Pelo Brasil

#SOSJuruena

23 de setembro de 2014

Duas hidrelétricas cobrirão 40 mil hectares de áreas protegidas

A belíssima cachoeira do Salto Augusto, no rio Juruena, localizada dentro do Parque Nacional. Segundo indicação de Hercule Florence, que acompanhava a Expedição Langsdorff, em 1825,  “a designação desta grandiosa cachoeira foi dada pelo português Thomas França, em homenagem a Carlos Augusto de Oyenhausen, que durante a descoberta desta cachoeira era o capitão-mor da Província de Mato Grosso”. 

 

O Parque Nacional do Juruena corre perigo. Este importante patrimônio brasileiro pode ser inundado. Sim, está em jogo a decisão permitir a construção das usinas hidrelétricas de São Simão Alto e Salto Augusto Baixo, nos estados do Amazonas e de Mato Grosso, reduzindo uma importante área do Parque Nacional do Juruena e demais áreas protegidas. A inundação cobriria 40 mil hectares de áreas protegidas.

Segundo informações do WWF-Brasil, no dia 24 de junho de 2014, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do Ministério de Minas e Energia (MME), realizou uma reunião a portas fechadas, sem qualquer participação da sociedade civil. A expectativa era de que o órgão declarasse como de “utilidade pública” parte do Parque Nacional do Juruena, o que seria o primeiro passo para permitir a construção das usinas hidrelétricas de São Simão Alto e Salto Augusto Baixo nos estados do Amazonas e de Mato Grosso, reduzindo uma importante área do Parque Nacional do Juruena e demais áreas protegidas.
Um abaixo-assinado ao governo federal visa impedir a construção destas barragens que, além das populações locais, irão afetar a sobrevivência de 42 espécies de animais ameaçadas, ou que só existem naquela região, colocando em risco as corredeiras do rio Juruena e inviabilizando processos ecológicos vitais para peixes migratórios, por exemplo.
“Quando uma espécie de pássaro ou de planta morre, ela acaba para sempre. Não há ciência que permita que ela seja recuperada. No caso de um Parque como o Juruena são dezenas de espécies que só existem e são protegidas pelo Parque. Mesmo que o Juruena seja muito longe de São Paulo ou Brasília, o Parque tem dentro dele um acervo de cada brasileiro, que se for perdido não vai ser recuperado, nem assumido por outra unidade de lugar nenhum”, avalia Jean Timmers, superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.
 
Parque do Juruena – Criado em junho de 2006, o Parque Nacional do Juruena, situado ao norte do Mato Grosso e sudeste do Amazonas, é o quarto maior parque nacional do país, com quase 2 milhões de hectares, uma área equivalente ao tamanho de Israel. Além disso, a unidade de conservação (UC) é parte do maior sistema de rio do país (Bacia do Tapajós), possuiu a maior diversidade e produtividade de água doce do planeta e ocupa uma posição estratégica no chamado Arco do Desmatamento.
“A única solução que nós vemos é a não construção dessas hidrelétricas no Parque. Não somos contra o desenvolvimento do país e a geração de energia elétrica, mas sim contra a falta de clareza e transparência pelos quais os processos são desenvolvidos”, explica Jean. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) fez o comunicado de forma unilateral, sem um debate amplo e democrático quanto a alternativas, fontes variadas para a geração de energia, e sem consulta aos impactos que serão causados na área protegida e nas comunidades em seu entorno.