PICO-PICO
21 de fevereiro de 2013A gente cresce e fica cada vez mais sem tempo para brincar.
Das brincadeiras quando criança, embora sempre alertado para certos tipos, o corre-corre entre elas era inevitável. Num jardim ou terreno baldio, a ausência de fobias sobrepujava qualquer medo e a consequência das travessuras era analisada com simplicidade. Arranhões e roupa repleta de resíduos faziam parte dos resultados e completadas com sorrisos e especulações.
Uma planta muito procurada pelas crianças era o Picão-preto (Bidens pilosa), também conhecida como Pico-pico e outros nomes populares. Considerada invasora e daninha em várias culturas, é também comum em praças, terrenos baldios, beiras de estradas e jardins. Em alguns lugares é usada como planta medicinal (cortes, ferimentos e inflamações), salada e matéria prima para bebida destilada.
Depois da floração dá lugar a sementes com farpas pretas, parecendo um agrupamento de espinhos e que se prende facilmente em tecidos e pelos.
Sabedores da peculiaridade, a criançada se municiava destas sementes maduras ou em formação e combinavam diversas brincadeiras. Ficar escondido e atirá-las nas pessoas que passavam era uma delas. Com as farpas grudadas na roupa elas seguiam sem ter a consciência do ocorrido. As crianças se divertiam e muitas vezes eram flagradas e chamadas à atenção, ocasião em que fugiam amedrontadas.
Na maioria das vezes, as vítimas simplesmente as retiravam e sorriam lembrando a brincadeira no passado. As crianças sempre estabelecem novos contatos com a natureza e acabam interagindo com a futura condição adulta, despertando sentimentos que se relacionam com a preservação das espécies.
A gente cresce e fica cada vez mais sem tempo para brincar.