EXPEDIÇÃO LANGSDORFF - PARTE 11

A DESCIDA DO RIO JURUENA

23 de setembro de 2014

A viagem da expedição é uma aventura. A transposição de cachoeiras é uma aventura. A sobrevivência é um aventura. E tantas aventuras também atingem a mente poderosa do velho Cônsul Georg Heinrich von

“Estamos há dois ou três dias em terra firme, na margem esquerda do Juruena, a caminho de Santarém. (…) Acredito que poderemos partir logo para Santarém, onde vou esperar por Riedel. (…) Nossas provisões estão minguando a olhos vistos, o que nos obriga a apressar a viagem. Ainda teremos de transpor cachoeiras e vários locais perigosos do rio. Se Deus quiser, prosseguiremos viagem hoje. As provisões estão acabando, mas ainda temos pólvora e chumbo”. 
Langsdorff
 
 
Bicho-preguiça na expedição
 
No dia 23 de abril, a expedição entra no rio Juruena. Um bicho-preguiça, o  ‘aí’ ou ‘aígue’  dos indígenas – nome de origem onomatopaica – que atravessa o rio é apreendido e incorporado à tripulação. À noite, é amarrado a uma árvore, mas na manhã seguinte, desaparece sem deixar vestígio.  No Juruena, outra maloca dos Apiacás com cerca de 100 índios propicia a Florence novas observações: “Entre o homem e a mulher, há casais tão duradouros como a vida. A mulher não é escrava como entre os Bororos; sua fisionomia é prazenteira, seus modos afáveis. Não vi vestígio algum de poligamia. Entre eles, como nos povos civilizados, há mulheres que não pertencem a ninguém, com esta diferença, porém, que não tendo essas nem vestidos, nem artifícios, deixam patentes às vistas o funesto presente da sífilis que lhes inocularam os estrangeiros. Entre os Apiacás reina a maior igualdade: nossa camaradagem, acostumada ao estado da civilização, no qual por toda a parte se depara um superior, julgava ver um cacique em cada índio apessoado; entretanto não notei que gozasse de mais distinção do que os outros, nem deles recebesse a menor mostra de obediência. 
 
 
Habitação dos Apiacás no Juruena. Ilustração de Florence.
 
 
Na grande maloca, o cônsul negocia com um “índio moço e bom de gênio” e Florence reforça sua simpatia: “Esse índio formava com a mulher um par ditoso. A cada momento estavam a brincar e a fazerem-se festas um ao outro. (…) Os bens dos Apiacás são em comum. (…) De seu não tem o Apiacá senão arco, flechas e enfeites. Tudo entre eles é simples, nada, portanto, repelente. Vão nus; também nunca vestem farrapos nem roupa suja remendada. Seu corpo está sempre limpo, dispostos pela nudez em que vivem a se atirarem por qualquer coisa à água”. 
No final de abril, encontram uma monção que sobe o rio vindo de Santarém e um comerciante, velho conhecido de Diamantino, atacado de febre, “arrastou-se até a barraca do Sr. Langsdorff com os olhos rasos d’água e a palavra cortada de suspiros e soluços, contou-lhe seus sofrimentos e a extrema fraqueza a que em pouco tempo chegara, exprimindo no rosto, subitamente radiante, a alegria que experimentava do inopinado encontro por poder receber socorros e medicamentos”, anota Florence. 
Os piuns, ”insetos alados também chamados mosquito-pólvora”, ‘mosquitinho-porva’ na linguagem cabocla, “pois seu tamanho não excede o de um grão de pólvora” e os borrachudos martirizam os que se aventuram em seus domínios: “Por toda a parte víamo-nos cercados de nuvens desses malfazejos bichinhos, entrando-nos pelos olhos, nariz, orelhas e boca, na hora da refeição. Malgrado o excessivo calor, cobríamo-nos todos, e ainda assim era preciso estar agitando o dia inteiro um pano ou um espanador de penas para afugentá-los. Com a noite, desaparecem, mas voltam, mal raia a madrugada, para recomeçarem a diabólica tarefa”.
 
