Uma velha árvore

25 de junho de 2014

Rodeadas de sementes e novas mudas, a velha árvore confirma a vitalidade de sua futura geração.

"O mundo é grande demais para que qualquer pessoa consiga preencher seus espaços em apenas uma existência"
 
Visualizo, na reserva permanente atrás da nova moradia, árvores típicas que contribuem para dar um caráter especial à paisagem. Uma delas, com ramos secos, que se quebram por vezes com a força do vento, indica um próximo evento lutuoso, já que estudos garantem que as árvores estão sofrendo mais com a mudança das condições climáticas, o que faz aumentar a sua taxa de mortalidade.  Uma árvore entre tantas outras, contrastando com o verde da vida ali existente. Uma árvore cujos galhos apóiam-se em outros galhos vizinhos para manter-se ereta, enquanto disfarça sua debilidade. Uma árvore que já foi forte e rígida e, mesmo minguada, sustenta uma porção de outras vidas, que por consequência, asseguram o desenrolar de outras diversidades. 
Embora o visual de sua estrutura esteja abatido, ela ainda se destaca quando da presença de pássaros e flores que teimam ali fazer ponto de descanso ou base de arraigamento. As novas mudas que a rodeiam também confirmam a vitalidade de sua futura geração, pelas sementes germinadas no chão. Triste chamá-la de velha, já que mesmo no seu retrocesso vegetativo, suporta os trâmites do tempo com dignidade, pelo dever cumprido e na felicidade da morte livre de interferência humana. 
Quando ela cair, por consequência natural e não premeditada, um espaço de saudade ficará no meio da mata, mas que será preenchido pela recuperação do equilíbrio ambiental existente. 
Fatores ainda ignorados e pouco apreciados promoverão um tributo a esta forma botânica que forneceu matérias-primas múltiplas durante toda a sua existência e fornecerá para o amanhã, pelos seus elementos regenerativos. 
Uma homenagem que somente os contos de fadas podem configurar e as criaturas florestais realizarem. Ficará, também, um aprendizado correto da vida vegetal que o vento ou outra forma produzida pela natureza levará ao conhecimento humano, para que ele não se surpreenda e nem precise chorar depois. 
Toda árvore, por possuir virtudes de assegurar a sobrevivência humana, deveria ser sagrada e consagrada.