Onça Pintada

Onça pintada brasileira povoa parque na argentina

29 de setembro de 2017

Brasil dá uma colaboração importante para a conservação da biodiversidade latino-americana.

 

 

A causa ambiental não tem fronteiras, os bichos caminham livremente, a aves voam de um lado para outro e os rios nascem em um país, travessam vários outros e vão terminar nos oceanos de outras nações. Meio ambiente é a chave da solidariedade entre homens, animais e nações. Foi com este pensamento que o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, autorizou a doação de uma onça pintada brasileira, criada em cativeiro, para povoar uma área de preservação ambiental na Argentina.

 

O ministro Sarney Filho recebeu em seu gabinete os dirigentes da ONG The Conservation Land Trust – Tompkins Foundation para selar o acordo de cooperação entre as entidades do Brasil e Argentina. Isis saiu do criatório conservacionista Onça-Pintada, em Curitiba.

 

 
Quase extinta na Mata Atlântica, a onça pintada será reintroduzida na natureza em áreas de conservação em território argentino. A região, na província de Corrientes, já foi habitat da onça pintada, que se extinguiu na região há mais de 50 anos. A CLT está com o projeto pronto para a reprodução em cativeiro em área especialmente preparada para a reprodução. Os filhotes, que serão criados sem contato com o ser humano, seriam reintroduzidos em território com mais de 700 mil hectares, capaz de abrigar até 100 espécimes.
 
 
 
 
 
 
 
Para o secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, José Pedro de Oliveira Costa, o Brasil acabou de dar uma colaboração importante para a conservação da biodiversidade latino-americana. “Essa colaboração do Brasil com a Argentina, envolvendo iniciativas privadas, foi um processo com final feliz. Antes de mais nada, trata-se de uma iniciativa para salvar uma espécie que está ameaçada de extinção”.
 
 
 
 
De nome Isis, o animal com seis anos de idade será matriz para reintrodução da espécie no país vizinho.
 
 
 
 
Isis, a onça pintada, foi enviada para a Argentina com o intuito de ser matriz para uma nova linhagem de onças nos charcos (campos alagados) da província de Corrientes, no futuro Parque Nacional Iberá. 
 
Isis saiu do criatório conservacionista Onça-Pintada, em Curitiba, para criatório da ONG The Conservation Land Trust – Tompkins Foundation. Lá, Isis deve cruzar com um macho compatível enviado do Paraguai e gerar filhotes que serão preparados para a soltura. Pelo mapeamento genético, foi constatado que Isis tem o mesmo padrão genético dos felídeos que ocorriam em Corrientes.
 
 
ESPÉCIES EM EXTINÇÃO
 
A espécie está extinta nessa região argentina. A organização americana The Conservation Land Trust atua para recompor a paisagem e a fauna nativa na Argentina e no Chile por meio de compra de terras, doação aos governos, criação de parques, implantação de projetos de reintrodução de animais endêmicos e conservação da flora. O programa de restauração de grandes mamíferos do Iberá, na Argentina, é o maior da América Latina. Em 10 anos de trabalho, foram liberados 200 exemplares de cinco espécies de mamíferos.
 
Entre eles, estão o veado campeiro, o tamanduá bandeira e as queixadas. “Os estudos de repovoamento são feitos por grandes especialistas no assunto, com planos elaborados e executados de forma muito séria”, frisou o analista ambiental Ronaldo Morato, CMBio. Ele atua no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), em Atibaia (SP). O grupo de monitoramento do projeto, do qual Ronaldo participa, fez uma campanha junto à comunidade local para aceitação do repovoamento de onças-pintadas. 
 
 
EXPORTAÇÃO
 
“O processo de exportação foi um pouco demorado por causa da liberação dos exames sanitários exigidos pelo governo argentino e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, explicou a bióloga e técnica administrativa do ICMBio, Juciara Pelles. Ela informou que a onça Isis nasceu em cativeiro, tem seis anos de idade e 66 quilos. “Já reproduziu uma vez e deixou filhotes no cativeiro. É um animal muito dócil e tranquilo. Foi bem na viagem, não se estressou”, contou. A viagem levou 24 horas e foi acompanhada por três veterinários da Fundação Thompkins.