Cachoeira de São João da Barra, no rio Juruena.   Ilustração de Florence.
 
 
Transporte de um maleitoso por rede.  Desenho de Florence
 
Na transposição da cachoeira de São João da Barra, no rio Juruena, pela primeira vez o Cônsul e Rubtsov são transportados por rede. 
 
 
Florence testemunha um quase desastre
 
Planta do Salto Augusto. Página original do diário de Florence.
 
No Salto Augusto, o batelão não consegue executar a manobra de abicar na margem antes da cachoeira e o desastre fatal é por pouco evitado. O susto e a adrenalina revigoram as forças dos dois homens da proa e Florence, à espera na margem oposta, testemunha que os barqueiros remam “com tanta energia que (…) conseguiram alcançar a margem em que estávamos umas quarenta braças abaixo. Há quatro anos nesses mesmos lugares dera-se um lamentável sucesso, salvando uma criança de 14 anos sua vida por um rasgo de admirável coragem. Uma monção que subia o rio, tinha já terminado não só todos os trabalhos do Salto, mas ainda as penosas manobras peculiares a essa margem que se adianta em curva sobre a catarata. Essas manobras, ditadas pela prudência e que exigem as maiores precauções ao subir-se o rio, consistem em ter um número capaz de homens colocados em terra a fim de puxarem por um cabo a embarcação, na qual vão duas ou três pessoas para a governarem até atingir-se um ponto onde não há mais perigo e que é justamente aquele em que nos achávamos. Todas as canoas tinham já transposto esse trecho perigoso; só faltava um batelão, no qual vinham dois homens e o tal menino de 14 anos de idade. Partiu-se a corda quando puxava-se esse batelão, e a corrente de rojo o impeliu para o Salto. Os pobres coitados iam da proa à popa sem saberem o que fazer e, vendo a morte iminente, levantaram as mãos para os céus gritando misericórdia. Pilotos encanecidos nos perigos dessa travessia ao testemunharem tal desgraça perderam os sentidos. Entretanto o menino, vendo de longe na crista do Salto um arbusto balançado pelas ondas, atirou-se a nado e agarrou-se aos ramos, enquanto seus infelizes companheiros e o batelão eram precipitados no fundo do abismo. Com toda a pressa trataram de amarrar cordas umas às outras; correram ao longo da margem até o ponto mais chegado e daí largaram uma canoa retida por cabos e tripulada por dois intrépidos homens. O menino foi salvo!”
Florence descreve o salto e desenha algumas vistas. Abaixo do Salto Augusto, a expedição faz pouso: “Perto demorava um cemitério onde, no ano passado, haviam sido enterradas 40 pessoas, vítimas das sezões que atacam os viajantes dessas insalubres correntes. Aí foi plantada uma cruz de 20 pés de alto, a fim de colocar essa terra e restos debaixo da proteção religiosa”. 
Na transposição do Salto, Florence anota com desânimo: “Em 34 pessoas, não havia senão 15 de saúde, e entre essas, só 8 tinham escapado até então das sezões”. 
Desânimo que recebe mais uma dose de desalento com a perda do melhor batelão durante a descida.
 
 
 
O batelão destruído, o corte do tucuri e a confecção da canoa. Desenhos de Florence.
 
