Dia Mundial do Meio Ambiente 2013
Semana do Meio Ambiente
20 de junho de 2013Sem pompa e circunstâncias, o governo federal lembra o Dia Mundial do Meio Ambiente
Para a presidente “todos esses resultados apresentados hoje mostram como estamos evoluindo no setor da economia de baixo carbono e faz com que as políticas públicas fortaleçam as ações de combate e monitoramento do desmatamento e das emissões de gases poluentes”. Dilma Rousseff ressaltou, ainda, que o Brasil está nos padrões dos países desenvolvidos, com uma matriz energética cada vez mais limpa, florestas protegidas, além do uso sustentável da água e dos recursos naturais. “Assim como vemos em outras nações, é possível conservar, produzir e gerar oportunidades de emprego e renda”, acrescentou.
RESULTADOS
Izabella Teixeira destacou a queda de 84% na taxa de desflorestamento medida em 2012, comparada a 2010, na Amazônia Legal pelo Projeto PRODES de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. “Em 2012 o resultado foi de 4.571 km2, o que equivale à menor taxa de desmatamento registrada na Amazônia Legal desde que a sistemática foi implementada pelo INPE em 1988”, disse Izabella que assegurou: “além da queda, o país já conseguiu atingir 76% da meta voluntária de redução do desmatamento prevista para 2020”.
Projeto TerraClass
Os principais resultados do Projeto TerraClass, que mapeia o uso e cobertura da terra nas áreas desflorestadas da Amazônia Legal, também foram apresentados. “Verificamos que a vegetação secundária (áreas com floresta em crescimento) cresceu 22% comparando os dados de 2010 com 2008”, revelou a ministra. As pastagens (pasto com solo exposto, pasto limpo, pasto sujo e regeneração com pasto) e vegetação secundária avançam ocupando cada vez mais áreas recentemente desflorestadas. “Isso mostra que é possível produzir de forma sustentável com a preservação do meio ambiente e que, por meio de práticas agrícolas sustentáveis, é possível atingir resultados tangíveis dessa positiva relação da agricultura com o meio ambiente”, completou.
Fórum de Mudanças Climáticas
O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC) foi criado pelo Decreto nº 3.515, de 20 de junho de 2000, e tem por objetivo conscientizar e mobilizar a sociedade para a discussão e tomada de posição sobre os problemas decorrentes da mudança do clima por gases do efeito estufa. A Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) determina que o FBMC acompanhe a implantação das ações de redução de gases de efeito estufa estimadas para o Brasil, bem como desempenhe papel central no processo de revisão do Plano Nacional sobre Mudança do Clima e seus planos setoriais.
DECEPÇÃO NO OLHAR
“Os olhos sempre denunciam o que o coração tenta esconder”
Fotos: Orlando Brito
Bob Marley continua atual: “Os olhos sempre denunciam o que o coração tenta esconder”.
O constrangimento está estampado no rosto e no olhar dos governantes e dos governados. Nunca na história deste país, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi tão burocrático, indiferente e frio. Faltou emoção!
A ambientalista Renata Camargo vai mais longe: “A presidente Dilma e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, tentaram montar um circo para transformar notícias velhas em propaganda do governo. É como se essa data não existisse para elas. E, se levarmos em conta as últimas ações e falas desse governo, ela não existe mesmo. O anúncio da queda histórica no desmatamento da Amazônia reflete uma situação atrasada (4.571 km2 entre agosto de 2011 e julho de 2012). Desde então, sinais de aumento do desmatamento surgem a toda hora, inclusive vindo do próprio governo por meio de seu sistema DETER. Sobre isso, ninguém falou nada.”
As controvertidas comemorações cheiram a ilusão para quem acompanha as últimas notícias da região: indígenas com direitos contestados. Ibama com poder de fiscalização desidratado e um Código Florestal que beneficia e premia quem passa o trator sobre a floresta.
Projetos de infraestrutura, notadamente grandes hidrelétricas, planejadas e construídas sem que premissas socioambientais sejam seguidas. Os brasileiros esperavam mais. Uma data que sempre foi comemorada com anúncios concretos e decisões firmes na preservação de biodiversidade, com decretos para criação de parques e o controle sensato da emissão de gases-estufa ficou restrita a um encontro que tentou usar o Plano Nacional de Mudanças do Clima, para inflar o evento. E o Greenpeace foi duro: a presidente Dilma ainda tentou criar um falso dilema, mostrando térmicas e hidrelétricas com grandes barragens como as únicas fontes possíveis de geração de energia no futuro. Esqueceu de propósito o potencial inexplorado no país de fontes solar, eólica e da biomassa. O constrangimento está no semblante das autoridades e nas avaliações da maioria dos ambientalistas.
A pergunta que não quer calar: Até quando o Brasil vai esconder os problemas em vez de tratá-los de forma honesta e corajosa?
Silvestre Gorgulho