ECOLOGIA ESTELAR

22 de agosto de 2012

Bom contemplar o firmamento. Não para entender, apenas olhar…

Nem sequer com os telescópios mais potentes podemos ver as estrelas de outra forma que não sejam pontos brilhantes, mais ou menos intensos. Encontram-se muito mais longe de nós que as perspectivas a olho nu. Numa noite de pleno esplendor e contrariando os procedimentos corretos de postura ao sentar, entendo-me no banco de um jardim e fico olhando o infi nito estrelado. Não quero entender, apenas olhar. Não quero saber da quantidade e tampouco da distância existente em toda a vastidão do Universo, pois tenho a certeza que não conseguiria resolver esta matemática.

Em alguns contos nativos, diz-se que o Grande Espírito, ao sentir o Universo muito escuro, pegou um cristal e o despedaçou, criando assim as estrelas. Lenda ou não, os marinheiros utilizavam-nas para encontrar ou delinear um rumo. 
 
Também posso dar asas á minha imaginação, fazendo de conta que as estrelas sejam pássaros luminosos. Fico admirando o seu brilho no puro fi rmamento, fora do alcance das atitudes humanas. Planto árvores ilusórias que crescem, nutrem e aconchegam estes pontos estelares. 
 
Não sei se estão voando ou assentados, só sei que vez por outra riscam o céu cadentemente, dirigindo-se a algum lugar. Bem que poderia ser para a Terra e para realizar algum pedido. Seriam voluntários trazendo esperança ao espaço terreno? Aqui suas cores e seu cantar são atrativos para aprisionamento. Daria para imaginar o reboliço que causaria um exemplar incandescente?
 
Sei que não vou fi car apreciando esta ecologia estelar todas as noites, por isso deixo-os reinarem livremente através da fantasia. Quando voltar a visualizar o anoitecer, com toda a certeza eles lá estarão. Quando o dia chegar, eles por aqui também estarão de outra forma, mas com a mesma intenção de vida e finalidade.
 
Lá em cima, meus pensamentos garantem a sua sobrevivência. Cá embaixo, minhas ações não impedem sua extinção. Ainda assim, contemplo-os com alguma esperança através do sonho e da realidade.