Dia do Biólogo

SOBRE PAIXÃO E BIOLOGIA

23 de setembro de 2013

Dia do Biólogo marca o brilho nos olhos dos bons profissionais

Andreza Amaral (*) 
 
 
Eu coletava os ovinhos que caiam na limpeza dos coqueiros e os colocava para chocar pra ver quem sairia dali. Esperava ansiosamente a eclosão das pupas apostando com mamãe qual seria a cor da borboleta que nasceria.
Gostava de alimentar pequenas rãs domésticas com formigas vermelhas e soldadinhos que pegava nas castanholas da rua. Aos sábados fazia minha lei: assistia ao Globinho Repórter, era fã da Paula Saldanha e, especialmente, do Jacques Cousteau…
Assim, cresci apaixonada por tudo que me deixava em contato com a natureza. Já era bióloga e não sabia! 
Naquele tempo, eu só tinha duas metas na vida: conhecer uma ilha e trabalhar com bichos. 
Hoje sou bióloga e a profissão me proporcionou as duas coisas. E muito mais! Paixão é a palavra que posso descrever a dedicação que tenho pelo meu trabalho.
 
 
 

“Juro pela minha fé e pela minha honra e de acordo com os princípios éticos do Biólogo, exercer as minhas atividades profissionais com honestidade, em defesa da vida estimulando o desenvolvimento científico, tecnológico e humanístico com Justiça e Paz”.
 
 
 
 
 
Dia do Biólogo: 3 de setembro 
 
Quando me formei, fiz um dos juramentos mais belos de minha vida. Aliás, esse juramento foi a frase mais compartilhada nas redes sociais. E na maioria das vezes, a frase vinha associada a alguma imagem retratando as inúmeras vertentes que um profissional da biologia pode seguir: botânica, micro, zoo, eco, etno, eto, limno, ictio, entomo, masto, ornito, herpeto e tantas outras “logias”. 
Interessante era ver o brilho nos olhos de cada biólogo que entrava nas comemorações da rede. O brilho era mesmo diferente. Chamava atenção. Apenas os olhos de profissionais que amam o que fazem têm brilho.
Não importa o lugar, floresta, brejo, laboratório, sala de aula, caatinga ou mar, biólogos em ação, apaixonados pelo que fazem, acreditam que seu trabalho faz a diferença.
Que seu esforço, por ínfimo que seja, é importante para o mundo, vai acrescentar algum novo conhecimento, ou reforçar um antigo.
Biólogos espalham a beleza de seu conhecimento, agradecendo a seus mestres, acreditando e lutando para melhorar o entendimento do mundo pelo mundo. É isto que vejo em meus colegas de profissão, mesmo sem incentivo fiscal, sem salário digno, ainda assim, se submetem a situações que só sendo biólogo para entender, ou não.

 
O juramento é solene e toca nossa alma para sempre: “Juro pela minha fé e pela minha honra e de acordo com os princípios éticos do Biólogo, exercer as minhas atividades profissionais com honestidade, em defesa da vida estimulando o desenvolvimento científico, tecnológico e humanístico com Justiça e Paz”.
A verdade é que exercemos nossas atividades profissionais, em defesa da vida. Muitos biólogos perdem sua individualidade e deixam o conforto da família para conquistar o desconhecido. Eles se trancam em laboratórios, ou ficam no meio do nada, passando frio ou calor só para acompanhar um bichinho, uma plantinha, que a maioria da população nem se dá conta que existe. 
São pessoas com um parafuso a menos? Ou são utópicos sonhadores apaixonados pela vida? Não sei. Sou bióloga e sou assim mesmo. Somos todos idealistas, excêntricos, teimosos, insistentes, decepcionados, pessimistas às vezes ou otimistas sempre. 
Mais do que humanos, os biólogos são símbolos da vida. Queremos salvar os animais, as plantas e toda biodiversidade sim. Nosso trabalho não envolve só pesquisa, manejo e educação e conscientização. Nosso trabalho é uma luta pela mudança. Buscamos a harmonia e a paz. Queremos que o ser humano faça de sua inteligência um ato solene de respeito à vida.
 
 
(*) Andreza Amaral é bióloga e pesquisadora