Mobilidade urbana

Ciclovias e ciclofaixas

15 de outubro de 2012

Com malha viária esgotada, Porto Alegre elege bicicleta como solução para o trânsito

Não tem mais como ampliarmos o viário. A malha viária é a que está aí. Apenas com algumas obras agora da matriz da Copa, que vão melhorar pontualmente em alguns locais. 

É com o incentivo da bicicleta como meio de transporte que a gente está trabalhando, com a construção das várias ciclovias que estão sendo executadas, como por exemplo, as avenidas Edvaldo Pereira Paiva, a Tronco, a Sertório, a Ipiranga, a Voluntários da Pátria, a Severo Dulius. São todos projetos elaborados e em execução. 
Hoje, a decisão política estratégica da prefeitura é que todas as duplicações de via ou vias novas devem, no projeto, constar uma ciclovia.” 
 
 
 

"A questão da mobilidade urbana passa
pelas bicicletas com a construção
de ciclovias e das ciclofaixas."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ciclofaixa para palco de atropelamento em massa
 
 
Em Setembro, a EPTC convidou a comunidade do bairro Cidade Baixa para debater o projeto de ciclovias e ciclofaixas para Porto Alegre. O bairro central, de acordo com levantamento da autarquia, é a comunidade que concentra o maior índice de utilização da bicicleta como meio de transporte. “Inclusive, há um grande movimento dos próprios empresários, que nos solicitaram autorização para, por meios próprios, implementar bicicletários, para que seus clientes possam, ao chegar nas suas lojas, nos seus comércios, ter um local adequado para guardar a bicicleta. Temos registros até de duas empresas que trabalham aqui utilizando a bicicleta como equipamento de telentrega”, conta Cappellari.
 O principal debate girou em torno da proposta de ciclofaixa para a rua José do Patrocínio. Importante via de ligação do centro à zona sul, ela foi palco do atropelamento coletivo de 17 ciclistas em fevereiro de 2011, quando o funcionário público Ricardo Neis acelerou com seu carro sobre os participantes do movimento Massa Crítica. O maior impasse para a execução da faixa exclusiva seria a eliminação do estacionamento ao lado esquerdo da via, de acordo com comerciantes da região. Cerca de 80 pessoas, entre ciclistas, moradores, comerciantes e lideranças políticas acompanharam a reunião.
 
 
Ciclista participa de reunião que trata de bicicletários e ciclofaixas.
 
 
 
 
▶Críticas à redução do IPI
 O gerente de projetos da EPTC, Antônio Vigna, apresentou um modelo de maquete da ciclofaixa. Ele, que afirmou ser usuário da bicicleta para se locomover na cidade, disse que é preciso mudar a cultura do automóvel. “É preciso que haja mais tolerância, que se crie uma cultura da bicicleta, do transporte coletivo, de ir a pé. Hoje, na própria José do Patrocínio, vemos que a maioria dos carros é ocupada apenas pelo motorista. A frota dobrou nos últimos 10 anos, e o governo federal também não colaborou, com essa medida de reduzir o IPI para os carros”, criticou.
Além da José do Patrocínio, as avenidas perimetrais Loureiro da Silva e Erico Verissimo também devem receber ciclovia. 
Os novos espaços para circulação das bikes na região devem servir como ligação entre as outras ciclovias já em construção. “O objetivo, previsto no plano diretor cicloviário, é interligar as ciclovias em construção, permitindo que o ciclista possa vir lá da Usina do Gasômetro (na orla do Guaíba), indo até a Redenção (Parque Farroupilha), que terá a ligação pela Loureiro da Silva; ou então adentrar a José do Patrocínio, indo até a Ipiranga. 
Na verdade, é criar uma rede que possa dar alternativas de circulação para que o ciclista possa não só circular lá na Edvaldo Pereira Paiva ou na Ipiranga, mas que ele possa usar o caminho intermediário”, explicou Cappellari.
▶Áreas permanentes e exclusivas
 De acordo com a EPTC, as ciclofaixas serão de segregação, ou seja, com barreira física para a área de circulação de automóveis. 
O diretor descartou que voltem a ser utilizados formatos como o da Ciclovia dos Parques, antiga faixa que interligava áreas de lazer da capital e só funcionava aos finais de semana e feriados.  “Não vamos trabalhar com equipamentos que só sejam utilizáveis alguns dias da semana, só utilizamos nos projetos ciclovias e ciclofaixas que sejam permanentes e de uso somente dos ciclistas. Nós temos hoje os corredores de ônibus, tanto da Cascatinha (Erico Verissimo) quanto da Terceira Perimetral, que são fechados aos domingos, mas nós queremos, nos projetos que estamos elaborando, e para os quais pedimos o auxílio da comunidade, que sejam todos eles de uso permanente.”
 
 ▶Bicicletas de aluguel
Também está previsto para setembro a implantação de bicicletas de aluguel em Porto Alegre. No dia 4, foi anunciada a proposta vencedora para a prestação do serviço, que foi da empresa Sertell. O projeto prevê a instalação de 40 estações, com meta de 400 bicicletas. Pelo cronograma apresentado, cinco estações entram em funcionamento neste mês, 20 até o final do ano e mais 15 em abril de 2013.