Cartas

O GORILA DE CINCINNATI

31 de maio de 2016

Zoológico Cincinnati é criticado por matar gorila para salvar criança de 4 anos

O fato do zoológico de Cincinnati ter decidido abater Harambe foi duramente criticado por vários grupos. Uma petição pede que o local e os pais da criança sejam responsabilizados pela morte do gorila. Lançada no último domingo, a petição virtual, que está hospedada no site change.org, já recebeu quase 100 mil das 150 mil assinaturas previstas.

A americana Sheila Hurt defende que os pais da criança sejam processados por negligência. "(…) A situação foi causada por negligência parental e o zoológico não é responsável pelos ferimentos da criança e os possíveis traumas associados ao episódio. Queremos que os pais sejam responsabilizados pela falta de supervisão e negligência que resultou na morte do gorila Harambe", diz a petição.

"Acreditamos que a negligência possa ser um reflexo da situação que essa criança vive em casa. Pedimos que seja feita uma investigação sobre o ambiente familiar do menino e de seus irmãos de forma que novos incidentes de negligência parental resultem em lesões corporais graves ou até morte", acrescenta. 

A seu modo, a verdade é que o gorila foi extremamente protetor do menino. Mas cerca de 130 mil pessoas assinaram diferentes petições no site Change.org sobre o caso. Enquanto alguns culpam o zoológico, outros acham que os pais da criança devem ser criminalmente responsabilizados: "se eles têm essa negligência na rua, imaginem em casa", diz um dos assinantes.

 

 


"A escolha certa foi feita, foi uma escolha difícil. Temos protocolos e procedimentos. Fazemos treinos com a nossa equipe de resposta. Mas nunca tivemos uma situação parecida no jardim zoológico de Cincinnati, em que um animal perigoso precisasse ser abatido em uma situação de emergência".

Thane Maynard, diretor do zoológico


 

REPERCUSSÃO NAS REDES SOCIAIS

A repercussão nas redes sociais foi imediata. Os ambientalistas defendendo o trabalho dos zoológicos do mundo inteiro e outras pessoas pedindo o fim dos zoológicos, preferindo que os animais vivam em seu habitat natural.

 

O GORILA OU A CRIANÇA

“Coitado do Gorila, uma vida a serviço da curiosidade humana. Mas vendo as imagens, percebemos que realmente não tinha como esperar tranquilizante fazer efeito, um bicho daquele tamanho, brincando, ia fazer paçoca do menino. E culpar os pais ou o zoológico não vai mudar o que já aconteceu. Criança, a gente pisca e já faz besteira.
E eu sou da turma que prefere lamentar a perda do Gorila do que de uma criança, desculpa aí.”

Edilmara Santiago – São Lourenço – MG

 

GORILA DE CINCINNATI

“Sobre o gorila Harambe, que foi cruelmente abatido num zoo de Cincinnati, USA. Desde criança nunca gostei de Circo, aliás, não gosto de ver animal servindo de diversão para humano. Retiram da selva e fazem adestramento bem nos moldes da experiência de Skinner com ratos, chamada de condicionamento operante, onde o animal é privado do alimento e após atender ao comando, recebe a comida como prêmio.

Fui duas vezes ao Zoo, em toda minha vida e fiz um pacto comigo de que não alimentaria essa indústria… afinal, o criminoso se diverte em ver o inocente atrás das grades.

Zoológicos recebem chancela dos governos e praticam as maiores atrocidades com os bichos… retiram um urso Polar das regiões geladas e enfiam em jaulas num calor de 40°c nas cidades tropicais.

Você quer ver um urso de verdade, então vá ao seu habitat e contemple à distância, como ele vive livre na natureza, se alimentando do que caça, bem de acordo com sua cadeia alimentar. Nunca vi um urso Panda a não ser na TV e nem por isso sou frustrada.

Tive a oportunidade de ver alguns animais selvagens, no seu habitat, num safari que fiz na África (Quênia, Tanzânia e África do Sul) em 1994 e não seria menos feliz se não tivesse visto.

Nas touradas, torço sempre pelo touro, pode chifrar à vontade o toureiro e se der, pode matar… um ser cruel desses, que se exibe diante de outro indefeso, não merece viver…quero ver entrar na arena só com a capa, aí estarão em pé de igualdade, toureiro e touro.

Sobre Harambe que foi cruelmente abatido, melhor seria se a mãe, ao invés da criança, tivesse caído na jaula… afinal, o gorila não pediu para ser capturado, levado para um zoológico e ficar ali enjaulado servindo de distração.

Quanto à mãe da criança melhor eu nem dizer o que acho”.

Hélvia Paranaguá – Brasília – DF

 

EFEITO DOS ZOOs NA VIDA DOS ANIMAIS

“Os animais não devem ser expostos dessa maneira, manter zoológicos é sim um crime, embora existam muitos outros crimes contra os animais. Se os leões e o gorila estivessem em um santuário, estariam realmente a salvo e protegidos. A exposição em zoológicos é extremamente estressante para os animais, principalmente os provenientes dos circos. Tentam justificar o injustificável. Culpar a mãe da criança pela má estrutura de um zôo que permite que uma criança de apenas 4 anos acesse a área dos animais é fácil. Difícil é reconhecer o efeito nefasto dos zôos na vida de animais que deveriam ser protegidos e cuidados e não exibidos como mercadoria. Lamentável”. 

Mariana

 

FANATISMO RELIGIOSO-IDEOLÓGICO

“Impressionante como o fanatismo religioso-ideológico dos "animalescos" (me recuso a classificar como defensores de animais criaturas que combatem ações que salvam espécies inteiras) faz questão de ignorar os fatos, provas e evidências aos montes sobre a importância e utilidade de conservação dos bons zoológicos e aquários. Esse fanatismo, de "defesa" do indivíduo animal CONTRA a defesa da biodiversidade e das espécies, é irreconciliável com a conservação da Natureza no mundo real e não pode nem deve ser confundido com esta. Sejam felizes com sua religião animalesca, mas não venham fingir que se importam com a CONSERVAÇÃO, que é outra coisa totalmente diferente”.

José Truda – ambientalista

 

HOMEM EM PRIMEIRO LUGAR

“Entendo e respeito o trabalho de conservação desenvolvido pelos bons zoológicos, contudo o culto a observação de animais selvagens em cativeiro como atrativo público e forma de entretenimento é algo que precisamos superar. Sob vários aspectos a lógica usada para justificar o abate dos animais nessas circunstâncias é desconfortavelmente idêntica àquela utilizada a exaustão pelos ruralistas: o homem em primeiro lugar”.

João de D. Medeiros