JACATIRÕES CULTURAIS

18 de julho de 2012

Luiz Carlos Amorim, o poeta das árvores

ÁRVORE FLOR
 
Luiz Carlos Amorim
 
Meu pé de jacatirão 
caiu semente em mim 
brotou viçoso e verde, 
ficou raízes, 
cresceu frondoso 
e desabrochou, 
floresceu cores. 
Pintou de branco, 
rosa e vemelho 
todo o chão do meu coração...

 

 

 

 Luiz Carlos Amorim:  fundador, coordenador e editor do Grupo Literário A ILHA. Já na sua 73ª edição, A ILHA que reúne a produção de escritores de Santa Catarina. Amorim foi pioneiro em descobrir novos espaços para a poesia, instituindo o Varal da Poesia em todos os shoppings do Estado de SC.

 

 

"Parece que Amorim enxerga em cada pétala uma letra, em cada flor uma palavra e em cada ramo uma sentença."

Cícero, o mais eloquente dos oradores romanos, ditou este conceito: “O estudo e a contemplação da natureza são alimentos naturais da inteligência e do coração”.

Eloquente, também é o meu amigo Luiz Carlos Amorim, embora redigir seja o seu maior campo de trabalho. Existem homônimos, mas este é natural de Corupá, uma bela cidade catarinense de natureza exuberante e destacada por suas grutas e cachoeiras. Formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Joinville, Amorim contabiliza um intenso período literário e educacional, tendo vários livros publicados e com participações em antologias nacionais e estrangeiras, possuindo ainda trabalhos em jornais, revistas e portais da internet.
Por saber que a natureza é uma imensa formação artística vegetal, ela tem forte influência em suas redações e uma de suas obras preferidas é o jacatirão (Tibouchina mutabilis), também denominada de manacá-da-serra. Seu florescer espetacular que inicia branco, no segundo dia fica lilás e no terceiro violáceo, desperta o ontem, o hoje e o amanhã deste meu amigo, revelando a saudade, a realidade e a esperança de seus sentimentos. Sabendo mostrar e valorizar os momentos de vida, o jacatirão registrou-se em sua mente e de imediato enraizou-se até o coração, sobrevivendo mesmo quando a temporada floral dá lugar a outras espécies. Parece que ele enxerga em cada pétala uma letra, em cada flor uma palavra e em cada ramo uma sentença, como um livro aberto de páginas oscilantes. 
Viajar pela cultura do país é uma de suas necessidades e quando os caminhos estão ladeados de jacatirões, a felicidade é ainda maior. Esta árvore não apresenta raízes agressivas, permitindo seu plantio em diversos espaços, possuindo as mesmas estruturas das palavras do meu amigo: não são agressivas e podem ser lidas e utilizadas sem qualquer restrição.
Para muitas pessoas, o aprendizado termina quando recebe os méritos de alguma realização pessoal, muitas vezes sem a análise dos resultados finais. Para Luiz Carlos Amorim, as realizações são apenas o início para outros estudos e aprendizado, que se renovam tal qual a floração do jacatirão e de outras plantas.  Muitas delas estão perto do seu convívio familiar, em um jardim ecologicamente correto, onde desfruta do ensinamento de cada vegetal ali cultivado. Nunca dispensa o professorado da natureza e nem dela se utiliza descontroladamente, pois aprendeu que ela não se produz exclusivamente à vontade de seus discípulos.
Assim, meu amigo vai subsistindo aos dias, escrevendo pelos caminhos seus ideais cultivados, preservados, observados e focados na liberdade de expressão. Sempre desejou solos férteis e com menos obstáculos para as pessoas trilharem, preferencialmente, repletos de jacatirões floridos, independente das cores apresentadas e dos sentimentos despertados.