REGENERAÇÃO

17 de outubro de 2013

O abate e o renascer das árvores

"A situação imobiliária foi legalizada, mas a reposição florestal não. É a criação de um novo mundo, através da degradação de um velho mundo perfeito."

 

Provavelmente, a mata terá vida mais curta, mas espera-se que haja uma consciência de preservação para que isto não aconteça. Várias árvores encontram-se cortadas em pedaços e abandonadas sorrateiramente entre outros vegetais ali existentes.
Apesar de a legislação diga que, no caso de derrubada de árvores, é preciso haver medidas compensatórias pela parte retirada, nota-se que nenhuma providência a este respeito foi tomada. A situação imobiliária foi legalizada, mas a reposição florestal não. 
É a criação de um novo mundo, através da degradação de um velho mundo perfeito. Cada vez mais se comprova que todo desmatador é um assassino compulsivo, que tem eliminado não apenas as árvores, mas todas as outras espécies de vida que nelas estão agregadas ou são dependentes. 
Embora as matas estejam sofrendo agressões de todos os tipos, as árvores, por força da biodiversidade em que se encontram, desenvolvem meios para se recuperarem naturalmente. Foi o caso observado num dos troncos encontrados. 
As estratégias reprodutivas formam uma etapa crucial do ciclo da vida vegetal. Complexa em alguns casos e desconhecida em outros, muita coisa ainda surpreenderá a humanidade, já que espécies ainda não foram descobertas e outras tantas nunca o serão, devido a sua extinção em consequência dos desmatamentos. 
Comum em algumas localidades, o abate de árvores para servirem de estacas ou postes, mostram um pouco da insensibilidade humana. Não raro, estas peças após um período firmado, voltam a brotar e mostrar sua vontade de sobreviver. 
É uma dádiva da natureza sobrepondo-se à intervenção sem planejamento da raça humana. Parece que na natureza a esperança é imortal e renasce a cada atuação contrária às suas finalidades. 
Os Celtas (povo da raça indo-germânica, cujas grandes migrações se perdem nos tempos pré-históricos) se dedicavam aos estudos das propriedades curativas das plantas e viam nas árvores não só a essência da vida, como também um recurso para prever o futuro. 
O “Horóscopo das Árvores” é atribuído aos druidas (sacerdotes que viveram nas regiões da Gália e da Irlanda durante a Idade Média). 
Ao observarem que as raízes das árvores desapareciam por dentro do solo enquanto seus galhos se elevavam ao céu, passaram a considerá-las como um perfeito símbolo da relação entre o céu e a terra.
Dizem que as árvores são elementos indispensáveis para compreender a cultura dos povos. Com cada exemplar abatido desaparece um pouco da nossa história. 
A visão do tronco ressurgindo uma nova vida me faz pensar se ela poderá sobreviver vigorosa e lecionar ao ar livre, todos os ensinamentos que lhe são cabíveis nesta gleba chamada natureza. A visão da dupla consequência (abate e renascer), talvez desperte na mente de quem as enxerga um exame para o DNA da realidade.