Longitudinal

Cachoeira Longitudinal

4 de dezembro de 2017

No Parque do Turvo, a maior cachoeira longitudinal do mundo

 

 

A maior queda horizontal de água do mundo, no Parque Estadual do Turvo, recebe obras de 1,3 milhão como compensação dos impactos ambientais da Usina Passo São João.

 

 

Fotos: Aloísio Antes

 

“O rio Uruguai traz águas de outras geografias, descendo do planalto ao pampa. Lá em cima, no noroeste do Rio Grande, há um grande salto longitudinal de 1800 metros. É onde o rio ruge como fera e expõe seu leito de pedras lisas e resistentes gramíneas de raízes inchadas pelas águas. Antes de chegar, por terra, à cachoeira do Salto do Yucumã, há uma ante-sala do inferno. A floresta com os galhos nus varridos pela correnteza, mostra restos de lixo, pneus, plásticos, embalagens. Sacos plásticos volitando nos galhos pelados pela correnteza. Restos da indústria que o homem jogou fora. A civilização ferindo o paraíso. O rio ruge e logo em seguida se amansa, ao correr maneado na margem que estreita. Depois, vai se espraiar calmamente na planície pampeana”.
 
Renato Dalto, jornalista
 
 
 
O Parque do Turvo é a primeira unidade de conservação instituída no Rio Grande do Sul, no ano de 1947. Hoje o Parque conta com uma entrada digna das belezas e riquezas naturais que tem em seu interior. O investimento de recuperação e adequação do Parque foi feito pela Eletrosul que gastou aproximadamente R$ 1,3 milhão em melhorias. Situado no município de Derrubadas-RS, os investimentos foram como compensação ambiental da obra Usina Hidrelétrica Passo São João, que a empresa está construindo. A compensação ambiental é obrigatória e o local beneficiado foi escolhido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente. 
 
 
BOX 1
 
USINA HIDRELÉTRICA PASSO SÃO JOÃO
 
 
 

 

UHE Passo São João é uma Usina a fio d’água (turbina que movimenta-se somente com a vazão do Rio, não necessitando de uma queda) com barragem de seção típica de solo que utiliza um canal de adução para aproveitar a queda natural do rio. Possui vertedouro controlado por 6 comportas e um reservatório com 2.524 hectares de área inundada, em seu nível máximo, cuja função é manter o desnível necessário para a geração de energia. A Usina tem potência instalada de 77 MW e está implantada no trecho inferior do Rio Ijuí, na bacia do Rio Uruguai, no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
 
 
 
 
 
 
Na Usina foi construído o Centro de Visitantes que abriga auditório, lanchonete, salas de artesanato, museu fotográfico e com animais empalhados, além de ambiente voltado à educação ambiental. Existe uma casa do vigia e uma guarita,  onde são vendidos os ingressos para entrar no complexo. 
 
A Eletrosul investiu nas melhorias do local, uma antiga reivindicação da comunidade para melhor receber os turistas. Segundo explicações da Eletrosul, o Parque que tem a maior queda longitudinal do mundo e com uma fauna e flora tão ricas precisava ter uma infraestrutura adequada para receber os visitantes. 
 
O reservatório da usina tem aproximadamente 20 quilômetros quadrados e abrange os municípios de Roque Gonzales, Dezesseis de Novembro, São Luiz Gonzaga, São Pedro do Butiá e Rolador. As prefeituras de Roque Gonzales e São Luiz Gonzaga estão transformando o entorno do lago em áreas de lazer, com praias artificiais e estrutura de visitação.
Também na beira do lago, uma construção germânica da década de 30 está sendo reformada e ampliada para dar lugar à Casa da Memória. A proposta do espaço será a de incentivar o resgate histórico-cultural da região, além de se tornar mais uma opção de visitação no município.
 
 PARQUE DO TURVO
 
 

O leito rochoso do rio forma uma cachoeira longitudinal (Salto do Yucumã), com 1.800 m de extensão e até 20 m de altura de grande beleza cênica
 
 
 
 
 
Situado à margem do rio Uruguai, o Parque Estadual do Turvo abriga remanescente bem preservados de Floresta Estacional Decidual. O leito rochoso desse rio forma uma cachoeira longitudinal (Salto do Yucumã), com 1.800 m de extensão e até 20 m de altura de grande potencial cênico. O parque busca proteger os processos naturais chaves para a persistência e evolução das comunidades, em especial os processos de sucessão, o regime hídrico do rio Uruguai e dos arroios tributários. O PE do Turvo é o último refúgio em território gaúcho de espécies, como a anta (Tapirus terrestris) e a onça-pintada (Panthera onca). A viabilidade das pequenas populações de onça no parque se mantém apenas em função das ligações com as áreas florestadas da Argentina e com possíveis contatos com as populações mais numerosas da bacia do rio Iguaçu.
 

 

 

 

 

O Parque do Turvo está aberto para visitação de quarta-feira a domingo, das 8h às 16 horas. Sempre  é bom ligar antes porque muitas vezes pelo  inconstante nível  de água do Rio Uruguai, o Salto Yucumã pode estar  submerso. Telefone do Parque: (51) 3288-8108 e (55) 3616 3058 – 3616 3059 – 3616 3071. 

 

 

O Parque Estadual do Turvo é a maior reserva florestal do Rio Grande do Sul, ocupa uma área de 17,5 mil hectares, e conta com mais de 700 espécies de plantas, quase 30 espécies de mamíferos de médio e grande porte e cerca de 300 tipos de aves.
 
 
 
 
SALTO DO YUCUMÃ
 
A região do Salto está na transição entre os campos gerais e as áreas de formação das depressões das encostas do rio Uruguai. Daí uma região de grande biodiversidade. Uma mata densa do lado argentino, por trás do rio Uruguai que corre em redemoinhos, cascatas, correntezas, sorvedouros e muita pedra. Acompanhar os 1,8 mil metros que o Salto faz é para tirar o fôlego e para encher a retina de beleza pela força da natureza. A profundidade – que chega a 90 metros em algumas partes do canal não-navegável – alcança 120 metros em outras áreas.
 
A natureza ali está intocável, bela e pujante. Muitas espécies de aves, mais de 200, não obedecem a fronteira. Várias espécies de mamíferos (antas, macacos, capivara, jaguatiricas)  têm livre trânsito nos 2,5 mil hectares da mata de um área preservada de 17.491,40 hectares. A melhor época para visitação do Salto do Yucumã é agora no verão, já que nos meses do inverno as cheias fazem subir o nível do rio, cobrindo a visão das quedas d’águas.