Cartas
16 de dezembro de 2015[email protected]
SOS RIO DOCE
O que era doce se acabou. Os resultados divulgados das análises feitas pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), mostram uma quantidade maior do que o permitido de metais pesados, como arsênio, cadmio, chumbo, mercúrio, cobre, cromo e níquel nas águas do rio Doce. As amostras vieram de 13 pontos diferentes do rio.
Valores acima do permitido de cobre e de mercúrio, que são altamente tóxicos, só foram encontrados em um ponto. Como a extração de minério não utiliza mercúrio, esses metais podem não ter ligação com o rompimento das barragens, mas com garimpos clandestinos.
Todos municípios ribeirinhos do rio Doce exigem uma presença constante de técnicos da Saúde e do Ministério do Meio Ambiente.
Cleber T. Filho – Belo Horizonte – MG
PATRIMÔNIO PERDIDO
Dado importante. Não são apenas as águas que estão sendo poluídas pelo rompimento da barragem da Samarco. O rompimento das barragens destruiu também patrimônio histórico em Minas. O desastre tirou do mapa Bento Rodrigues, lugarejo que surgiu no século XVIII como uma das primeiras unidades mineradoras em Minas Gerais.
Além das mortes, desaparecidos e dano ambiental causados pelo rompimento das duas barragens de rejeitos da mineradora, a tragédia também acabou com um patrimônio histórico. A Igreja de São Bento, padroeiro do lugarejo, foi arrasada pela lama. Tem também muita gente que perdeu documentação e valores pessoais em dinheiro, fotografias, quadros e lembranças de família.
Humberto – Mariana-MG
VALE, doadora de campanhas políticas
Parlamentares que receberam doação da VALE para a campanha política articulam uma “proteção” para a doadora. A verdade é que nas eleições do ano passado, uma ‘legião’ de deputados, senadores e governadores Brasil a fora recebeu grana da VALE, dona da Samarco, culpada pela tragédia de Mariana. A relação é grande. Espírito Santo: os deputados Givaldo Vieira, Lelo Coimbra e Paulo Foletto, e os deputados estaduais Guerino Zanon, Janete de Sá, Rodrigo Coelho, José Carlos Nunes, Gildevan Fernandes, Luzia Toledo e Bruno Lamas. Na comissão criada na Câmara, em Brasília, tiveram gastos de campanha bancados por empresas ligadas à VALE, os deputados Laudívio Carvalho (PMDB-MG), Gabriel Guimarães (PT-MG), Leonardo Monteiro (PT-MG), Paulo Abi-ackel (PSDB-MG), Rodrigo de Castro (PSDB-MG), Paulo Foletto (PSB-ES), Eros Biondini (PTB-MG), Mário Heringer (PDT-MG), Subtenente Gonzaga (PDT-MG), Fábio Ramalho (PV-MG), Brunny (PTC-MG), Givaldo Vieira (PT-ES) e Lelo Coimbra (PMDB-ES).
Amigos do rio Doce – Linhares – ES
MALEFÍCIO DOS MINERODUTOS
A prefeitura de Viçosa, na Zona da Mata mineira, revogou todos os atos administrativos que autorizavam ou davam parecer favorável à passagem do mineroduto da Ferrous pelo município. “No decreto, o prefeito Ângelo Chequer alega que o empreendimento causará ‘inúmeras interferências’ ao meio ambiente, com destaque para o prejuízo aos mananciais”.
Vejo que, aos poucos, vão-se descobrindo os malefícios de um meio de transporte de minério de ferro – o mineroduto – que, se deixado por conta exclusiva do mercado, sem atenção às questões ambientais, dominará esse setor no Brasil. Pois, indiscutivelmente, é o meio mais econômico de se transportar minério. Por enquanto, responde por apenas 5% do setor no país. Mas, em Minas, avança impetuosamente.
É aqui que se constrói o maior mineroduto do mundo. O maior mineroduto do mundo liga Conceição do Mato Dentro ao Porto de Açu, no litoral fluminense, e hoje pertence à Anglo American, que comprou o negócio de Eike e vem procurando um sócio, no momento em que começa a transportar o minério, em plena crise de água em Minas e no país.
É em Minas também que surgiu o primeiro desses caminhos fáceis do minério exportado para o mundo e que deixam para o Estado pouco mais que enormes crateras. É o mineroduto da Samarco, do Grupo Belgo-Mineira, que já opera dois minerodutos, com 398 quilômetros de extensão, ligando Mariana a Anchieta, no Espírito Santo, e se prepara para construir um terceiro. Tem feito propaganda, dizendo como cuida bem do meio ambiente…
Empresas que pagam pouco em royalties de minério, com a cumplicidade do relator do novo marco da mineração, deputado Leonardo Quintão, do PMDB-MG, que recebeu doações de mineradoras para sua campanha eleitoral, têm conseguido captar água em rios e aquíferos, sem pagar nada por isso. Tudo em nome do desenvolvimento.
José de Souza Castro
Belo Horizonte – MG
Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto
É interessante saber que se inicia uma reação. Criou-se a Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous. Se for implantado, o mineroduto vai impactar 30 nascentes ou mananciais do ribeirão São Bartolomeu, que abastece 50% da cidade e 100% da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Também vai impactar o rio Turvo Limpo, que é a alternativa de expansão do sistema de abastecimento da cidade. Viçosa vive uma severa crise de abastecimento desde fevereiro e enfrentou até racionamento. O receio é que ocorra em Viçosa, sede da mais importante universidade rural mineira, o que se observa em municípios onde a Anglo American implantou o projeto Minas-Rio. Ou seja, aquele maior mineroduto do mundo.
A expansão dos minerodutos em Minas, de três para cinco, vai levar o Estado a exportar água transformada em lama “em quantidade equivalente a 30,4% do consumo residencial, industrial e comercial de Belo Horizonte”.
Luiz Paulo Guimarães – coordenador Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous
EXPEDIÇÃO LANGSDORFF
Temos alguns amigos que se formaram comigo que querem refazer a Expedição Langsdorff. Temos guardado toda coleção do jornal, pois o material que vocês produziram é de primeira qualidade. Já conseguimos mapas e o material de apoio. Nossa intenção é fazer inclusive um relatório completo e comparação dos desenhos de Florence, Taunay e Rugendas. Tanto das cidades como, se encontrar, de índios. Também da flora e da fauna. O projeto é ambicioso e encantador. Será que vocês aí do jornal conseguem patrocinadores para nos ajudar nos deslocamentos, acampamentos e outras necessidades logísticas? No grupo temos biólogos, jornalistas e desenhistas.
Ênio T. Santos – Campinas – SP
NR: Por favor, mande para nossa redação o projeto completo. Pode ser por email ou pendrive. Quem sabe se fizermos uma matéria vocês poderão conseguir o apoio logístico com mais facilidade? Parabéns pela iniciativa e pela aventura.
MANGUEZAIS
Como em outras partes do Brasil, aqui em Maceió não é diferente. Tanto o litoral norte como da região sul, estão sendo devastadoss com empreendimentos sem pé nem cabeça, simplesmente especulação imobiliária e interesse de políticos. Estão aterrando os manguezais indiscriminadamente, passando por cima da lei ambiental e fazendo crescer o interesse imobiliário e financeiro. Acabar com os manguezais é acabar com os berçários da flora marinha.
José Carlos – Maceió – AL