indústria e sustentabilidade

A indústria e questão ambiental

23 de setembro de 2013

Montadora sai na frente e implanta uma fábrica em Joinville modelo de sustentabilidade

 

Energia solar, captação de águas da chuva, reúso de água e preservação do meio ambiente.

 

Na GM, a preocupação com o manejo da preservação da floresta à volta da indústria

 

 

 

 

 

Todo nosso  sistema de sustentabilidade prevê benefícios para o meio ambiente, para o consumidor final e evidente, para os nossos empregados. 

A água que descartamos tem baixa salinidade e condutividade e isenta de micro-organismos. 

O sistema permite o reuso de até 19.000 m3 por ano de água.  
 
MARCOS MUNHOZ – Vice-Presidente Executivo da GM-Brasil
 
 
 
 
Com o aumento das complexidades nas relações humanas, nasceram as empresas, a figura do Estado e do administrador público ocupou um espaço muito forte com o recolhimento dos impostos e obrigação de prover a segurança, limpeza e serviços públicos. Do outro lado, nasceu outro setor tão forte quanto o Estado: o mercado.
Para fins didáticos, sociólogos e administradores criaram então um novo conceito, simplificando a dinâmica das relações humanas em três setores.
 
Primeiro Setor
Segundo Setor
Terceiro Setor
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ESTADO – o Primeiro Setor;  o MERCADO, o Segundo Setor; e as entidades da SOCIEDADE CIVIL, o Terceiro Setor. Indústria:  
Alerta ambiental – Dentro do mercado, está o setor industrial, que virou o vilão da poluição do Planeta. A geração de bens provocou uma transformação nunca vista: busca de matéria prima, o uso dos recursos naturais, a manipulação, transformação e o descarte de rejeitos e efluentes. Durante décadas, a única coisa válida era produzir. Produzir e vender. Até que acendeu a luz vermelha do alerta ambiental. Aí as empresas começaram, mesmo sem muita pressa, a racionalizar o uso de matérias-primas, água e energia e também reduzir o impacto ambiental causado pela emissão de gases e resíduos. E o mundo industrial entendeu que uma fábrica  precisa mseguir critérios sustentáveis. Ela pode ter que gastar mais num primeiro momento, mas só tem a ganhar depois. Tanto na melhoria do fluxo de caixa como na melhoria da imagem junto ao consumidor, cada vez mais atento às questões de sustentabilidade.
 
 
Em Joinville, fábrica é modelo de sustentabilidade
Marcos Munhoz, da GM: 100% de resíduos reciclados e reutilizados, “Zero de Aterro”, reuso da água e tratamento de efluentes e esgoto.
 
A General Motors do Brasil inaugurou, no início do ano, uma indústria modelo em sustentabilidade em Joinville-SC, com capacidade de instalada de 120 mil motores e 200 mil caçotes por ano. 
Com investimentos de R$ 350 milhões e previsão de faturamento anual de R$ 250 milhões, a nova fábrica é a primeira a implantar um conjunto de sistemas pioneiros na área de eficiência energética e proteção ao meio ambiente. O destaque é para a energia fotovoltaica ou energia solar e reciclagem de água industrial e tratamento de efluentes e esgotos. Para falar sobre este empreendimento modelo em sustentabilidade, conversamos com  Marcos Munhoz, vice-presidente executrivo da GM no Brasil.
 
 
 
ENTREVISTA
Marcos Munhoz – Vice-Presidente da GM no Brasil.
 
 
Folha do Meio – Uma fábrica modelo em sustentabilidade. Explique melhor quais iniciativas foram tomadas.
Marcos Munhoz – A questão socioambiental é prioridade na  nossa companhia. No caso da nova fábrica de Joinville, as iniciativas, que fazem dela uma fábrica sustentável, incluem processos que a tornam uma das primeiras do Brasil a ter 100% dos resíduos industriais reciclados (landfill free). Pelo programa “Zero Aterro” todos os resíduos do processo produtivo serão reutilizados, reciclados ou coprocessados.
É a primeira a implantar sistemas pioneiros na área de eficiência energética e proteção ao meio ambiente, com destaque para a energia fotovoltaica, reciclagem de água industrial por meio de osmose reversa e tratamento inédito de efluentes e esgotos por meio de jardins filtrantes.
 
