Folha do Meio Ambiente

Quando o Brasil foi descoberto, em 1500, calculam os historiadores e antropólogos que existiam por aqui cerca de 5 milhões de habitantes. Todos, evidentemente, índios. Portugal, o país colonizador, não tinha mais do que 250 mil habitantes. Hoje, Portugal tem cerca de 11 milhões de habitantes, o Brasil beira os 200 milhões e a população indígena ronda um milhão de indivíduos. 

Desses um milhão de índios, o MEC estima que haja cerca de oito mil estudantes indígenas na educação superior. A criação da Universidade Intercultural Indígena está no cerne da discussão que propomos nesta edição pelo Dia do Índio.

Uma universidade sempre foi vista como cenário de liberdade, democracia e participação e por isso, deve respeitar uma iniciativa indígena inédita e que vai marcar para a nova história de nosso País. Mas dá para pressentir que a proposta da criação de uma Universidade Intercultural Indígena parece ameaçar a estagnação do curso superior indígena, pois seria a criação de um espaço cientifico próprio, com orçamento, administração e identidade indígena. 

Fica evidente o medo de algumas universidades que já possuem cotas, bolsas e cursos para universitários indígenas, de perderem esse espaço e consequentemente, orçamentos.

Vale a leitura da matéria nas páginas 7, 8, 9, 10 e 11. 

 

Ainda sobre a Semana do Índio, vale destacar a realização do I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. 

A cidade de Palmas foi a escolhida para sediar os Jogos e agora todos os estudos e planejamento começam a ser construídos para assegurar recursos financeiros e humanos para sua realização. 

Devem estar presentes no I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas cerca de 30 países e 22 Povos do Brasil. As lideranças tribais calculam  numa participação de quase dois mil indígenas a disputarem modalidades em três níveis: de Identidade e demonstrativa (como o futebol de cabeça) a de intercâmbio tradicional como lança, arco-flecha e corrida da tora, mas também o ocidental como o futebol e o beisebol.

A criação da Universidade Intercultural Indígena e a realização do I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas demonstram que os índios do Brasil têm grande capacidade de articulação nacional e internacional para administrar seu próprio destino e para promover seu próprio esporte. 

Universidade e jogos vão gerar uma integração de culturas, de aprendizado.  valores e movimentos de respeito à natureza, ao atleta e ao desporto.  Tanto a celebração, o conhecimento como o lazer trazem ganhos  amplos e coletivos, típicos das primeiras universidades europeias e dos primeiros esportes olímpicos da Grécia antiga.

 

SG