Pantanal, Patrimônio a Preservar

Dia do Pantanal

7 de novembro de 2017

Dia de São Francelmo

 

Dia 12 de novembro é o Dia do Pantanal, a maior planície alagável de água doce do planeta, Em 2005 o Pantanal perdia seu maior protetor: o ambientalista Francisco Anselmo de Barros, conhecido como Francelmo. Em ato de coragem, o ambientalista ateou fogo ao próprio corpo como forma de protesto durante um movimento contra a implantação de usinas de álcool e açúcar no planalto da Bacia do Alto Paraguai. Em 2008 foi aprovada a moção que cria o dia 12 de novembro como o Dia do Pantanal pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) em homenagem a Francelmo. 

 

 

 

 

O Pantanal ou Complexo do Pantanal é o menor bioma brasileiro e a maior planície de inundação do mundo com 250 mil km² de extensão. O Pantanal é considerado pela UNESCO "Patrimônio Natural Mundial" e "Reserva da Biosfera". A região pantaneira, que possui uma grande biodiversidade, está ameaçada por vários fatores. E alguns animais como a  onça-pintada, onça-parda, cervo-do-pantanal, arara azul, dentre outros estão em processo de extinção. Segundo o IBGE, o Pantanal tem uma área aproximada de 150.355  km², ocupando assim 1,76% da área total do território brasileiro. Em seu espaço territorial o bioma, que é uma planície aluvial, é influenciado por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai.

 

 

 

 

 

 

 

Segundo o WWF, o Pantanal possui uma área de 624.320 km², aproximadamente 62% localizada no Brasil, nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e estende-se pela Bolívia (20%), e Paraguai (18%). As cheias anuais atingem cerca de 80% do Pantanal e o ciclo das águas traz o equilíbrio ambiental, proporcionando a renovação da fauna e da flora. Pela importância ambiental, foi decretado Patrimônio Nacional pela Constituição de 1998, e Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera, pelas Nações Unidas, em 2000. Dados apontam que Pantanal brasileiro gera cerca de US$ 112 bilhões por ano em serviços ambientais, mantendo-se conservado. O valor representa 5% do PIB nacional. Se convertido em áreas agropecuárias, estimam-se US$ 414 milhões anuais cujos benefícios serão mais individuais do que coletivos.

 
 
PANTANAL: MUITA CHUVA E MUITA SECA
 
O Pantanal é caracterizado pela alternância entre períodos de muita chuva, que acontecem de outubro a março, e períodos de seca nos meses de abril a setembro. Possui região plana, levemente ondulada, com alguns raros morros isolados e com muitas depressões rasas. As altitudes não ultrapassam 200 metros acima do nível do mar e a declividade é quase nula.
 
A flutuação no nível da água é fundamental para o funcionamento desse bioma. Durante a seca, o material que se decompõe no solo contribui para o enriquecimento da água de inundação durante a cheia. Quando as águas recuam, elas deixam uma rica camada de nutrientes no solo, que servirão de base para o surgimento de uma extensa vegetação.
 
 
 
Manejo de gado no campo experimental Fazenda Nhumirim da Embrapa Pantanal: Foto: Nicoli Dichoff
 
 
 
 
INFLUÊNCIAS E ESPÉCIES
 
A beleza e a ocupação econômica do Pantanal vêm provocando um grande impacto sobre toda a região. De acordo com o Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite, realizado com imagens de satélite de 2009, o bioma Pantanal  mantêm 83,07% de sua cobertura vegetal nativa.
 
Três importantes biomas brasileiros tem forte influência na região pantaneira: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Além disso sofre influência do bioma Chaco (nome dado ao Pantanal localizado no norte do Paraguai e leste da Bolívia). Uma característica interessante desse bioma é que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil persistem em populações avantajadas na região, como é o caso do tuiuiú – ave símbolo do Pantanal. Estudos indicam que o bioma abriga os seguintes números de espécies catalogadas: 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas. Segundo a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e  algumas apresentam vigoroso potencial medicinal.
 

 

Assim como a fauna e flora da região são  admiráveis, há de se destacar a rica presença das comunidades tradicionais como as indígenas, quilombolas, os coletores de iscas ao longo do Rio Paraguai, comunidade Amolar e Paraguai Mirim, dentre outras. No decorrer dos anos essas comunidades influenciaram diretamente na formação cultural da população pantaneira.