Florence verifica que a madeira do tucuri é dura e quebradiça e “se eleva acima de qualquer outra e cujos ramos e espessa folhagem coroam um caule reto como uma coluna, e de grossura a não poder ser abarcada por cinco homens, dá um fruto das dimensões de um coco da Bahia. O envoltório é ainda mais rijo. Precisa saber manejar um machado quem o abrir, e só é possível parti-lo em círculo, lançando mão de uma serra. Dentro acham-se quinze ou vinte nozes: estas, também com casca muito dura, encerram uma amêndoa, coberta de uma película pardacenta que dificilmente se destaca, mas que esbrugada tem gosto agradável, embora seja muito oleosa. O tucuri é de grande socorro para o índio e o viajante. Carrega extraordinariamente, e cada côco basta para fartar um homem. Esta árvore, dando frutos tão pesados e em grande altura, não deixa de inspirar fundado terror aos que passam por baixo dela. De fato a queda de uma
 

Ilustração do tucuri, tocari ou
ainda castanheira-do-pará. Publicada pela Scientific American, junho de 1887.
 
 
daquelas pinhas na cabeça de um homem o derrubaria sem sentidos. Os animais que dela tiram o sustento, às pressas agarram o primeiro fruto que encontram e vão se safando com ligeireza para o comerem sem receio. (…) Quando a camaradagem ia trabalhar na canoa, atravessavam com cautela a mata e, se havia vento, punham-se todos a correr. Eu mesmo pouca confiança tinha no meu chapéu de palha do Chile e no capote, pois não impediriam que sentisse doloríssima pancada na cabeça ou no ombro, receios tanto mais justos quando ouvia e via cair à direita e à esquerda muitos deles”.
Sob ruidosos protestos, a interferência humana coloca abaixo gigantes de vários séculos: “A árvore que derrubaram arrastou outras na queda, causando estrondoso ruído, cujo eco nessas solitárias paragens prolongou-se muito ao longe”.
Florence atesta que o Sr. Langsdorff, desde Diamantino, estava ansioso por conhecê-la, certamente motivado pelo relato de Humboldt: “Pelo que dizia, era árvore quase desconhecida na Europa, tendo tido muito expressas recomendações de sábios para colher todas as informações possíveis a seu respeito”. O cônsul satisfaz sua curiosidade e anota: “Hoje eu vi um tocari de 200 palmos de altura até os galhos. Foi dessa madeira que mandei fazer a montaria (canoa) e acho que ficará pronta amanhã. É uma bela canoa! Um único tronco dá para fazer mais uma ou duas”.
 
 
 
Fome, doenças e sem noção do tempo
 
Langsdorff anota consciente, em meados de maio: “Graças à ajuda de Deus, ainda estou vivo e posso pegar na pena. (…) Em vez de um diário de viagem, preciso escrever, isso sim, uma história de doenças. (…) Desde o dia 24 de abril tenho estado, dia e noite, praticamente inconsciente, em torpor, tendo sonhos fantásticos. Tenho apenas alguns minutos por dia de consciência, que aproveito para preparar ou mandar preparar os remédios que julgo apropriados para o meu caso. Fui acometido de uma febre intermitente maligna e irregular e tinha que recorrer a vomitivos e purgantes. (…) Todos à minha volta estão doentes; apenas Florence está em condições de escrever o diário, que vou incorporar ao meu. (…) Ainda estou fraco e ninguém sabe dizer em que dia da semana ou do mês estamos”. 
A demora de 11 dias na confecção da canoa exaure completamente a energia que “os caldos dos coatás e barrigudos, duas espécies de macacos aí muito numerosos, sem dúvida em razão dos frutos do tucuri”, não conseguem repor.
No Juruena, Florence desenha e faz um mapa do Salto Augusto. O encontro com os índios Munducurus é providencial: “Debaixo do braço, trazia um desses índios um caititu assado e embrulhado em folhas secas. A vista de manjar, que tinha cara de ser excelente, acordou-me o apetite modificado uns dias atrás pela moléstia. Pedi-o ao índio que prontamente me cedeu. Com a mesma satisfação saborearam-no os Srs. de Langsdorff e Rubtsov, ainda, mais faltos de apetite do que eu. Sem sal, sem tempero algum, achamos esse assado suculento, provindo a excelência do modo por que os índios o preparam. Embrulham-no em folhas e, espetado em cumprido pau, fincam-no em terra à distância calculada do fogo, conforme é o calor mais ou menos intenso. Coze tão lentamente que são necessários até dois dias, mas dessa maneira torna-se a carne mais tenra, conservando-lhe as folhas o caldo e preservando-a da fumaça”.
 
