História e Cidadania

JOHAN DALGAS FRISCH É NOME DA DINAMARCA NAS AMÉRICAS

18 de maio de 2017

O SENHOR DOS PÁSSAROS

Johan Dalgas Frisch, 87 anos, é um herói de dois mundos: da Europa e das Américas. Engenheiro Civil Industrial Químico, escritor, empresário, ornitólogo e ambientalista, Johan Dalgas Frisch tem no seu currículo uma história de vida dedicada às águas, às aves, às florestas e aos índios. Vale lembrar: – Sua indústria “Dalgas Ecoltec” é pioneira na América Latina em construir estações de tratamento de esgoto industrial e doméstico. Exemplo: a estação de tratamento do Aeroporto Internacional de Guarulhos-SP, o maior do Brasil, tem estação de tratamento de efluentes projetada por Dalgas que possibilita a criação de peixes na última lagoa de maturação. 
 
 
 
AMBIENTALISTA E PESQUISADOR
 
Pioneiro na gravação dos cantos das aves, escritor e pesquisador, Dalgas Frisch tem sua vida dedicada à cultura e às causas ambientais.
– Pesquisou e salvou milhões de aves migratórias (andorinhas e falcões) que voam do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul; 
– Criou a APVS – Associação de Preservação da Vida Selvagem, uma das Organizações Não-Governamentais mais antigas do Brasil que luta para proteger a flora e fauna, rios e florestas e índios e povos ribeirinhos da Amazônia; 
 
 
 
 
Foi o primeiro na América Latina a gravar os cantos das aves da Amazônia; 
– Descobriu e gravou a voz das formigas; 
– Escreveu oito livros sobre Aves, Meio Ambiente e Educação Ambiental; 
 
 
 
 
– Para fortalecer os laços da educação ambiental nas escolas, criou o Dia da Ave tanto no Brasil como na Argentina.
– E, na década de 60, buscou apoio das mais importantes lideranças políticas mundiais, como: o Rei Leopoldo III da Bélgica; o General Charles Lindbergh, o ex-presidente dos Estados Unidos General Dwight Eisenhower e o vice-presidente Nelson Rockefeller; os presidentes Charles de Gaulle e François Mitterrand da França; o Príncipe Bernhard e rainha Juliana, da Holanda; a Rainha Elizabeth e Príncipe Philip, da Inglaterra; e os brasileiros Amador Aguiar, Lázaro Brandão, os jornalistas Assis Chateaubriand e Rogério Marinho, o Comandante Omar Fontana, e os Presidente do Brasil Arthur da Costa e Silva, José Sarney, Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso para criar, num esforço planetário, o maior parque nacional do mundo, o Grande Parque do Tumucumaque. 
 
 
 
 
MAPA DO GRANDE PARQUE DO TUMUCUMAQUE
 
O sonho do Grande Tumucumaque transformou-se no maior parque trinacional do mundo, composto pelos seguintes Parques nacionais, localizados na fronteira Brasil, Suriname e Guiana Francesa:
 
1 – Parque Nacional Indígena do Tumucumaque – presidente Arthur da Costa e Silva (1968).
2 – Parque Nacional Sipaliwini – Rainha Juliana da Holanda (1971).
3 – Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque – presidente Fernando Henrique Cardoso (2002)
4 – Parc Amazonien Guyane Tumucumaque – presidente François Mitterand (1992)
 
Foi a mobilização de todas essas lideranças por Johan Dalgas Frisch que possibilitou a criação do Parque do Tumucumaque, situado na Amazônia e fronteira de três países – Brasil, Suriname (antiga Guiana Holandesa) e a Guiana Francesa. Este parque trinacional tem 9.068.067 hectares. É maior do que a Suiça e Holanda juntos. 
 
 
 
PRÊMIOS E COMENDAS
 
Aos 87 anos, Johan Dalgas Frisch já recebeu prêmios, comendas medalhas e homenagens de jornais, revistas e televisões de vários países da América do Norte e da América do Sul. 
Vale destacar: 
 
 
 
 
As circunstâncias da vida colocaram Dalgas Frisch frente a frente com as pessoas mais poderosas do mundo. Mas é ele mesmo que diz: “Nenhuma celebridade me deu tanta alegria como no dia em que fui aclamado Cacique Honorário pelos índios Tiriós em pleno coração do Parque Nacional Indígena do Tumucumaque”.
 
– Aclamado Cacique Honorário pelos índios que habitavam a Serra do Tumucumaque, tendo recebido o Cocar das mãos do cacique Tirió, em 1974. 
– Certificado do Jornal THE NATURE SOCIETY, em 1987. 
– Título de Cidadão Honorário do Texas – EUA, em 1992. 
 
 
 
 
– Em 2007, Johan Dalgas Frisch recebeu o Prêmio VERDE DAS AMÉRICAS.
 
 
 
– Em 2912, recebe no Itamaraty, em Brasília, a medalha Grão-Mestre da Ordem do Rio Branco – maior Comenda do Governo Brasileiro, indicação do ex-presidente da República José Sarney; 
 
 
 
 
– O Senado Federal do Brasil produziu um documentário sobre a vida e obra de Dalgas Frisch com o nome AVE DALGAS, em 2013.
 
 
 
 
Em 2016, em Rio Branco, capital do Acre, Johan Dalgas Frisch recebe a ORDEM ESTRELA DO ESTADO DO ACRE, das mãos do governador Tião Viana.
 
