Primavera e Dia da Árvore

23 de setembro de 2013

Setembro é o mês da Primavera e do Dia da Árvore no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Então, nada melhor que do lembrar um belo soneto de Augusto dos Anjos.

A ÁRVORE DA SERRA
Augusto dos Anjos
 
– As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho…
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
 
– Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros…  no junquilho…
Esta árvore, meu pai, possui minh’alma!…
 
– Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
 
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
 
 
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AUGUSTO DOS ANJOS, O POETA TRISTEZA
 
“Vês! Ninguém assistiu ao formidável / Enterro de tua última quimera./ Somente a ingratidão – esta pantera – / Foi tua companheira inseparável!”
(…)
“Toma um fósforo. Acende teu cigarro! / O beijo, amigo, é a véspera do escarro, / A mão que afaga é a mesma que apedreja. “
(…)
Original, mas muito crítico. Quase sempre é amargo e pessimista. Sua poesia tem a marca da solidão e pela teratologia  (Ciência que estuda as deformidades orgânicas) exacerbada, por imagens de dor, horror e  morte.  Chega a reduzir a vida a combinações de elementos químicos, físicos e biológicos
Eu, filho do carbono e do amoníaco,/ Monstro da escuridão e rutilância,/ Sofro, desde a epigênese da infância,/ 
A influência má dos signos do zodíaco. 

 

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CRONOLOGIA
• 1884 – Nasce no Engenho de Pau d’Arco, hoje município de Sapé-PB.
• 1907 – Forma-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco.
• 1908 – Dedica-se ao magistério sendo professor do Liceu Paraibano.
• 1910 – Casa-se com Ester Fialho e no mesmo ano transfere-se para o Rio de Janeiro onde foi professor na Escola Normal e no Colégio Pedro II.
• 1912 – É publicado seu único livro “EU”. O livro foi republicado em 1919 com um novo título: “Eu e outros poemas”.
• 1913 – Transfere-se para a cidade mineira de Leopoldina para ser diretor do Grupo Escolar.
• 1914 – Aos 30 anos, falece em Leopoldina no dia 12 de novembro. 
 
Augusto dos Anjos é patrono da cadeira número 1 da  Academia Paraibana de Letras, ocupada hoje pelo jornalista e escritor José Nêumanne Pinto. O poeta também é patrono da  Academia Leopoldinense de Letras e Artes.
 
 
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Lembrando 
Augusto dos Anjos
 
“Ah! Dentro de toda a alma existe a prova de que a dor como um dardo se renova quando o prazer barbaramente a ataca…”
 
“Que ninguém doma um coração de poeta!”
 
“De onde ela vem?! De que matéria bruta / Vem essa luz que sobre as nebulosas / Cai de incógnitas criptas misteriosas / Como as estalactites duma gruta?!”
 
A Esperança não murcha, ela não cansa, / Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença, Voltam sonhos nas asas da Esperança.
(…)
E eu, que vivo atrelado ao desalento, / Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da Morte a me bradar; descansa!