APA de Tambaba

TAMBABA VIVE

19 de abril de 2013

Instituto Agronômico de Campinas se juntou a UFPA para produzir trabalhos sobre a sustentabilidade em Tambaba

 

Parabenizo a Folha do Meio Ambiente e especialmente o jornalista Reginaldo Marinho pela abordagem abrangente no artigo “Praia de Tambaba – santuário ambiental prestes a ser estuprado”, artigo de capa – edição 228/março. O texto evidencia a atual situação de fragilidade na qual se encontra a proteção ambiental da região de Tambaba, uma das poucas ilhas verdes do litoral norte da região nordeste brasileira, fruto de um estágio de regeneração de cerca de 30 anos. Um leigo poderia se equivocar pelo baixo porte das árvores e arbustos nativos imaginando tratar-se de uma vegetação jovem, mas que na verdade representa o perfil típico da cobertura vegetal do tabuleiro.
Lamentavelmente a ânsia por investimentos lucrativos em curto prazo ignoram o real valor da preservação e exploração racional dos recursos naturais de maneira sustentável e que valorizam a característica regional – fauna, flora, vida marinha, mananciais fluviais, manguezais, geografia das falésias, cultura popular, agricultura familiar, artesanato e a expressão do naturismo de renome mundial – elementos que compõem um complexo de grande valor para o futuro da exploração do (eco)turismo internacional que cada vez mais procura descobrir e valorizar as expressões naturais e  culturais diferenciadas.
Um projeto de porte megalomânico certamente de instalação economicamente inviável, devido ao vultoso investimento da ordem de bilhões, pretende eliminar o resquício de Mata Atlântica (inquestionavelmente protegida pela legislação federal) ainda existente na APA de Tambaba. Ignora-se quem seriam os reais investidores (se é que existem) e se estes estariam cientes de que a exploração turística de Tambaba poderia ser feita de maneira ecologicamente sustentável. Uma vez eliminada a mata nativa que garantia existe de que o projeto (talvez) especulativo será efetivamente implantado? Certamente o local estará, então, aberto para qualquer outro tipo de ocupação desordenada e a implantação de um modelo repetitivo já presente em diversos locais não só do Brasil como também em outros países (“resorts”, campos de golfe, condomínios de alto padrão, privatização de praias, loteamentos, e, quem sabe, até indústrias de mineração e etc). Se não for utopia, é a destruição certa do que ainda resta da Natureza de Tambaba. Seria este tipo de desenvolvimento-padrão que o governo estadual vislumbra para o emergente turismo da Paraíba ou seria preferível um programa de desenvolvimento turístico diferenciado de modo a valorizar a cultura, sua população, a natureza e o turismo? 
 
(*) Antônio Fernando Caetano Tombolato – Diretor do Jardim Botânico – Instituto Agronômico – IAC – Campinas SP – [email protected]