Folha do Meio Ambiente

 

 

Não é da noite para o dia que coisas importantes acontecem nas nossas vidas pessoais e, muito menos, nas intrincadas redes das sociedades. Por trás de todas as grandes mudanças há um processo ou tendência, que pode chegar timidamente ou, pelo contrário, fazendo muito barulho e despertando todo tipo de reação. O fato é que a passagem do tempo só favorece, faz criar raízes e dar bons frutos.aquelas propostas que são realmente honestas, que dão significado ou valorizam nossas vidas ao invés de desumanizá-las. 

O Instituto Akatu acaba de lançar a Pesquisa Rumo à Sociedade do Bem-Estar. Trata-se da oitava edição da série Responsabilidade Social Empresarial – Percepção pelo consumidor brasileiro, realizada desde 2000. A boa noticia é que o  levantamento retrata que o consumidor brasileiro está mais interessado nessa “tal sustentabilidade”. A pesquisa, que contou com o patrocínio do Grupo Pão de Açúcar, Natura, Nestlé e Unilever, entrevistou 800 pessoas com mais de 16 anos, de todas as classes sociais e de 12 capitais e/ou regiões metropolitanas.

Aspecto que chamou minha atenção ao ler o documento foi o que relaciona felicidade aos “caminhos mais sustentáveis”. Dois terços dos entrevistados indicaram que estar saudável e/ou ter sua família e amigos saudáveis é um fator essencial para se sentirem felizes. Apenas três em cada 10 brasileiros indicaram a tranquilidade financeira em suas respostas sobre “o que é felicidade para você?”. Essa percepção coloca grande parte da sociedade brasileira em sintonia com a noção, verificada por outras pesquisas em várias partes do mundo, de que uma vez satisfeitas as necessidades básicas, a busca da felicidade não se alcança no consumismo. As empresas também receberam um importante recado do levantamento feito elo Instituto Akatu. Os entrevistados apontaram que seu comportamento impacta diretamente sua decisão de compra, destacado cinco aspectos como motivadores de preferência ou admiração por determinadas marcas e produtos: “Não maltratar animais” (52%), “Ter boas relações com a comunidade” (46%), “Ter selos de proteção ambiental” (46%), “Ajudar na redução do consumo de energia” (44%) e “Ter selo de garantia de boas condições de trabalho” (43%). 

Comparando dados das pesquisas de 2010 e 2012, o crescimento do contingente de brasileiros que “ouviram falar” do termo sustentabilidade aumentou de 44% para 60%, bem como o interesse de buscar informações sobre o tema (de 14% para 24%). Essa maior consciência parece ser a explicação mais plausível para o ceticismo demonstrado pelos entrevistados, pois os que acreditam incondicionalmente no que as empresas divulgam sobre suas práticas de Responsabilidade Social caiu de 13%, em 2010, para 8%.

Outro estudo que também mostra a crescente conscientização sobre o tema fauna e flora aqui no Brasil e em outros dez países foi divulgado pelo Barômetro da Biodiversidade. Para se ter uma ideia, o povo brasileiro foi considerado o mais bem informado a respeito de biodiversidade, com 96% dos entrevistados afirmando já ter ouvido falar da expressão, enquanto 51% sabem definir o termo corretamente. O segundo lugar do ranking dos mais bem informados ficou com a França, seguida, respectivamente, por China, Suíça, Coréia do Sul, Inglaterra, Japão, EUA, Peru, Alemanha e Índia, onde apenas 19% da população já ouviram falar de biodiversidade.  

 No quesito consumo consciente, os brasileiros também apresentaram resultados satisfatórios: 81% dos entrevistados do país afirmam se preocupar em conhecer a origem dos ingredientes naturais usados para produzir cosméticos, alimentos e bebidas, mostrando que se preocupam com a preservação da natureza. Ainda bem que não foi da noite para o dia que essa consciência conquistou os corações e mentes dos brasileiros. Aos desavisados, sustentabilidade não se trata de mais um modismo, mas do estilo de vida que as gerações de hoje e do futuro bão vão abrir mão.