MEDO DA CHUVA

16 de agosto de 2013

Quando qualquer trovejar é uma angústia e qualquer arco-íris é uma esperança.

Aos poucos, a escuridão foi predominando e as luzes dos postes foram acesas, como se pudessem espantar ou mostrar com mais clareza aquilo que estava por acontecer. As pessoas tomavam algumas precauções e o medo se instalava na voz e no pensamento.
Tanta coisa já havia acontecido, que até mesmo a fé se escondia entre hesitações. Ainda assim, as orações e as precauções eram executadas meticulosamente, preenchendo rapidamente as agendas santificadas. Alheio às condições aplicadas, a tormenta se aproximava com alguns acontecimentos previsíveis.
Quando ela chegou, aliou-se a outros fatores climáticos e mostrou toda a sua força. Por várias semanas se apresentou de maneira fatal e os desastres foram se sucedendo; inundações, deslizamentos, destruições habitacionais e populações ficando desabrigadas. A fome e a sede bateram na porta dos desamparados.
Choro, lamentação e solidariedade numa mistura indesejada, mas real. Tão real quanto a irracionalidade do homem através do tempo, sempre cismado em querer dominar a natureza, não se contentando em dela ser parceiro. A natureza não provoca, ela apenas cumpre sua tarefa, moldada naquilo que lhe é proporcionada. Há certas diretrizes que não devem ser modificadas e quando isto acontece, os resultados trazem a marca daquilo que foi impostado.
 
A natureza não provoca, ela apenas cumpre sua tarefa, moldada naquilo que lhe é proporcionada.
 
Tecnologia e desenvolvimento são necessários. Entretanto, certas técnicas são imutáveis e devem ser respeitadas, principalmente na natureza. Quando há violação destes preceitos, cedo ou tarde ela avalia e cobra seus honorários. A teimosia da perfeição acumula imperfeições que nos precedem. Felizmente, a solidariedade humana se fez presente amenizando e proporcionando algum conforto.
Pelos acontecimentos, qualquer trovejar é uma angústia. Pelos resultados, qualquer arco-íris é uma esperança.