O mascote da Copa do Mundo

AME O TATU-BOLA

27 de agosto de 2014

Esqueça o Fuleco e ajude a conservar essa linda espécie e seu habitat: Caatinga e Cerrado

 
Carta do paisagista CARLOS FERNANDO DE MOURA DELPHIM
 
Recebi ontem a Folha do Meio Ambiente e fiquei muito feliz com a matéria sobre o tatu-bola. Gostaria de falar-lhe alguma coisa sobre esse animalzinho, tão merecidamente lembrado para ser símbolo da Copa do Mundo.
 

Não suporto futebol, acho que nem sou deste planeta, mas finalmente achei algo de agradável neste esporte  ruidoso: a escolha do mascote. Um bichinho tão infausto quanto foi o resultado da Copa para os brasileiros, como mostrou a reportagem com o belo texto de Ana Miranda. Como não como carne, não gostei do comentário que ela fez sobre sua carne cozida ou frita na manteiga. Nunca entendi quem diz gostar de carne de tatu por ser parecida com galinha. Por que não comer então carne de galinha em vez de matar uma criatura tão adorável? 
Também nunca gostei quando alguém chama as   “árvores” de “madeira” e os “bichos” de “caça”.
Bem, o que queria é fazer uma pergunta sobre o tatu-bola. Por que quem escolheu um bicho tão lindo, com um design tão perfeito, não lhe conservou o tão sonoro  nome de tatu-bola?
Olha que nome lindo, tatu-bola! Um nome que podia ter sido patenteado – soa tão bem como Coca-Cola e outras marcas registradas – e ser mais sucesso de venda que quer que adotasse tal nome. Como é o nome que lhe deram? Fuleco? Parece furreco, que nome reles para tão nobre criatura. 
Somos não apenas nossas pessoas, mas também nossos nomes. Nossos nomes nos substituem. Na Colúmbia Britânica, quem pedisse dinheiro emprestado a alguém, perdia o direito de usar seu próprio nome, tinha de arrumar outro e só recuperava o nome verdadeiro quando saldasse a dívida.
Você se chama Silvestre, não será por isto que defende a vida silvestre?
Lembro-me de uma história infantil de um bicho que perguntava aos outros bichos como se chamavam. Se achasse o nome feio, devorava o infeliz. Era tudo ritmado, quando o lobo disse seu nome, Lobo probo, o comilão exclamou: -Lobo probo, que nome mais feio! E pluft! engoliu o pobrezinho.
Que nome mais feio, Fuleco! Que lindo nome, tatu-bola. Tão perfeito quanto o próprio tatu-bola! Assim como se diz:
– Beba Coca-Cola! Poderíamos dizer doravante:
– Ame o tatu-bola! 
E ajude a conservar essa linda espécie como também seu habitat: a Caatinga e o Cerrado!
 
 
Carlos Fernando de Moura Dephim
cfmd@oi.com.br 
Rio de Janeiro – RJ