Carlos Terrana documenta a fauna e produz coleção de cinco livros eletrônicos
Carlos Terrana é fotógrafo de natureza. Humana, vegetal, animal e mineral. Depois de 30 anos percorrendo o Centro-Oeste em busca de imagens das belezas naturais do Cerrado, Terrana deparou com um dilema: a destruição parece não ter fim. Caminha a passos de Bolt. A cada viagem que faz pelo Cerrado, Carlos Terrana traz mais fotos de destruição do que de belezas naturais.
“A fotografia é uma ferramenta importante para a criação de um pensamento humanitário e preservacionista”. Carlos Terrana
Apesar da imensa exploração, o bioma guarda um potencial genético muito grande. Evidente que há impactos irremediáveis e várias espécies estão já bem comprometidas. Mas existem vários projetos de recuperação tanto pelos organismos governamentais como não governamentais. E o próprio Carlos Terrana participa desta iniciativa, pois acaba de lançar uma série, tipo coleção de livros, para demonstrar detalhadamente como a flora e fauna brasileira é rica mas requer cuidados especiais. É uma coleção de livros eletrônicos que tem uma linguagem basicamente visual, mas com informações curiosas e de cunho científico sobre 101 animais.
A linguagem da fotografia serve para mostrar a bela biodiversidade do Cerrado e também para conscientizar sobre os impactos ambientais trazidos pela ocupação do bioma.
FMA – Como foi feita esta série?
Terrana – A série é de fácil leitura, com pouco texto e muitas imagens. As fotografias foram editadas e fotografadas por mim, durante 15 anos de caminhadas pelo centro-oeste do Brasil percorrendo estradas e trilhas, na maioria das vezes beirando rios, córregos e cachoeiras. A seleção demonstra de forma detalhada como a fauna brasileira é rica. É uma coleção basicamente de fotografias, mas com informações curiosas e de cunho científico sobre 101 animais.
FMA – Ela é bem didática e tem como objetivo a informação e a preservação?
Terrana – Justamente. A ideia foi montar uma coleção que fosse útil para pais e professores que queiram ensinar jovens e crianças sobre os costumes e hábitos dos nossos animais, numa época onde a conscientização ambiental se faz necessária. Atualmente temos uma carência muito grande de livros ilustrados com fotografias sobre animais brasileiros, direcionado para o público infantil. O objetivo da coleção é ajudar a reconstruir uma concepção positiva sobre os animais do cerrado e servir como fonte de pesquisa visual, podendo ser utilizado por estudantes, professores, adultos e crianças.
FMA – Como se compõe a seleção?
Terrana – É uma coleção com 5 volumes, 101 animais descritos, mais de 700 fotografias, todas com grande valor visual e riqueza de detalhes.
O Centro-Oeste do Brasil é predominantemente uma vegetação de Cerrado e é a caixa d’água do Brasil. Esquecido pelas autoridades governamentais no que diz respeito à preservação. De lá tudo se tira: minério, madeira para carvão vegetal e desmata-se para o desenvolvimento do agronegócio.
FMA – Por que esse “foco fotográfico” no Cerrado?
Terrana – A missão deste trabalho, que já dura umas três décadas, é mostrar o potencial natural que existe no bioma e divulgar a informação de que o Cerrado continua desprotegido pela Constituição Brasileira.
O Cerrado não é protegido e esse fato não foi um “esquecimento” e sim uma decisão política para desenvolver a região. Acontece que o bioma Cerrado está desaparecendo do mapa e muitos brasileiros nem o conhecem.
FMA – Quanto custa e onde encontrar essa coleção?
Terrana – No site www.amazon.com.br sob o título “Animais selvagens no Brasil” e custa R$3,90 cada volume.
FMA – Eles só podem ser lidos nos dispositivos Kindle, vendidos pela própria Amazon?
Terrana – Não, pode ser lido em qualquer computador, em qualquer iPad e no próprio Kindle. Basta baixar o aplicativo adequado e gratuito no site da Amazon.
FMA – Você tem algum outro projeto em andamento?
Terrana – Sim, estou com um projeto que acabou de conseguir a rubrica da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura. É uma espécie de complementação dessa coleção dos livros.
Trata-se de uma exposição fotográfica itinerante em São Paulo, e com a possibilidade de se estender para Brasília.
Além da exposição, haverá a distribuição de três mil unidades de um CD multimídia, com todo o conteúdo, fotos de animais e mais dois jogos eletrônicos: um jogo quebra-cabeça e outro jogo com cartas. O jogo de cartas é muito interessane e funciona como uma espécie de “teste conhecimentos”.