Águas
Águas Residuais
2 de março de 2017Os mais de 7 bilhões de habitantes deste mundo precisam aprender: a demanda cada vez mais crescente por água tem ensinado uma lição definitiva. O reuso planejado da água, o seu uso racional e eficiente e o controle rígido das perdas e desperdícios está na ordem do dia e em todas as agendas do… Ver artigo
Os mais de 7 bilhões de habitantes deste mundo precisam aprender: a demanda cada vez mais crescente por água tem ensinado uma lição definitiva. O reuso planejado da água, o seu uso racional e eficiente e o controle rígido das perdas e desperdícios está na ordem do dia e em todas as agendas do desenvolvimento sustentado. Para este ano de 2017, a ONU definiu ÁGUAS RESIDUAIS como centro dos debates do Dia Mundial da Água.
Águas residuais nada mais são do que os esgotos e efluentes. Compreendem todo o volume de água que teve suas características naturais alteradas após o uso doméstico, comercial ou industrial. Trata-se de uma substância com grau de impureza que varia de acordo com sua utilização, mas que sempre contém agentes contaminantes e potencialmente prejudiciais à saúde humana e à natureza de modo geral. O retorno dessa água ao meio ambiente deve necessariamente sofrer tratamento de modo que ela volte a apresentar qualidade e limpeza adequadas para que seja lançada no corpo receptor (rio, lago ou mar) sem causar danos à saúde e ao ecossistema.
DESAFIO PARA O BRASIL
A falta de saneamento e poluição que afetam a saúde humana
Estados mais carentes e menos desenvolvidos apresentam menos acesso ao saneamento básico.
No Brasil, a coleta e tratamento das águas residuais configuram-se como grande desafio para o saneamento ambiental. Segundo o Instituto Trata Brasil, apenas 48,6% da população tem acesso à coleta de esgoto, sendo que deste efluente coletado somente 40% passa por algum tipo de tratamento antes de ser descartado no meio ambiente.
O tema ainda demonstra a desigualdade social no país. Estados mais carentes e menos desenvolvidos apresentam menos acesso ao saneamento básico frente aos Estados com mais recursos. Por exemplo, a região norte é que apresenta as médias mais baixas de tratamento de esgoto (14,36%), enquanto o Centro-Sul brasileiro apresenta melhores índices, acima da média nacional.
O EXEMPLO NAS BACIAS PCJ
Nas Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí as águas residuais recebem uma atenção especial desde a criação do Consórcio PCJ em 1989.
Nas Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí [Consórcio PCJ] as águas residuais recebem uma atenção especial há mais de duas décadas.
A fundação do Consórcio PCJ, inclusive, foi fomentada justamente pela queda na qualidade das águas dos mananciais da região devido ao lançamento de efluentes nos rios.
Quando a entidade foi criada em 1989, apenas 3% dos esgotos coletados eram tratados. Segundo o mais recente relatório de Gestão das Bacias PCJ, editado pela Agência PCJ, a média de tratamento na região atingiu a marca de 72% do total de esgoto coletado (92%), bem acima das médias nacionais.
ESSENCIAL À VIDA
A universalização do saneamento, com atendimento em 100% de tratamento de água, coleta e tratamento de águas residuais são essenciais para a dignidade humana e a saúde pública. O Instituto Trata Brasil estima que são necessários R$ 508 bilhões até 2033 para universalizar o acesso aos 4 serviços do saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem). Somente para água e esgoto serão necessários R$ 303 bilhões.
Especialistas do setor sugerem que cada R$1 investido em saneamento economiza-se R$4 na área da saúde. Não é só nesse campo que ocorrem impactos positivos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) atenta que cada R$ 1 investido em saneamento gera R$ 3,13 em riquezas à economia, já que saneamento demanda grande quantidade de obras e serviços, movimentando áreas da indústria, comércio e setor de serviços em todo o ciclo que vai da captação e abastecimento de água à coleta e tratamento do esgoto. Para cada R$ 1 bilhão investido em saneamento, 58 mil empregos diretos e indiretos seriam criados: sendo 27 mil na indústria, 25,1 mil no setor de serviços e 5,9 mil em agropecuária.