Visita dos Munducurus no acampamento do Tucurizal e a degustação do providencial caititu. Desenho de Florence.
 
 
‘Indien Mandurucu, fait prés du Salto Augusto…’ Ilustração de Florence, maio de 1828
 
 
 
Guia pilantra ou índios espertos?
 
Florence se lembra da bagagem deixada no Salto Augusto e envia o guia acompanhado de seis homens para resgatá-la. Mas os munducurus sentiram-se no direito de cobrarem o caititu assado e “por lá já haviam passado, tendo desaparecido a farinha de milho, objetos de ferraria, os arcos e as flechas com que nos haviam presenteado os Apiacás, uma rede de pescar e outros objetos”.  Florence fica em dúvida se não foi o guia o autor da coleta. 
Deixam o tucurizal depois de 12 dias gastos na feitura da canoa. A expedição em frangalhos encontra-se com outra expedição comercial, em estado semelhante. Oito tripulantes em uma canoa pertencente “a três negociantes que haviam deixado para trás suas monções, impacientes por se libertarem dos sofrimentos que vinham aturando e também se furtarem às insolências e insultos dos camaradas, gente que, uma vez no sertão, perde todo comedimento, chegando a ponto de arrombarem os caixões à vista dos próprios donos e sem rebuço (escrúpulo), sacarem garrafas de vinho e aguardente para se embebedarem, acrescendo chufas (zombarias) grosseiras a tais desmandos. Nossa marinhagem fazia-nos, é certo, alguns furtos de pequeno valor, mas nunca nos faltara com o respeito devido e, isso pelo receio que lhes inspirava o cônsul, o qual desde o princípio mostrava-se severo com ela”.  
Florence e Langsdorff não têm mais noção do tempo e os negociantes em ‘lastimável estado’ declaram que estão no dia 20 do mês de maio.
 
Langsdorff perde de vez a memória
 
Langsdorff escreve, por fim, antes que sua mente se rebelasse definitivamente contra seu corpo debilitado: “Estamos há dois ou três dias em terra firme, na margem esquerda do Juruena, a caminho de Santarém. (…) Acredito que poderemos partir logo para Santarém, onde vou esperar por Riedel. (…) Nossas provisões estão minguando a olhos vistos, o que nos obriga a apressar a viagem. Ainda teremos de transpor cachoeiras e vários locais perigosos do rio. Se Deus quiser, prosseguiremos viagem hoje. As provisões estão acabando, mas ainda temos pólvora e chumbo”. 
Foram suas últimas palavras lúcidas. Hercule Florence assume o comando da Expedição e registra: “Nesse lugar foi que manifestou-se o estado desastroso em que caiu o senhor de Langsdorff; isto é, a perda de memória e uma perturbação das idéias, em conseqüência do excesso das febres intermitentes. Esse estado, do qual ele não mais se restabeleceu durante todo o tempo que continuei a estar com ele, nos forçou a seguir para o Pará, e a regressar ao Rio de Janeiro, terminando, assim, uma viagem cujo plano era tão vasto antes dessa desgraça, que devíamos subir o Amazonas, o rio Negro, passar ao Orenoco pelo canal natural de Cassiquiare”.