FMA – A GM tem certificação para este empreendimento?
Munhoz – Sim, essas certificações estão no DNA de nossos produtos. Os sistemas pioneiros nas áreas de eficiência energética e proteção ao meio ambiente credenciam a fábrica da GM em Joinville à certificação global do “Leadership in Energy and Environmental Design–LEED”, que já está na fase de processo de obtenção. 
No Brasil o LEED é representado pela Green Building Council Brasil – GBC Brasil, ligada à US GBC (United States Green Building Council), mais importante organização global na avaliação de edifícios sustentáveis em termos de eficiência energética e proteção ao meio ambiente.
 
Sustentável e certificada
 
FMA – O complexo tem alguma reserva ambiental?
Munhoz – Olha, a nova unidade da GM ocupa uma área total de 500 mil metros quadrados sendo aproximadamente 30 mil metros quadrados utilizados nas instalações da fábrica propriamente dita e também suas facilidades auxiliares, incluindo pátios e áreas de estacionamento. Parte da área, uns 200 mil metros quadrados,  foi reservada para a preservação ambiental.
 
FMA – Esses conceitos estão na filosofia de trabalho da companhia?
Munhoz – Em todas as nossas plantas industriais e, especialmente, nesta de Joinville que é a mais moderna, a questão sustentabilidade fala mais alto. Tudo que fazemos está em com a política mundial de preservação ao meio ambiente adotada pela GM. Todas estas condições foram e são acompanhadas de perto pelo Comitê de Sustentabilidade.
 
FMA – Quando foi criado este Comitê?
Munhoz – Criamos este Comitê em abril de 2011. É um grupo multidisciplicar que nos dá suporte para que nossas ações, todas elas, respeitem o meio ambiente em todo processo fabril e de comercialização.
 
FMA – Em dados concretos, o que esta indústria vai trazer de benefícios ambientais?
Munhoz – Em dados concretos, por exemplo no que diz respeito à energia, a  fábrica de Joinville está beneficiando o meio ambiente com 12,6% de redução total de energia em comparação à ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers) – norma norte-americana que é referência mundial para sistemas de energia.
Mais: a GM vai deixar de emitir anualmente 119 toneladas de CO2, obtendo uma redução de 20% no consumo de água potável e reutilizando 26.000 m3 por ano de água, volume equivalente ao abastecimento de 95 casas.
 
FMA – E a questão dos resíduos?
Munhoz – Essa é uma questão importantíssima e que acompanhamos com especial atenção. Mas tem outros programas ambientais além do gerenciamento de resíduos. Posso citar a Gestão ambiental ISO 14.001, gerenciamento químico, gerenciamento de efluentes líquidos, monitoramento de recursos hídricos e monitoramento dos níveis de ruído. Até o sistema de ar condicionado tem eficiência maior em 40%.
 
FMA – Operários dentro da fábrica têm vantagens nas condições de trabalho?
Munhoz – Todo o sistema de sustentabilidade prevê benefícios para o meio ambiente, para o consumidor final e evidente, para os nossos empregados. O ambiente interior conta com luz natural e controle automático do nível de luz artificial, monitoramento da qualidade de ar, além de controle de temperatura e umidade do ar.
 
Reúso da água
 
FMA – Queria voltar numa questão muito abandonada no passado e que hoje é fundamental: o reuso da água…
Munhoz – Boa lembrança. Muito importante esta questão e já adotamos em todas nossas unidades fabris. 
A verdade é que hoje reutilizamos a água e pode acreditar, muitas vezes superior à da água de origem. Isso porque o uso racional da água, a tecnologia de tratamento de água por Osmose Reversa produz uma água de excelente qualidade. A água que descartamos tem baixa salinidade e condutividade e isenta de micro-organismos. 
O sistema permite o reúso de até 19.000 m3 por ano de água. A água tratada com elevado teor de pureza é utilizada para fins não potáveis, como processo industrial, sanitários, irrigação, jardinagem e lavagem de pisos.