Memória da sustentabilidade

19 de abril de 2013

As muitas vozes e memórias da sustentabilidade que as escolas podem juntar

 

Não é tarefa fácil juntar diferentes gerações para dialogar. O lado animador desse trabalho de Hércules é que, nos quatro cantos do país, sobra entusiasmo e não falta engajamento entre crianças e jovens na hora de participar de ações como plantar árvores, cuidar de hortas ou praças dentro ou ao lado de suas escolas, separar em casa os materiais recicláveis do lixo comum, mobilizar os amigos nas redes sociais para salvar um animal ameaçado de extinção ou maltratado.
Mas que tal se, a essas e tantas outras condutas “ecológicas” somássemos uma outra, o envolvimento dessas mesmas crianças e jovens na prática diária do diálogo curioso com gente de outras gerações, tendo as questões socioambientais da localidade onde todos habitam o mote para essas conversas amistosas? 
Os pais, avós, vizinhos, professores, parentes dos amigos, todo mundo, enfim, são bem-vindos para essa conversa sobre as características sociais e ambientais locais, a qual resgata como eram as coisas no passado, como estão no presente e o que se quer para o futuro.
Esse tipo de movimento aposta na educação cidadã que as escolas, por meio de suas comunidades de docentes e alunos, podem ser as protagonistas. A sala de aula é um importante espaço para incentivar esse necessário diálogo entre diferentes gerações, algo que hoje anda extremamente truncado, o que muitos especialistas apontam como uma das causas nevrálgicas por trás de tantos atos violentos que os jornais noticiam todos os dias. Esta é uma grande pedra no caminho da sustentabilidade que precisamos remover.
Esse diálogo intergeracional fortalece, ainda, uma “cultura viva” de respeito, solidariedade e generosidade, atitudes que não podem mais ser “artigo de luxo” em um país como o nosso, que envelhece em ritmo acelerado e teima na valorização excessiva do ideal da “juventude eterna”.
Mas crianças e jovens precisam ser estimulados a buscar as memórias das pessoas mais longevas que os rodeiam não como uma chata lição de casa, mas como algo que vale a pena, pois desafia suas habilidades, assim como fazem os jogos que eles tanto apreciam. 
Juntos, professores e alunos precisam construir quais caminhos serão os melhores para “provocar” as recordações e saberes dos entrevistados de forma a dar à “galera” a oportunidade de garimpar informações surpreendentes, que podem nem estar registradas nos documentos oficiais! 
Experiências desse tipo, que tive a oportunidade de ver de perto, mostram uma situação recorrente: as pessoas entrevistadas também fazem comentários espontâneos sobre os ganhos e os limites que as fases da vida, da infância à maturidade, trouxeram-lhes. Não vejo melhor forma para crianças e jovens terem uma compreensão intuitiva de um dos conceitos que balisam a sustentabilidade, aquele que nos ensina que nossas escolhas de hoje têm consequências no tempo e no espaço em que vivemos.
Há que se registrar esse resgate intergeracional tão rico de memórias e troca de vivências, gravando vídeos, mantendo diários nas redes sociais, fazendo as atividades tradicionais da sala de aula, como a elaboração de redações, organização de exposições, etc.
O mais importante é que as memórias racionais e afetivas dos mais “velhos” se liguem. como em uma teia. com as colocações feitas pelas crianças e jovens durante esses diálogos para a troca acolhedora de saberes e sonhos. Este é um exercício poderoso, pois alcança um resultado ao mesmo tempo gratificante, transformador e de grande utilidade prática. 
Afinal, essas conversas amistosas formam paineis fora do lugar-comum ao mostrar o que diferentes gerações pensam, têm feito e gostariam de fazer em coautoria pelo lado social e ambiental da sustentabilidade. O que você acha de deflagrar essa conversa ai onde você está agora?
 
 
5 Tons de Verde
 
Futuro da água na telona – Está em circuito nacional nos cinemas o animação “Uma História de Amor e Fúria”. A Sabesp patrocina essa produção que discute a importância da água. O enredo se passa em quatro momentos diferentes da história do Brasil: a presença dos portugueses na então vila de São Vicente, a escravidão, o governo militar e uma data fictícia no futuro. 
 
Novas atitudes na escola – Este ano o projeto Escolas Saudáveis chega a mais 45 instituições públicas de ensino nas cidades de Vitória de Santo Antão, Chã de Alegria e Pombos, todas em Pernambuco. Iniciado em 2009, o programa é uma iniciativa da editora Evoluir Cultural e da empresa Mondelèz. Já foi implantado em 400 escolas, beneficiando mais de 1.600 educadores e 50 mil alunos. As ações estimulam atitudes e práticas sustentáveis em toda a comunidade escolar.
 
A sustentabilidade é doce – A Unilever anunciou que está obtendo mais de um terço de suas matérias-primas agrícolas de fontes sustentáveis. Sua meta é alcançar 100% até 2020 e duplicar o tamanho do conglomerado enquanto reduz sua pegada ambiental e melhora seu impacto social positivo. Trabalhando com a Usina São João, a Unilever comprou as primeiras 3262 toneladas de créditos de açúcar sustentável no Brasil, na abertura da plataforma Bonsucro.
 
Fornecedores entram no clima – O CDP Supply Chain é um programa global que incentiva grandes empresas compradoras a questionarem e engajarem suas cadeias de fornecimento a implementar estratégias para mitigar as mudanças climáticas. No Brasil a iniciativa é patrocinada pela AES Eletropaulo, Banco Bradesco, Braskem, Fibria, Marfrig, Suzano Papel e Celulose e Vale.
 
Bem dito – “Os consumidores brasileiros têm mostrado interesse em conhecer as ações socioambientais das empresas. A postura delas frente à sociedade e ao meio ambiente tende a ser cada vez mais relevante”, Vanderlei Niehues, gerente-geral de Sustentabilidade, EHS e Regulamentações da Whirlpool.