SAIBA MAIS SOBRE AGUAS RESIDUAIS
Mas o que são águas residuais? É toda a água descartada pelas atividades humanas, vulgarmente denominada como esgoto. Após a utilização humana, a água apresenta suas características naturais alteradas e com uma quantidade considerável de poluentes, seja pelo uso doméstico, comercial ou industrial, e a devolução desta água ao meio ambiente deve prever o seu devido tratamento a fim de evitar que este seja prejudicado, bem como a saúde das pessoas.
A falta de tratamento das águas residuais pode acarretar na queda da qualidade da água dos rios, o comprometimento da fauna e flora, da pesca, da navegação, da geração de energia.
CINCO TIPOS DE ÁGUAS RESIDUAIS
A devolução das águas residuais ao meio ambiente deve prever o seu tratamento, seguido do lançamento adequado no corpo receptor que pode ser um rio, um lago ou no mar através de um emissário submarino.
As águas residuais podem ser transportadas por tubulações diretamente aos rios, lagos, lagunas ou mares ou levado às estações de tratamento, e depois de tratado, devolvido aos cursos d'água.
A água pluvial, ou água da chuva, pode ser drenado em um sistema próprio de coleta separado ou misturar-se ao sistema de esgotos sanitários tratados.
O esgoto não tratado prejudica o meio ambiente e a saúde das pessoas. Os agentes patogênicos podem causar doenças como a cólera, a difteria, o tifo, a hepatite e muitas outras.
• ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS: proveniente de instalações residenciais, do metabolismo humano e de atividades domésticas como banhos, cozinhas e lavagens de pavimentos domésticos;
• ÁGUAS RESIDUAIS INDUSTRIAIS: águas residuais provenientes de instalações utilizadas para todo o tipo de comércio ou indústria, resultantes de processos de fabricação;
• ÁGUAS RESIDUAIS POR ESCORRÊNCIA URBANA: mistura de águas residuais domésticas com águas residuais industriais e/ou água de escoamento pluvial, além de chuvas, regas, lavagem de pavimentos públicos;
• ÁGUAS RESIDUAIS DE INFILTRAÇÃO: águas residuais resultantes de infiltrações nos coletores de água nos terrenos;
• ÁGUAS RESIDUAIS TURÍSTICAS: águas residuais que apresentam características sazonais, com menor ou maior carga poluente provenientes de estabelecimentos hoteleiros ou complexos turísticos isolados.
USO DAS ÁGUAS RESIDUAIS
As águas residuais podem ser usadas direta ou indiretamente nas ações planejadas, como na irrigação de paisagens urbanas e de campos para cultivo;
Em usos industriais para refrigeração de caldeiras e águas de processamento;
Em usos urbanos não potáveis como combate ao fogo, construções, descarga de vasos sanitários, controle de poeira, sistemas de ar condicionado, lavagem de ruas, pontos de ônibus e veículos;
E também para outras finalidades ambientais como nas indústrias de pesca.
RECADO DA ONU ÁGUA
“A água potável limpa, segura e adequada é vital para a sobrevivência de todos os organismos vivos e para o funcionamento dos ecossistemas, comunidades e economias. Mas a qualidade da água em todo o mundo é cada vez mais ameaçada à medida que as populações humanas crescem, atividades agrícolas e industriais se expandem e as mudanças climáticas ameaçam alterar o ciclo hidrológico global. (…)
A cada dia, milhões de toneladas de esgoto tratado inadequadamente e resíduos agrícolas e industriais são despejados nas águas de todo o mundo.
(…)
Todos os anos, morrem mais pessoas das consequências de água contaminada do que de todas as formas de violência, incluindo a guerra. (…)
A contaminação da água enfraquece ou destrói os ecossistemas naturais que sustentam a saúde humana, a produção alimentar e a biodiversidade. (…)
A maioria da água doce poluída acaba nos oceanos, prejudicando áreas costeiras e a pesca.
(…)
Há uma necessidade urgente para a comunidade global – setores público e privado – de unir-se para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade da água nos nossos rios, lagos, aquíferos e torneiras”.