Castanha-do-Brasil

Valor agregado à castanha-do-brasil

6 de julho de 2016

A região do Xingu é o primeiro local a receber a certificação

Nas três reservas extrativistas, cerca de 250 famílias estão envolvidas na coleta de castanha, organizadas em cada uma das unidades por associações de moradores. As famílias também trabalham com a produção das farinhas de coco babaçu e de mandioca, óleos de babaçu e de copaíba e extração sustentável da borracha.
 
 
CERTIFICAÇÃO
 
O Xingu é o primeiro local a receber a certificação, mas a iniciativa será ampliada, em breve, para outros territórios no Brasil. Segundo o Imaflora, responsável pelo selo, a escolha deu-se pela dimensão e importância do território, cujo corredor tem 26 milhões de hectares de áreas protegidas, que vão do Mato Grosso ao Pará, abarcando os biomas Amazônia e Cerrado. A região abriga populações extrativistas e povos indígenas que falam 27 idiomas.
 
“Como é muito comum que populações urbanas desconheçam a origem dos alimentos e produtos utilizados por elas, o selo funciona como uma importante ferramenta para divulgar e apresentar a origem dos produtos que são extraídos de maneira sustentável e comercializados de forma justa pelas populações tradicionais. O selo também objetiva apresentar a riqueza que a floresta em pé possui e das populações tradicionais ali existentes, suas atividades e parte de sua cultura, as quais, muitas vezes são esquecidas e negligenciadas”, ressaltou Rafael Barboza, chefe da Resex Riozinho do Anfrísio.
 
 
SELO ORIGENS BRASIL
 
O selo Origens Brasil funciona por meio de uma plataforma digital que disponibiliza informações alimentadas pelos produtores locais. No produto industrializado, a marca Origens Brasil é fundida com o código do QR Code, que, uma vez decodificado com o auxílio de um celular, remete o consumidor ao local de origem da matéria-prima e disponibiliza informações sobre os produtores (nome, idade, fotografia), a cultura dos povos e o território de origem.
 
Para chegar a essa ferramenta, foram realizados treinamentos, desde 2014, tanto com as populações do Xingu quanto com as instituições de apoio para se cadastrarem e operarem a plataforma, concebida para ser colaborativa e acessível a todos os elos da cadeia.
 
 
PARCERIAS PRIVADAS
 
Atualmente, parte da produção de castanha-do-Brasil coletada nas três reservas extrativistas é comercializada para a empresa Wickbold, fabricante de pães. A iniciativa também já ganhou a adesão do Grupo Pão de Açúcar (Programa Caras do Brasil), da Firmenich (aromas e fragrâncias) e da Mercur (borracha).
 
“Esse trabalho vem promovendo parcerias comerciais diferenciadas no território, que se traduzem em garantia de compra, contratos de longo prazo, transferência de tecnologia, pagamento de preço justo, redução de atravessadores e negociação direta com as populações”, pontuou Patrícia Gomes, do Imaflora.