Pantanal

Criação de gado de raça e substituição de pasto geram desmate no Pantanal

14 de fevereiro de 2017

Para atender necessidades de rebanho, capim exótico foi plantado em áreas. Um plano emergencial foi lançado recentemente visando proteger o Pantanal.

 

 

Criação de gado no Pantanal (Foto: Reprodução/TVCA)
 
 
 
 
 
Mudanças na forma de criar gado no Pantanal mato-grossense são as maiore responsáveis pelo desmatamento na região. A pastagem nativa foi substituída pelo capim exótico para atender as necessidades do rebanho, pois, no lugar do gado considerado tradicional, está sendo criado o gado da raça nelore, segundo o coordenador de Conservação e Restauração de Ecossistemas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Elton Antônio Silveira.
 
Esse e outros problemas identificados no maior planície alagável do mundo, também provocados pela instalação de hidrelétricas, barragens em rios e córregos, devem ser tratados a partir de um plano de ação emergencial elaborado pelo Comitê Executivo da Reserva da Biosfera do Pantanal, formado por representantes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
 
Os peixes nativos dos rios do Pantanal também sofrem ameaça com a criação de peixes exóticos, como a tilápia e a carpa e outras espécies provenientes de outras bacias hidrográficas, principalmente a da Amazônia, como o tucunaré, pirarucu, tambaqui, pirapitinga, de acordo com o coordenador da Sema, órgão responsável pela emissão das licenças ambientais.
 
"As áreas mais afetadas são as de entorno, desde a região de Cáceres [a 220 km de Cuiabá] até a região de Itiquira [a 359 km da capital]. Essas áreas têm forte pressão para o desmatamento, substituição dos campos nativos por pastagens cultivadas e em muitos casos a agricultura intensiva com o cultivo de soja", afirmou.
 
Com base na Lei 8830/2008, conhecida como Lei do Pantanal, a Sema informou que tem preservado a  e restringido a implantação de empreendimentos de alto impacto na região, que possuem 11 unidades de conservação e áreas protegidas. Não são permitidas atividades econômicas de grande impacto ambiental, como a mineração, agricultura intensiva e agroindústrias, por exemplo.
 
 
Plano Emergencial
 
O Plano de Ação Emergencial para a Reserva da Biosfera do Pantanal, apresentado no dia 3 deste mês durante um evento na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), visa contribuir para a conservação de paisagens, ecossistemas, espécies e variedades; fomentar o desenvolvimento econômico e humano que seja sociocultural e ecologicamente sustentado; apoiar projetos demonstrativos, educação ambiental e capacitação, pesquisa e monitoramento relacionados com os temas locais, regionais, nacionais e globais da conservação e do desenvolvimento sustentado, segundo o documento.
 
Além da Sema, esse grupo é composto por servidores das secretarias de Desenvolvimento Econômico (Sedec), de Cultura (SEC), de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários (Seaf), além do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e de representantes de municípios inseridos nos limites da Reserva da Biosfera do Pantanal em Mato Grosso.
 
Foram estabelecidas algumas ações que devem ser colocadas em prática a curto, médio e longo prazo, entre elas a elaboração de planos para a proteção de espécies ameaçadas; programa de proteção de nascentes, desenvolvimento de atividades sustentáveis para as comunidades pantaneiras tradicionais e povos indígenas; estimular a criação de novas unidades de conservação e o monitoramento da qualidade das águas.