 

Apenas 4,6% do Pantanal encontram-se protegidos por unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção integral e 1,7% a UCs de uso sustentável (BRASIL, 2015).

 
 
 
 
SÃO FRANCELMO! ROGAI POR NÓS!
 
O ambientalista Francisco Anselmo Barros [Francelmo] deu sua vida pela vida do Pantanal
 
Silvestre Gorgulho
 
 
 
 
“Já que não temos voto para salvar
 o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo."
Francelmo
 
 
 
Presidente da Fundação para Conservação da Natureza de Mato Grosso do Sul (Fuconams) e coordenador do Fórum em Defesa do Pantanal, Francelmo participava da manifestação contra a instalação de usinas de álcool na BAP, organizada pela Ecoa – Ecologia e Ação, com apoio de artistas e músicos. Quase no fim das apresentações, ele dirigiu-se a uma Kombi, onde pegou dois colchões e os colocou em formato de cruz. Em seguida, despejou dois galões pequenos de gasolina nos colchões, sentou-se e ateou fogo no próprio corpo. Segundo testemunhas que participavam do ato, ninguém fez nada para impedir porque todos achavam que ele estava preparando uma encenação como parte do protesto. 
 
Francisco Anselmo Barros fundou uma das primeiras ONGs brasileiras. Jornalista e editor, Anselmo ocupou cargos no Conselho Municipal de Controle Ambiental, foi membro da Associação Brasileira dos Jornalistas de Turismo, da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, diretor executivo da Editora Saber Ltda, diretor executivo da Associação de Fomento e Apoio às Artes e a Cultura em Geral. Era, ainda, filiado ao Fórum Brasileiro de ONGs, à Associação Brasileira de ONGs e participante de inúmeras entidades nacionais e internacionais. 
 
O ambientalista deixou uma carta justificando seu ato. Nela, faz um desabafo sobre a questão ambiental, especialmente sobre a construção de um canal de navegação no rio Paraguai e a construção das usinas. Concluiu sua carta dizendo: "Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo."
 
 
CARTA DE FRANCELMO FALA DO PANTANAL E DA TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO
 
Francelmo deixou várias cartas. A mais importante, ele deixou para seus companheiros ambientalistas. Ele fala dos maus políticos, marca sua posição contra a transposição do rio São Francisco no lugar da revitalização, denuncia o contrabando de sementes transgênicas e diz da impassividade do governo sobre as queimadas na Amazônia.
 
 
Meus queridos pares:
 
"Nós fomos os pioneiros no Brasil, na questão do meio ambiente. Hoje somos passados para trás pelos interesses de maus políticos, maus empresários e os PhD's de aluguel.
 
Em termos de Brasil, estamos vendo o barco afundar e ninguém diz nada.
 
São transgênicos entrando de contrabando pelo sul e o governo apoiando, são as queimadas na Amazônia e o governo impassível. É gente com terra do tamanho de um estado e é gente sem terra. É transposição do Rio São
 
Francisco no lugar de revitalização.
 
No Pantanal querem fazer do rio Paraguai um canal de navegação com portos para grandes embarcações e grandes comboios. É pólo siderúrgico e pólo gás químico. Agora  querem fazer usinas de álcool no rio Paraguai.
 
Um terço dos deputados a favor, um terço contra e um terço sem saber o que é. Já que não temos voto para salvar o Pantanal vamos dar a vida  para salvá-lo".
 
Francisco Anselmo Gomes de Barros
 
 
 
 
UMA LUTA PELA VALORIZAÇÃO DAS ÁRVORES ACUADAS PELOS OUTDOORS
 
 
 
 
No Dia da Árvore, de 2003, Francelmo usou de muita ironia contra o então prefeito de Campo Grande e saiu em defesa das árvores “pois incrivelmente as administrações públicas cortam as árvores para favorecer as placas de propaganda”.
 
 
 
 
 
 
A beleza do Pantanal e a imponência da Serra do Amolar: biodiversidade de mata, montanha e alagado (foto: Fábio Olmos)