ARARA-DE-LEAR: ESPERANÇA DE VOLTA

22 de outubro de 2015

Arara-de-lear tem primeira reprodução em cativeiro no Zoológico de São Paulo

A arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) é considerada ameaçada de extinção e tem uma população de menos de 1.300 indivíduos concentrados na região noroeste do estado da Bahia. Assim, as iniciativas de conservação se concentram em manter o crescimento populacional da espécie, garantindo e incrementando a qualidade do habitat e envolvendo as comunidades de sua área de ocorrência na conservação da ave. Isso inclui o monitoramento da espécie em vida livre, o combate ao tráfico, a diminuição dos conflitos resultantes de ataques pelas araras a plantações de milho na sua área de ocorrência e a reprodução em cativeiro.
Daí que o esforço dos técnicos ultrapassou o simples combate ao tráfico e ao monitoramento para encontra na ciência uma forma de reprodução em cativeiro. E, no mês de abril, o Parque Zoológico de São Paulo anunciou o primeiro o nascimento em cativeiro de uma arara-azul-de-lear. É o primeiro registro no Brasil. 
Para o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) isso representa um grande passo para o manejo da espécie em vida livre. Segundo a médica veterinária e analista ambiental do Cemave, Camile Lugarini, o nascimento do animal em cativeiro também demonstra o comprometimento dos mantenedores da arara-azul-de-lear no Brasil para a conservação da espécie.
A arara-azul-de-lear vive em bandos e utiliza para descanso e reprodução os paredões rochosos de arenito-calcário localizados em dois sítios protegidos, a Serra Branca, localizada na região sudoeste da Estação Ecológica (ESEC) do Raso da Catarina, no município de Jeremoabo; e a Toca Velha na Estação Biológica de Canudos, de propriedade da Fundação Biodeversitas. Para médica veterinária Camile Lugarini, a reprodução em cativeiro tem o objetivo de melhorar os índices genéticos de uma população localizada no Boqueirão da Onça e também ajudar no monitoramento da Estação Ecológica do Raso da Catarina, onde a espécie se reproduz nas cavidades naturais dos paredões rochosos de arenito-calcário.
ALIMENTAÇÃO: Sementes de palmeira licuri (Syagrus coronata), flores de sizal (Agave sp), frutos de pinhão (Jatropha pohliana) e umbu (Spondias tuberosa), baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl) e mucunã (Dioclea sp.). Quando a escassez de alimento é grande, as araras se alimentam de milho plantado pela população local. Em 2006, sob a coordenação do IBAMA, a Parrots International (www.parrotsinternational.org) e a Fundação Lymington começaram um programa de ressarcimento do milho para a população que teve a plantação atacada pelas araras.
STATUS: Até o ano de 2008 encontrava-se na categoria criticamente ameaçada, sendo incluída no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) e na Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA 2003). Após a verificação de que sua população havia alcançado o número de 960 indivíduos, foi considerada como espécie “Em Perigo” de acordo com os critérios do CITES. 

Projeto ararinha na natureza busca a sobrevivência da espécie 

 

As araras são encontradas na Bahia, especialmente na Reserva Ecológica do Raso da Catarina e na Reserva Biológica de Canudos. Sua área de distribuição histórica incluía outros municípios como Campo Formoso, Euclides da Cunha, Uauá, Jeremoabo, Canudos, Sento Sé e Paulo Afonso.