Serra da Capivara: os brasileiros com mais de 50 mil anos

Parque Nacional da Serra da Capivara

23 de setembro de 2013

Razões para fazer turismo arqueológico no Piauí

O potencial turístico da região é imenso por isso é a grande vocação econômica para dar emprego e melhorar a renda 
 
 
A região abriga, na verdade, dois parques: além do Parque Nacional Serra da Capivara, há também o Parque Nacional Serra das Confusões. Ambas com paisagens e lugares deslumbrantes, que há anos fascina quem chega lá. Ali está uma das maiores densidades de sítios arqueológicos com arte rupestre do mundo, com figuras e desenhos de beleza impressionante e grande qualidade artística. São vários sítios arqueológicos e paleontológicos preservados, que recebem visitas e são motivo de estudos por especialistas. Tudo isso possui uma beleza extraordinária para qualquer turista.
 
 
Museu do Homem
No centro das pesquisas está a Fundação Museu do Homem Americano, a Fumdham (www.fumdham.org.br ), existente desde 1986 e com sede em São Raimundo Nonato, no Sudeste do Piauí. 
É uma instituição científica, filantrópica e sem fins lucrativos, e foi criada por uma equipe de pesquisadores que compunham uma cooperação científica binacional, sob a liderança da antropóloga Niéde Guidon. 
 
 
Andorinhas migratórias
Outro espetáculo da natureza acontece todos os dias ao cair da tarde, na Serra Vermelha, dentro do Parque Nacional. É o espetáculo das andorinhas. Ao lado de uma estrada que corta o planalto no sentido leste-oeste há um vale estreito e profundo com uma enorme quantidade de cavernas. Na hora do por do sol, as andorinhas se reúnem em um ponto específico do céu, bem no alto, ficam dando voltas e voltas até que, de repente, mergulham em alta velocidade entrando pelos grotões para pernoitar nas cavernas. Essas andorinhas vêm do Sul do Brasil durante o inverno, e do Canadá nos meses de outubro a fevereiro.
 
 
Força do turismo
A riqueza arqueológica da região mostra um forte contraste com a situação de pobreza das populações que vivem nos municípios vizinhos. Para a sorte deles, a equipe científica da Fumdham é comprometida em levar o resultado das pesquisas para a sociedade de forma a reverter esses resultados em desenvolvimento para a região.
Os estudos desenvolvidos por especialistas mostram que a melhor opção para alavancar o desenvolvimento regional é mesmo o turismo.  Segundo técnicos e professores especializados, para que essa opção tenha o sucesso que merece, ainda é necessário muito trabalho na infraestrutura e em educação nos municípios que circundam o Parque, com foco na prestação de serviços. Mesmo assim, quando se fala em beleza natural e informação arqueológica, a Serra da Capivara se destaca em relação a outros sítios que existem no Brasil, sendo que nenhum outro mereceu o título de Patrimônio Mundial.
 
Ciclo de conferências com especialistas internacionais
sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara
de 1º. de outubro a 15 de dezembro de 2013
 
Com o objetivo de chamar a atenção para este roteiro ainda pouco conhecido do brasileiro, serão realizados em Brasília, de 1º. de outubro a 15 de dezembro de 2013, duas exposições e um ciclo de conferências com especialistas internacionais sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara. 
Intitulado “Serra da Capivara: os brasileiros com mais de 50 mil anos”, o evento engloba uma exposição museográfica, parte da coleção do Museu do Homem Americano; exposição e produção de cerâmicas feitas pelos moradores das cercanias do Parque (que estarão à venda), e um ciclo de conferências que promoverá as mais atuais discussões sobre arqueologia, turismo, gestão de áreas protegidas, gestão de patrimônio natural e inclusão produtiva de populações vizinhas, entre outros.
O evento acontecerá no Espaço Israel Pinheiro (que fica atrás do Mastro da Bandeira, na Praça dos Três Poderes) e terá acesso gratuito até a lotação do auditório. 
Parceiros envolvidos: Delegação da União Europeia, Fundação do Homem Americano, UNESCO no Brasil, Governo do Piauí, ICMBio, Alemanha, Embaixada da França e Embaixada da Suécia no Brasil e o Espaço Israel Pinheiro, que trabalham com o apoio de outras organizações como o Governo do Distrito Federal e empresas do setor privado.  
 
 
NIÉDE GUIDON
Cientista da arte rupestre
 
Paulista de Jaú, Niéde Guidon se formou em História Natural na USP e há quatro décadas pesquisa um dos mais importantes sítios do mundo em arte rupestre. Ela é a verdadeira guardiã dos tesouros arqueológicos do Parque Nacional da Serra da Capivara. Reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho científico, Niéde Guidon é arqueóloga e doutora pela Sorbonne. Foi o seu trabalho, sua luta e sua dedicação que gerou a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara. Niéde luta pelo seu ideal de tornar a pobre região do Piauí em grande centro turístico. Ela quer mudar o perfil econômico da área com investimentos em turismo e dar ao Brasil um enorme patrimônio cultural. “É inútil falar em proteção ambiental em regiões como São Raimundo Nonato, onde as pessoas estão morrendo de fome, sem criar alternativas de trabalho. Se algo não for feito imediatamente, os sítios serão destruídos, a paisagem degradada e o ecossistema – único na região – será aniquilado”. É por esta luta para impedir a depredação e para criar condições de preservação do parque que Niéde e sua equipe não desistem. Niéde Guidon é guerreira e aprendeu a ser uma legítima sertaneja honorária. É antes de tudo forte. (Silvestre Gorgulho)