 
 
 
A GRANDE MÁGOA de JOHAN DALGAS FRISCH
 
 
 
 
 
Johan Dalgas Frisch, ainda menino, aos pés da estátua de seu bisavô Enrico Dalgas, herói da Dinamarca.
 
– Mesmo sendo descendente de um herói dinamarquês, Enrico Mylius Dalgas, cujas ações civis e militares, trabalhos científicos, culturais, sociais e econômicos para a Dinamarca são mais do que conhecidos; 
 
– Mesmo sendo filho de pai e mãe dinamarqueses e ter ganho a cidadania dinamarquesa no Consulado em São Paulo;
 
–  Mesmo tendo requerido a  manutenção da cidadania dinamarquesa em 17 de julho de 1952, após os 21 anos, e tendo sido aprovada pelo Consulado;
 
– Mesmo tendo nas veias o sangue, a saga e a história do povo dinamarquês; 
 
– Mesmo sendo casado com uma dinamarquesa, Birte Vera Stchelkunnoff; 
 
– Mesmo tendo honrado o nome de suas duas pátrias, Dinamarca e Brasil, nos seus 87 anos de vida dedicados à natureza, Johan Dalgas Frisch traz na alma a dor da injustiça e a mais dura mágoa para com sua Pátria-Mãe. Sim, ele que com dignidade, grandeza e honradez fez-se amar por sua Dinamarca e elevar o nome de seu país por todas as Américas, não é correspondido com o mais simples dos gestos do reconhecimento maternal: ter a bênção da Cidadania e de poder ser chamado de filho da Dinamarca. 
 
 Apesar de tudo isso, até o presente momento não foi entregue a Dalgas sua Cidadania devido a uma série de lamentáveis equívocos do governo dinamarquês.
 
 
 
AMIGO DE GETÚLIO VARGAS
 
Explicando melhor: por ser filho de dinamarqueses, Dalgas Frisch teve sua cidadania mantida em 17 de julho de 1952, aos 22 anos. Como ele nasceu no Brasil, o governo dinamarquês condicionou a entrega da nacionalidade dinamarquesa aprovada se o presidente Getúlio Vargas assinasse – num prazo de um ano – Decreto-Lei especial anulando sua cidadania brasileira. Houve uma consulta da Embaixada da Dinamarca ao Ministério da Justiça brasileiro se isso era possível.
A Constituição Brasileira de 1946 dava apenas três razões para a anulação de uma cidadania: 
 
I – que, por naturalização voluntária, adquirir outra nacionalidade; 
 
II – que, sem licença do Presidente da República, aceitar de governo estrangeiro comissão, emprego ou pensão; 
 
III – que, por sentença judiciária, em processo que a lei estabelecer, tiver cancelada a sua naturalização, por exercer atividade nociva ao interesse nacional. 
 
O problema era identificar em qual dos três itens do artigo 130 o caso de Dalgas Frisch estaria enquadrado. 
O impasse foi levado ao Cônsul da Dinamarca em São Paulo, Adam von Bullow, que consultou advogados e ficou definido que o caso de Dalgas Frisch não estava enquadrado em nenhum dos três itens que pudesse levar o governo brasileiro a cassar sua cidadania. 
 
Assim, a decisão real foi desconsiderada por não ter valor legal. Além do mais, o presidente Getúlio Vargas era amigo pessoal e admirador do trabalho tanto de Svend Frisch como de seu filho Johan Dalgas Frisch. Artista plástico de alta qualidade, Svend, naquela época, estava completando a ilustração das 1.800 espécies de aves brasileiras, pois apenas 200 espécies tinham sido desenhadas. A admiração de Getúlio Vargas era tamanha pela obra do pai, e também pelo seu filho Dalgas, que por ordem do Palácio do Catete, Dalgas, um menino de apenas 15 anos, foi autorizado e ter aulas de ornitologia no Museu de Zoologia de São Paulo, já que não havia curso formal de ornitologia no Brasil. 
 
 
BUROCRACIA TRAIÇOEIRA
 
Resultado: uma burocracia traiçoeira levou Dalgas a adiar a cidadania dinamarquesa. Agora, aos 87 anos, depois de uma vida dedicada à natureza e à cultura em suas duas pátrias, ele vê negado o seu desejo maior: ter o sangue dinamarquês espelhado no seu passaporte oficial como um legítimo descendente do herói Enrico Dalgas. 
 
Numa derradeira oportunidade para se desfazer equívocos de várias décadas, em  junho o Cônsul Geral, Goodwill Ambassador to Copenhagen, Chairman of the Hans Christian Andersen Literature Committee e President Danish-Brazilian Chamber of Commerce, Jens Olesen estará em Copenhague para receber uma condecoração do Príncipe Herdeiro Henriks, da Dinamarca. Motivo da homenagem: Olesen foi o principal articulador de apoio à delegação dinamarquesa nas Olimpíadas Rio-2017. 
 
No dia 8 de junho, Jens Olesen tem audiência especial com o Primeiro-Ministro Lars Lokke Rasmussen, justamente para as últimas tratativas da entrega da cidadania de Johan Dalgas Frisch. 
 
A esperança é que, 65 anos depois será feita justiça a um cidadão exemplar que doou sua vida às causas ambientais e culturais. 
 
Os governantes e a sociedade dinamarquesa não podem perpetuar essa injustiça cometida contra Johan Dalgas Frisch, pois ela representa uma ameaça a todos os dinamarqueses de bem que vivem mundo afora.