O Bichano e o BEM-TE-VI
23 de maio de 2013As possibilidades comunicativas entre o pássaro e o gato Léo

A popularidade dos gatos faz com que se tornem bichos de estimação cada dia mais frequentemente. Um deste felino adentrou a vida de uma amiga pela porta comemorativa de um aniversário e foi batizado de Léo. Inicialmente utilizado como caçador, agora é apenas companheiro devido suas inúmeras qualidades. Idoso e bonachão, toma banho morno com xampu no chuveiro e depois de enxuto, cheiroso e brilhoso, vai para a varanda do apartamento tomar sol, lá ficando estatelado quase todo o tempo.
Ultimamente, tem surgido no parapeito da varanda um Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). Todos os dias pela manhã, cantarola para o gato que assustado, fica olhando desinteressado. Minha amiga está adorando as duas companhias, mas não disfarça sua preocupação, já que passarinho sempre foi um manjar para os gatos. Quando ela sai, fecha a porta da varanda com medo de que o Léo, num ímpeto, invista sobre o pássaro e caia das alturas.
Indiferente ao acontecer, o Bem-te-vi continua sua visita desconsiderando a selva de pedra, a poluição e o ruído das ruas. O gato continua a tudo assistindo e escutando. Minha amiga fica imaginando as possibilidades comunicativas entre os dois.
Talvez, o pássaro esteja dizendo ao gato que nunca precisou ir a uma escola de canto para entoar hinos de amizade; talvez, deseje que o gato corra atrás e ambos brinquem de pega-pega; Talvez, esteja considerando a possibilidade de uma participação afetiva que sirva de exemplo para as criaturas humanas; Talvez, sejam muitas outras possibilidades. Quando o Léo adentrou na vida desta minha amiga, conquistou logo seu coração. Não estaria o pássaro na mesma relação para com o gato? Instintivamente, ao ouvir o sonoro Bem–te-vi, talvez o gato esteja respondendo: Eu tamBém-te-vi.