UM ESTALO DE SAUDADE

15 de outubro de 2012

Bons tempos das brincadeiras infantis

Elas são pequenas e amarelas, uma das mais de seiscentas espécies de Calceolária que se desenvolvem facilmente por todos os cantos, provocando agradável visão quando desabrochadas.
 
 
 
Da infância, lembro de ter brincado com algumas plantas que ainda nos dias atuais, estão esparramadas pelos quintais e sendo pouco observadas quanto as suas finalidades. Talvez, pela simplicidade de suas formas e mais parecendo um matinho qualquer, são desprezadas pelos adultos, mas valorizadas pela simbologia pueril das crianças. Na época vegetativa, elas surgem como uma alternativa de estudos e contemplação, transformando o visionário mundo das possibilidades.
Dentre as mais de seiscentas espécies de Calceolária, há uma de flores pequenas e amarelas que se desenvolvem facilmente por todos os cantos, provocando agradável visão quando desabrochadas. Parece uma bolsinha de guardar moedas em miniatura. Quando segurada entre os dedos polegar e indicador e socada pela parte da abertura na testa das pessoas ou qualquer outra parte despida do corpo, provoca um breve estalo.
Quando surgia lá no quintal de casa, minha mãe ficava preocupada e sabia que até o término da floração, seria uma balbúrdia total da criançada a reinar pelo terreno ajardinado. Entretanto, era uma preocupação que também lhe trazia alegria, já que a peraltice desempenhada provocava largos sorrisos em seu semblante surrado pela idade. Correrias, gritos, gemidos, tombos e algumas choradeiras, faziam parte da agitação pertinente ao ambiente criado.
Era uma brincadeira sadia, apenas extravasada por momentos de euforia resultante da descoberta de uma nova brincadeira e da satisfação de dela se usufruir. Cruzamos diariamente com pequenas coisas que deixa-nos curiosos. As crianças são mais atentas a este sentido e gostam de captar e brincar com as coisas da natureza. Sua agilidade descobre sempre uma utilidade não visualizada pelos adultos.
Quando encontro alguma desta florzinha, expresso o ato infantil em minha testa, provocando um breve estalo de saudade.