Folha do Meio Ambiente

"Em meu orquidário, cada passo e cada admiração estão circundados de imagens amigas que jamais serão esquecidas, como Helga Hess."

 

Cultivo orquídeas faz algum tempo. Elas despertam em mim sentimentos ainda desconhecidos, ou melhor, ainda não aplicados. Vejo desabrochar diariamente novas amizades, sem contar os inúmeros benefícios que salvaram por diversas vezes minhas precariedades e não exigiram cobranças posteriores. Em meu orquidário, cada passo e cada admiração estão circundados de imagens amigas que jamais serão esquecidas.

E por falar em não esquecidas, surge a fisionomia da amiga Helga Hess, lá de Vitória, no Espírito Santo. Produtora de orquídeas e plantas ornamentais, dos muitos momentos marcantes de sua vida, um está relacionado com as violetas.

Helga é destas batalhadoras que não precisa escolher tarefa, qualquer uma lhe é prazerosa por necessidade ou colaboração. Quando junto de seu marido Erico (já falecido), na fase estrutural para a construção e aquisição de bens que facilitassem o cotidiano, foram abalroados por problemas familiares e resolvidos em longo prazo. Neste tempo apático, as dificuldades corroeram várias normalidades antes privilegiadas. Uma das queixas da esposa era a impossibilidade de comprar perfumarias, substituídas por produtos similares, a fim de que pudesse continuar ainda desfrutando de algum prazer pessoal.

O marido escutava as queixas paciente e conscientemente, sem poder reverter a situação no momento. Um dia, aconteceu: ao chegar do trabalho, Helga encontrou na cabeceira da cama uma caixinha tendo ao lado um vaso de violetas cor-de-rosa. Junto com as flores um cartão pedindo desculpas pela qualidade do presente e salientando que ela, sua querida esposa, era mais importante que qualquer perfume do mundo.

Helga nunca soube de onde o marido conseguira dinheiro para tal compra, considerada extravagante na ocasião. Entretanto, ficou sabendo, entre perfume e flores, o valor do verdadeiro sentimento representado nas coisas simples da vida. As violetas são cultivadas por ela até hoje e continuam vivificando o momento proporcionado, já que representam modéstia e lealdade.