copa 2014

ONU joga com a Copa Verde

15 de outubro de 2012

PNUMA avalia desempenho “verde” da Copa de 2010 na África do Sul e faz recomendações para a Copa de 2014, no Brasil.

Estadio Nacional de Brasília Mané Garrincha

 

 

PNUMA trabalhou com o governo Sul-Africano no projeto “Gol Verde 2010” (Green Goal 2010) para promover iniciativas como o corte da pegada de carbono, redução do uso de água, menor produção de resíduos e conservação da biodiversidade. Tais iniciativas devem ser levadas para o próximo nível no Brasil, com o objetivo de criar eventos cada vez mais verdes.
Ao mesmo tempo em que esse estudo, financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), identifica muitas iniciativas bem sucedidas, ele também mostra uma certa falta de foco ao se tratar de considerações ambientais na fase de planejamento da Copa do Mundo, sendo um dos motivos para esse potencial não ter sido explorado ao máximo.
“O relatório aponta muitas iniciativas exemplares, mas talvez a descoberta mais importante é que a África do Sul poderia ter obtido conquistas maiores se as medidas de sustentabilidade tivessem sido pensadas mais cedo e não no último momento”, disse o Subsecretário Geral e Diretor Executivo do PNUMA, Achim Steiner. “Assim, o estudo mostra que a realização do pleno potencial de esverdeamento desses torneios se torna mais possível se a sustentabilidade é levada em conta desde o início, durante o planejamento, elaboração do projeto e construção”.
 
 
Acordo da sustentabilidade
 
De olho em projetos esportivos futuros, o PNUMA assinou um acordo com o governo brasileiro para ajudar a tornar verdes os dois grandes eventos esportivos que o Brasil sediará nos próximos anos: Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas. Algumas das principais conclusões e recomendações são:
 
▶  Devido ao fato de a omissão de considerações ambientais ser uma das 17 garantias da FIFA para sediar a Copa do Mundo, o esforço investido em gestão ambiental não é suficiente. Essa questão merece séria consideração por parte da FIFA.
▶ Diretrizes ambientais, inclusive para as cidades-sede, devem ser claras e legalmente vinculantes. Práticas específicas devem ser inegociáveis, mensuráveis e ter o respaldo da lei.
▶ A FIFA deve compensar sua própria pegada de carbono e incentivar seus parceiros a fazer o mesmo.
▶ É essencial um compromisso por escrito e publicamente declarado por todas as partes interessadas na ecologização do evento.
▶ Oportunidades de financiamento de iniciativas ambientais devem ser exploradas mais cedo para evitar situações em que os programas planejados não foram implementados devido à falta de fundos; o comitê organizador deve alocar mais recursos para iniciativas ecológicas.
▶ Geração de dados ambientais é importante para a avaliação. A ausência de dados ambientais da Copa da África do Sul tornou difícil avaliar o impacto de suas iniciativas.

 

Legado ambiental

O relatório da ONU chegou a importantes conclusões para a África do Sul que podem ajudar a garantir um legado ambiental duradouro nas Copas do Mundo futuras, como a do Brasil em 2014:
 
• Os principais casos de sucesso foram em eficiência energética, energia renovável e transporte público, que devem ser repetidos.
• Os projetos-piloto de energia renovável devem ser implementados o mais rápido possível, junto com a plena implementação de uma política nacional de energia, para ajudar a orientar a África do Sul a um novo caminho que diminua a sua dependência do carvão.
• O sistema de transporte foi melhorado e é considerado um dos principais legados do evento, embora esforços sejam necessários para expandir a rede, garantir veículos adequados para rodovias e melhorar a eficiência dos transportes públicos.
• Mesmo com esforços significantes para minimizar a produção de resíduos, nem todas as cidades-sede e estádios foram capazes de implementar programas adequados de separação de resíduos e não fecharam contratos com empresas para fazer reciclagem ao invés de despejar o lixo em aterros. Uma política coerente e abrangente teria evitado problemas, e a implementação de tal política poderia significar um outro legado vital.
• Cidades-sede e estádios mostraram iniciativas positivas para a conservação da água, provando o grande valor da medição da água e da necessidade de expansão de tais sistemas.
 
 
Exemplos
 
Apesar de algumas dificuldades na compilação de dados suficientes para avaliar completamente o desempenho verde do torneio, o relatório destacou muitos exemplos concretos de sucesso, incluindo os seguintes:
 
▶ O estádio Moses Mabhida, em Durban, incorporou iluminação inteligente em eficiência energética como parte do seu Sistema de Gestão de Edifícios para reduzir o uso de energia em 30 por cento, enquanto o Estádio Green Point, na Cidade do Cabo, utilizou também sistemas de ventilação natural para reduzir o consumo de energia.
 
▶ A Cidade do Cabo aperfeiçoou a iluminação das ruas com lâmpadas de baixo consumo e semáforos de LED para cortar o seu perfil de emissões.
 
▶ Durban compensou a sua pegada de carbono com sequestro de carbono — com o plantio de 104 mil árvores — e implementou outras medidas previamente planejadas, tais como energia de hidrelétricas e sistemas de biogás.
 
▶ Foram construídos 94 quilômetros de rede de Bus Rapid Transit (BRT)  em Joanesburgo, além de outras redes semelhantes, ciclovias, sistemas de transporte coletivo e passarelas na baía Nelson Mandela, Nelspruit, Polokwane, Rustemburgo e Bloemfontein. Todas essas medidas contribuíram para reduzir a pegada de carbono do evento.
 
▶ O estádio Moses Mabhida — que usou medição de água e aproveitamento de águas pluviais em uma instalação de armazenamento subterrâneo a 700m2 — reduziu o consumo de água potável em 74 por cento, enquanto o Estádio Green Point atingiu sua meta com um corte de 10 por cento.
 
 ▶ Sistemas de despejo de lixo foram usados na maioria das áreas de maior público, que em Durban levaram à reciclagem de quase 200 toneladas de resíduos gerados durante as partidas — batendo a meta verde de Durban em 4 por cento.
 
▶ 95 por cento dos resíduos de demolição do antigo estádio foram recuperados e reutilizados na construção do Estádio Green Point, na Cidade do Cabo. Em Moses Mabhida, 400 toneladas de aço e 400 toneladas de tijolos, mastros, reatores, solo arável e assentos foram resgatados para uso no novo estádio e em outros projetos.
 
▶ O torneio apoiou o Ano Internacional da Biodiversidade, com um parque criado na Cidade do Cabo e um programa ecológico, incluindo a remoção de espécies exóticas da vegetação e a reabilitação das zonas úmidas em Nelspruit. Programas de conscientização foram realizados em escolas de Joanesburgo.