Agua por voto

Por água abaixo

15 de outubro de 2012

Troca-troca nas eleições: água e outras benesses por apoio político

 

No município de Simões, a 470 km de Teresina, as entidades Cáritas Brasileira e Movimento dos Pequenos Agricultores do Estado-MPA grantem que cabos eleitorais conseguem manipular a distribuição da água, entregando a metade do tanque do carro-pipa, deixando a outra metade para distribuir em troca de voto depois da eleição. Ou, então, vendendo a preços exorbitantes.
Denúncias também ocorrem no Sul e Sudeste, onde milhares de famílias estão sem água hà pelos menos dez meses. Segundo o coordenador da Cáritas no Piauí, Carlos Humberto, na zona rural dos municípios da região de São Raimundo Nonato, trabalhadores rurais denunciaram que famílias que não apoiam políticos que estão no comando, ficam sem água. Segundo ele, embora o sertanejo teme denunciar os chefes políticos, alguns criam coragem e relatam o crime para jornais e rádios. Daí que nasceu a campanham todo o semiárido nordestino, antes das eleições de 7 de outubro: “Não Toque Seu Voto Por Água”.
Carlos Humberto lembra que o Comitê Estadual de Combate a Seca, não tem representantes da sociedade civil, apenas instituições governamentais. Já Afonso Galvão, representante do  MPA sustenta que a troca de voto por água ocorre em várias regiões, como Picos, porém, os trabalhadores preferem não denunciar pois temem não receberem o pouco de água a que têm direito. 
“Existem comunidades que ficam distantes da água mais de 30 quilometros, se não for o carro-pipa, elas morrem de sede, como vem acontecendo com os animais., essas pessoas nunca que vão querer denunciar os políticos”, diz.
Ele conta que o Exército tem conhecimento da troca e venda, porém, como vem ocorrendo em muitos municípios não tem como dar conta. Já na Seção Operação Pipa no 25° Batalhão, em Teresina, a informação é que o controle de distribuição é rigoroso. Segundo um dos militares envolvido no trabalho, o comandante responsável, coronel Humberto Silva Marques, encontra-se em viagem para as regiões, apurando denúncias como as relatadas nas áreas atingidas.
Ele adianta que nos 70 municípios onde o Exércíto atua no Piauí, chefes políticos não tiveram acesso a fichas que dão direito a água, sendo o produto foi entregue direto em mãos dos beneficiários. 
Na região de Simões e Socorro do Piauí, que, segunda as entidades estão vendendo água do carro-pipa por R$ 250, o trabalho é coordenado pelo o Batalhão de Cratéus-CE e que vai passar para o controle do 25° em data posterior. Os demais municípios, mais de 80,  ficam sob a responsabilidade da Defesa Civil do Estado.
A Defesa da Defesa Civil também nega que esteja havendo manipulação da água. Segundo o  Diretor de Unidade da Defesa Civil do Estado, Jerry Hebert, a instituição é dotada de dez fiscais que estão regularmente em campo fiscalizando a operação e até o momento não houve registro de desvio de água por políticos. “Sabemos que não existe sistema seguro totalmente, mas, na medida do possível trabalhamos para evitar que ocorra”, assegura e diz que as Comissões da Defesa Civil dos Municípios, também fiscalizam a distribuição.
A  Articulação no Semi-Árido (ASA) lançou a campanha “Não Troque Seu Voto por Água”, objetivando  alertar, fiscalizar e denunciar os abusos no uso eleitoreiro da água, conforme denúncias de trabalhadores rurais. 
 
Eleições e o lixo 
Além da compra de votos, outro fator desagradável das eleições é a questão do lixo. Toda eleição é a mesma coisa. Do Oiapoque ao Chuí,  é a mesma historia. Os candidatos sujismundos e suas equipes saem pelas ruas, de capitais ou cidades do interior, desrespeitando  as noções de civilidade, meio ambiente, urbanismo e bom-senso.  Os principais fatores que levam um candidato a utilizar essa maneira desrespeitosa de campanha são dois: provincianismo e a total impunidade.  No Rio de Janeiro, material de campanha política recolhido nas ruas chegou a 384 toneladas. Segundo balanço divulgado pela Comlurb, a quantidade supera 30 toneladas o lixo recolhido nas eleições de 2008.
Para a professoa Celia, de Porto Velho, se o TRE analisasse os santinhos jogados no chão, e no dia seguinte obrigasse esses candidatos à irem para as ruas limpar sua sujeira, além de punir eleitoralmente e criminalmente, certamente nossos candidatos teriam um pouco de receio no momento de desrespeitar  os princípios da boa educação. Mas quem sabe as coisas melhoram nas cidades onde haverá segundo turno.
 
Semi-Árido:
uma campanha ‘Não Troque Seu Voto por Água’, objetivou  alertar, fiscalizar e denunciar os abusos no uso eleitoreiro da agua. Mas mesmo assim, houve abusos nas eleições  conforme denúncias de trabalhadores rurais.