Folha do Meio Ambiente

Há muito já se fala da importância de pensar o meio ambiente sob a perspectiva holística, sem excluir homens e o desenvolvimento das ações pela preservação de nosso habitat. Porém, a integração entre social e ambiental é uma meta que nem sempre é alcançada.

Um município de 120 mil habitantes da região metropolitana de Curitiba (PR) dá o exemplo de como esta integração é possível. Com o projeto "Meninos do Vime", a Secretaria de Meio Ambiente de Pinhais está conseguindo superar, há cinco anos, a degradação ambiental e melhorar as condições de vida da população. 

Com os rios poluídos e centenas de famílias de baixa renda morando em seus leitos, a cidade enfrentava dois desafios: recuperar a qualidade da água dos mananciais e socializar menores carentes que passavam o dia nas ruas. Dessas dificuldades, surgiu a idéia de desenvolver um trabalho que pudesse associar a recuperação ambiental à social. 

O projeto consiste em reflorestar as margens do rio e utilizar a matéria-prima do vime para a confecção de peças artesanais. As crianças, que antes estavam expostas a situações de risco nas ruas, passaram a fazer parte de todas as fases do projeto. A iniciativa da Secretaria de Meio Ambiente começa desde o envolvimento e a conscientização dos ribeirinhos até a capacitação das crianças para fabricar o artesanato. 

A opção pelo uso desta árvore surgiu depois de uma extensa pesquisa com uma série de espécies. Capacidade de se adaptar ao solo úmido e ao clima frio da região e as fibras que possibilitam a produção de diversos trabalhos manuais fizeram a equipe escolher o vime para o projeto.   

O curso do "Meninos do Vime", que garante uma formação profissional, tem duração de um ano. Os alunos trabalham nas diferentes etapas, desde o plantio das mudas até noções de desenho, marcenaria e das técnicas artesanais com o vime. As peças confeccionadas pelas crianças são vendidas, o que traz mais uma fonte de renda para a família dos pequenos artesãos

Além de ganhar uma profissão, os meninos que participam do projeto também recebem reforço escolar e assistência médica. Como a demanda para integrar o projeto é muito grande, os coordenadores fazem uma seleção que leva em conta o grau de carência da criança e a localização de sua residência, já que o público alvo são as 800 famílias que moram às margens dos rios do município.