Tartaruguinhas

Férias, praias e um alerta: Cuidado com as tartaruguinhas

3 de janeiro de 2017

Praias cheias de gente, carros invadindo as areias, barcos cruzando o mar. No verão, mais do que em outras estações, é preciso ficar atento para não afetar os animais.

 

 

 

O ICMBio, pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar), alerta sobre os cuidados que os frequentadores de praias devem ter com as espécies marinhas, especialmente as tartarugas. Nas férias de verão as praias brasileiras ficam lotadas. E é exatamente nesse período que as tartarugas marinhas estão em plena reprodução. Por isso, é importante que as pessoas tomem cuidados para evitar impactos às condições naturais das áreas de desova. 

 

 

O trânsito de veículos nas praias de desova, incluindo carros, caminhonetes e quadriciclos, destacam os gestores do Tamar, além de ser uma ameaça aos banhistas, pode compactar os ninhos das tartarugas, atropelar os filhotes e ainda afugentar as fêmeas durante a desova.
 
 
 
 
O Tamar lembra que esse tipo de prática (veículos motorizados na praia) é ilegal, conforme estabelece a portaria n° 10, de 30 de janeiro de 1995, editada pelo Ibama.
 
Os técnicos do Tamar pedem, inclusive, às pessoas que têm dúvidas sobre isso para consultarem as leis de trânsito de seu estado, de forma a obter mais informações e adotar todas as precauções e medidas preventivas para garantir a integridade dos ninhos e das tartarugas.
 
 
CAPTURAS INCIDENTAIS
 
Outro fato preocupante é a captura incidental de tartarugas marinhas pelos barcos de pesca, atividade que ocorre o ano todo, mas aumenta no verão pela demanda dos produtos pesqueiros. Por isso, desde 1990, o Tamar trabalha em áreas onde esse tipo de ocorrência é elevado. 
 

 

O Centro criou até o Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca, em 2001, para diminuir a incidência de tartarugas capturadas e mortas pela atividade pesqueira, tanto em águas costeiras como oceânicas. 
 
 
 
 
Entre as ações do programa estão a coleta de informações e a pesquisa sobre artes e apetrechos com o objetivo de propor alternativas, como a substituição de determinadas técnicas e equipamentos por outros que diminuam a incidência e mortalidade nas capturas.
 
As capturas incidentais ocorrem, principalmente, por redes de emalhe, espinhéis pelágicos (longline) e redes de arrasto para peixes e camarão. Sem poder subir à superfície para respirar, as tartarugas acabam desmaiando e morrendo afogadas. A pesca artesanal, tradicional em algumas regiões do país, como em Ubatuba, no litoral de São Paulo, também captura tartarugas incidentalmente.
 
 
LUZ ARTIFICIAL
 
Outra preocupação é com a incidência de luz artificial nas praias, resultado da expansão urbana sobre o litoral, que prejudica fêmeas e filhotes. O fenômeno é maior ainda no versão pela presença maciça de carros com faróis ligados em regiões de beira-mar. As fêmeas deixam de desovar, evitando o litoral, se a praia está iluminada inadequadamente. Os filhotes, por sua vez, ficam desorientados. Ao invés de seguir para o mar, guiados pela luz do horizonte, caminham para o continente, atraídos pela iluminação artificial – e fatalmente são atropelados, devorados por predadores como cães e raposas, ou morrem de desidratação.
 
O Tamar conseguiu aprovar leis que impedem a instalação de novos pontos de luz em áreas de desova e faz campanhas permanentes para substituição, nessas áreas, das luminárias convencionais por outras, especialmente desenhadas com a consultoria do Projeto, para que a luz não incida diretamente sobre a praia. Para orientar gestores públicos e as demais pessoas, o Centro editou uma cartilha com orientações sobre a iluminação adequada.
 
 
 
POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
 

A poluição das águas por elementos orgânicos e inorgânicos, como lixo e esgoto – outra ameaça às tartarugas marinhas – cresce no verão com a maior presença das pessoas nas praias. Esse tipo de poluição interfere na alimentação e locomoção e prejudica o ciclo de vida das tartarugas marinhas. É uma das principais ameaças, pois degrada o ambiente marinho como um todo.

 

 

As tartarugas por se alimentarem de algas acabam ingerindo plásticos que as levam a morte.
 
O LIXÃO DE PLASTICOS
 
A ingestão de plástico e outros resíduos está relacionada aos hábitos alimentares das tartarugas marinhas. As espécies que não perseguem suas presas, como a tartaruga-verde (Chelonia mydas), estão mais sujeitas ao problema. A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), que se alimenta principalmente de águas-vivas, também é um alvo fácil porque se confude com os plásticos transparentes deixados na praia e que acabaram arrastados para o mar. Restos de redes e linhas de pesca abandonados no mar também são perigosos, pois permanecem no ambiente, matam indiscriminadamente e desnecessariamente não só as tartarugas marinhas como outros animais.
 
O Tamar realiza um trabalho de sensibilização e educação ambiental nos seus museus espalhados por todo o litoral brasileiro, convidando as pessoas a fazerem a parte que lhes cabe para contribuir com a saúde dos oceanos. Os gestores do Centro aproveitam para convidar as pessoas que forem curtir as férias no litoral, neste verão, a visitar os museus do Tamar.
 
 
DIFÍCIL SOBREVIVÊNCIA
 
Por fim, o Tamar alerta para o fato de que, a cada mil filhotes que nascem, somente um ou dois conseguem atingir a maturidade. São inúmeros os obstáculos que enfrentam para sobreviver, mesmo quando se tornam juvenis e adultos. Muito mais que os predadores naturais, as ações humanas estão entre as principais ameaças às populações de tartarugas marinhas em todo o mundo. Portanto, ao ir à praia, adote um comportamento cuidadoso para reduzir essa ameaça.