acrescenta: “A História nos ensina que civilizações inteiras desapareceram por inadaptação às condições naturais. Quando perdemos a capacidade de entender as limitações da natureza, ela impõe os seus limites. Vamos ter que esperar?”