Editorial

20 de junho de 2013

  O DIA QUE NÃO AMANHECEU   Nunca na história deste país, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi tão burocrático, frio e apagado. Os ambientalistas perceberam que este ano tudo foi diferente. Para pior! O Dia criado pela ONU, em 1972, e que sempre teve no Brasil uma comemoração ostensiva, participativa e alegre do… Ver artigo

 

O DIA QUE NÃO AMANHECEU

 

Nunca na história deste país, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi tão burocrático, frio e apagado. Os ambientalistas perceberam que este ano tudo foi diferente. Para pior! O Dia criado pela ONU, em 1972, e que sempre teve no Brasil uma comemoração ostensiva, participativa e alegre do Governo Federal, dos governos estaduais, das prefeituras e da população, este ano foi um fiasco. Não conseguiram celebrar as conquistas sobre sustentabilidade e muito menos conscientizar a população sobre a defesa das riquezas que o país tem em florestas, rios, fauna e sobre as mudanças nos padrões de produção e de consumo. Como diz Renata Camargo, do Greenpeace, “os brasileiros esperavam e mereciam muito mais. É possível acabar com o desmatamento, controlar a emissão de gases-estufa, acabar com a violência e o trabalho escravo no campo e crescer com respeito ao ambiente”. 
O vento que soprou do Palácio do Planalto não transmitiu nenhuma mensagem e nem balançou nenhuma folha seca da floresta. Muxoxo total! Renata Camargo expressou a posição de muitos ambientalistas: “A presidente Dilma e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, tentaram montar um circo para transformar notícias velhas em propaganda do governo. É como se essa data não existisse para elas. E, se levarmos em conta as últimas ações e falas desse governo, ela não existe mesmo”. Para Renata Camargo, tanto a presidente como a ministra mostraram – de novo – uma queda histórica no desmatamento da Amazônia, que deve ser comemorada, mas que reflete uma situação atrasada (4.571 km2 entre agosto de 2011 e julho de 2012). Desde então, sinais de aumento do desmatamento surgem a toda hora, inclusive vindos do próprio governo por meio de seu sistema DETER. Sobre isso, ninguém falou nada. Dilma discursou burocraticamente sobre planos estruturantes para a Amazônia que unam combate à derrubada a ações de estímulo ao desenvolvimento preservando a floresta. A fala cheira a ilusão para quem acompanha as últimas notícias da região: indígenas com direitos contestados. Ibama com poder de fiscalização desidratado e um Código Florestal que beneficia e premia quem passa o trator sobre a floresta. Projetos de infraestrutura, notadamente grandes hidrelétricas, planejadas e construídas sem que premissas socioambientais sejam seguidas.
“Nos anos passados, o Planalto usava o Dia Mundial do Meio Ambiente para dar boas notícias. Notícias concretas, como demarcação de novas unidades de conservação e políticas de apoio a terras indígenas e ao desenvolvimento sustentável. Mas o que vimos hoje foi o governo agindo fora do contexto real do campo, como se estivesse num “Alice do País das Maravilhas”, do outro lado do espelho, em que a realidade é distorcida”. Pura verdade! 
O constrangimento está no rosto da ministra Izabella Teixeira e da Presidente da República. Confira na página 8. A razão mesmo está com Bob Marley: “Os olhos sempre denunciam o que o coração tenta esconder”.
 
 
SG