 
 
 
Cachoeiras criminosas…
Logo a noção do tempo é perdida novamente. O combalido Florence perde a conta de quantas e como as várias cachoeiras são transpostas. 
Segundo Florence, “na enérgica expressão de nossa gente, nessas paragens todas as cachoeiras são criminosas, isto é, nelas se têm dado sinistros”. 
A veracidade da expressão é logo posta à prova, depois de passarem pela cachoeira de São Rafael. A canoinha com três tripulantes, um deles o Joaquinzinho, um negro e bom caçador que acompanhava a expedição desde Itu e conquistara a afeição do cônsul, não se reúne às outras “no porto inferior, à margem esquerda. Supusemos então que naufragara num canal apertado e revolto que separa duas ilhas e que os três homens que tripulavam se salvaram nas margens. Como a escuridão era intensa, não podíamos subir a corrente à procura deles sem nos arriscarmos também; limitamo-nos, pois, a tocar toda a noite buzina, para avisarmos àqueles infelizes que não estávamos longe. De manhã embarcamos eu e mais o guia e três camaradas a fim de indagarmos de seu destino e fechamos a cachoeira com dificuldade. Enquanto trabalhavam os remadores, eu dava tiros de espingarda e tocava buzina; ninguém respondeu. Chegados a São Lucas, onde tinham sido vistos e ficando os sinais sem resultados, voltamos ao ponto de onde saíramos contristados com a inutilidade de nossos esforços. O Sr. Langsdorff se mostrou muito aflito com tudo isso”.
 
 
Canal do Inferno e a Cachoeira da Misericórdia
As cachoeiras se sucedem e, pelos nomes anotados por Florence, cada transposição por si só constitui uma aventura: Canal do Inferno, cujo estrondo ao longe ecoa e onde uma monção constituída de quatro canoas proveniente de Santarém cruza com a expedição. 
Cachoeira da Misericórdia, nome que evoca a necessidade de proteção extra em sua transposição. Na cachoeira de São Florêncio, segundo Florence das maiores cachoeiras transpostas, nova monção com mais de 50 pessoas em sete canoas segue Juruena acima. Esses encontros eram desagradáveis “pois o guia e os pilotos descuidavam demais de seus deveres”. 
Durante o pouso, “à entrada do mato, à esquerda, dormia nossa camaradagem. Saindo da barraca de madrugada, achei todos eles sentados na rede e tolhidos de medo. Perguntei-lhes a causa e disseram-me que não haviam toda a noite pregado o olho, por isso que desde meia-noite lhes tinham sido atiradas pedras da outra margem que caíam à direita, à esquerda, nas árvores e no chão. Ora, a margem de lá fica numa distância tripla da que poderia alcançar uma pedra jogada por braço de um homem, o que mostra a que ponto chega a superstição dessa gente”. 
 
Descida de uma corredeira. Desenho de Florence.
 
 
Acampamento em São Florêncio.  Desenho de Florence.
 
 
 
 
DO RIO JURUENA AO SAMBÓDROMO: 
UMA TRAJETÓRIA SURREAL
 
Há exato um ano (outubro de 2013) a Folha do Meio Ambiente publicou a primeira reportagem sobre a Expedição Langsdorff. Assim a série foi apresentada: “As expedições de Langsdorff por terras brasileiras têm todos os ingredientes dos melhores filmes: aventura, intrigas, traição, mortes, mistério e um pequeno romance”. A contratação de Hercule Florence acrescentaria mais um componente cinematográfico: o ‘storyboard’, desenhos esquemáticos que permitem visualizar a dinâmica de uma situação. Florence, sempre criativo e inovador. A Expedição caminha para seu final melancólico. Mas a aventura continuaria por décadas. O acervo coletado teria de sobreviver a intrigas na Academia de Ciências da Rússia e ao cerco de Leningrado, nome de São Petersburgo de 1924 a 1991, durante a Segunda Grande Guerra. Até, numa reviravolta surreal, ser tema de samba-enredo e do desfile da Escola de Samba Estácio de Sá, em 1990. 
Na próxima edição, Hercule Florence, 24 anos, assume as tarefas de recompor a Expedição, anotar o diário, fazer ilustrações e organizar a viagem de volta ao Rio de Janeiro.