Paisagem Cultural

RIO + 1000

19 de julho de 2012

São mil maravilhas do RJ a encantar o mundo e por isso a cidade ganha da Unesco o título de Patrimônio da Humanidade como Paisagem Cultural

 

 

 

No Brasil, o Iphan publicou, no Diário Oficial da União, em 5 de maio de 2009, a Portaria 127, que estabelece a chancela da Paisagem Cultural Brasileira. E o que significa Paisagem Cultural Brasileira? Justamente a porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores. São estes lugares especiais pela beleza exótica ou onde os seres humanos deixaram suas marcas. Mais do que uma natureza livre, a paisagem cultural pode ser uma área mística, um vale cultivado, um ambiente preparado para reverências ou mesmo alguma coisa que o ser humano fez para anunciar suas conquistas e marcar sua passagem.
 
RJ: paisagem patrimônio mundial
Natureza exuberante e interação da paisagem com cotidiano da população levaram Rio a ser declarado patrimônio da humanidade como paisagem cultural.
A escolha ocorreu em votação na 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, que se reuniu em São Petersburgo, na Rússia, no final de junho, logo depois da RIO+20. A candidatura do Rio foi apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Para Luiz Fernando de Almeida, presidente do Iphan, “a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civilização brasileira, com sua originalidade, desafios, contradições e possibilidades”.
Luiz Fernando explica que a partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título da Unesco serão alvo de ações integradas visando à preservação de sua paisagem cultural. São eles o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico, a Praia de Copacabana e a entrada da Baía de Guanabara. Os bens cariocas que agora são patrimônio mundial incluem ainda o Forte e o Morro do Leme, o Forte de Copacabana, o Arpoador, o Parque do Flamengo e a Enseada de Botafogo.
 
Primeira área urbana
Vale destacar que até agora, os sítios reconhecidos mundialmente como paisagem cultural eram todos relacionados a áreas rurais, a sistemas agrícolas tradicionais, a jardins históricos e a outros locais de cunho simbólico, religioso e afetivo. Luiz Fernando explica que  “o reconhecimento do Rio de Janeiro culminará numa nova visão e abordagem sobre os bens culturais inscritos na Lista do Patrimônio Mundial”.
 
 
Patrimônio naturais brasileiros
 
–  Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (1986)
–  Costa do Descobrimento, Bahia e Espírito Santo (1997)
–  Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí (1998)
–  Reserva Mata Atlântica, São Paulo e Paraná (1999)
–  Parque Nacional do Jaú, Amazonas (2000)
–  Pantanal Mato-grossense, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (2000)
–  Reservas do Cerrado: Parque Nacional dos Veadeiros e das Emas, Goiás (2001)
–  Parque Nacional de Fernando de Noronha, Pernambuco (2001)
 
 
Rio em flor de janeiro 
Carlos Drummond de Andrade
 
A gente passa, a gente olha, a gente párae se extasia.
Que aconteceu com esta cidade
da noite para o dia?
O Rio de Janeiro virou flor
nas praças, nos jardins dos edifícios,
no Parque do Flamengo nem se fala:
é flor é flor é flor,
uma soberba flor por sobre todas,
e a ela rendo meu tributo apaixonado.
(…)
Deixemo-la reinar. Sua presença
é mel e pão de sonho para os olhos.
Não esqueçamos, gente, os flamboyants
que em toda sua pompa se engalanam
aqui, ali, no Rio flóreo.
Nem a dourada acácia,
nem a mimosa nívea ou rósea espirradeira,
esse adágio lilás do manacá,
esse luxo do ipê que nem-te-conto,
mais a vermelha aparição
dos brincos-de-princesa nos jardins
onde a banida cor volta a imperar.
 
Isto é janeiro e é Rio de Janeiro
janeiramente flor por todo lado.
Você já viu? Você já reparou?
Andou mais devagar para curtir
essa inefável fonte de prazer:
a forma organizada
rigorosa
esculpintura da natureza em festa, puro agrado da Terra para os homens e mulheres que faz do mundo obra de arte total universal, 
para quem sabe
(e é tão simples) ver?