Cerco aos produtos geneticamente modificados

26 de março de 2013

Para o bem e para o mal, os produtos transgênicos continuam dividindo o governo

 

Milano Lopes
 
A decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, de mandar incinerar um experimento de 300 pés de arroz transgênico em meio hectare na Estação Experimental do Instituto Riograndense de Arroz (Irga), no Rio Grande do Sul, foi mais um passo no cerco que autoridades federais e estaduais estão fazendo aos chamados transgênicos, produtos geneticamente modificados.
A nível federal, projeto apresentado no Senado pela senadora Marina Silva, do PT do Acre, proíbe, em todo o território nacional, pelo prazo de cinco anos, o plantio e a comercialização de alimentos contendo organismo geneticamente modificado (OGM) ou dele derivado.
Em nível estadual, projeto idêntico, porém sem prazo de proibição, tramita na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Seu autor é outro petista, o deputado Elvino Bohn Gass. O projeto veda o cultivo e a comercialização dos transgênicos em todo o estado. Na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, o deputado Carlos Minc apresentou projeto com o mesmo objetivo.
No resto do mundo os transgênicos também estão sob ataque. As empresas norte-americanas Archer Daniels, Midland-ADM, Cargill e Staley anunciaram que não comprarão produtos transgênicos não aprovados pela União Européia. A Tesco, a maior rede varejista da Inglaterra, decidiu retirar os transgênicos de suas gôndolas, depois que uma pesquisa revelou que um em cada quatro consumidores não deseja esses produtos.
A nível de governo, os membros da União Européia se dividem, embora a maioria condene a produção e comercialização indiscriminadas dos transgênicos. Por aqui, o governo brasileiro também está dividido, e essa dissensão impediu que o país tivesse uma opinião fechada na recente reunião da Comissão do Codex Alimentarius das Nações Unidas .