Jardim Botânico do RJ: basta de omissão!
23 de maio de 2013O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é mais do que um museu a céu aberto. Mais do que um espaço fundamental ao equilíbrio ambiental da cidade. E também mais do que um paraíso. É um santuário. Mas é um santuário de beleza e importância sem iguais, onde pessoas de má fé e atreladas a… Ver artigo
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é mais do que um museu a céu aberto. Mais do que um espaço fundamental ao equilíbrio ambiental da cidade. E também mais do que um paraíso. É um santuário. Mas é um santuário de beleza e importância sem iguais, onde pessoas de má fé e atreladas a um fisiologismo político foram se aninhando para ocupar um bem público. Invasores oportunistas farejaram a feliz possibilidade de se instalar em um bairro paradisíaco sem qualquer ônus. Políticos inescrupulosos, que buscam forma de ganhar votos favorecendo a invasão de terras públicas, passaram a conceder direitos, à revelia da lei, a seus eleitores e parentes para aí residirem.
Cada vez mais pressionada pelo crescente número de visitantes, impedida de ser ampliada para atender à nova demanda em consequência das inúmeras moradias clandestinas, a área aberta à visitação do Jardim Botânico foi sendo cada vez mais ocupada, correndo o risco de acelerada degradação. Também órgãos oficiais viram-se no direito de suprimir parcelas de terreno do Jardim Botânico. Construiu-se um prédio gigantesco e outros tantos de menor porte junto a nascentes de água, destruindo-se alguns dos talhões de experimentos florestais do Brasil.
Grandes trechos de florestas foram desmatados para a instalação de torres e aceiros sob a fiação.
E como reagiu a população carioca? Totalmente omissa, quando não cúmplice, – por fechar os olhos ou defender as presenças indesejáveis – como um clube esportivo – talvez o maior símbolo da situação- ou de um teatro que, à noite, rouba a paz e espaço de um jardim onde antes reinava o silêncio.
A Folha do Meio Ambiente orgulha-se por não ter se calado diante do descalabro. Sequer se sentiu afetada pelas pelos insultos que um deputado lhe dirigiu na Câmara Federal, após suas denúncias. Um inescrupuloso homem público que, simulando defender a sociedade, defende a si próprio, a sua mãe e sua irmã, invasoras e defensoras da invasão de um dos mais valiosos sítios do Estado brasileiro e da sociedade carioca.
O paisagista Carlos Fernando de Moura Delphim (veja página central) pergunta: “Não ganhamos votos destruindo a natureza e o patrimônio cultural brasileiro. Defendemos e sempre defenderemos as boas condições do meio ambiente. Se esse Jardim Botânico de valor reconhecido mundialmente, localizado no coração da mais bela cidade do mundo, sob os olhos de uma população atenta, foi objeto de tantos interesses escusos, o que se pode esperar de todas outras unidades de conservação longe dos olhos atentos da mídia e da fiscalização?”
Silvestre Gorgulho