Aves

Ornitologia da nação pernambucana: As aves de minha aldeia

9 de janeiro de 2018

  Na fantástica exuberância da natureza, as aves têm lugar especial. Elas encantam pelas cores e pelos cantos. O sociólogo Roberto Harrop, cientista social, soube transplantar sua sensibilidade profissional do Recife para o Bosque Águas de Aldeia. Ali ele captou com rara competência, as mais belas espécies de aves da ornitologia da nação pernambucana. O… Ver artigo

 

Na fantástica exuberância da natureza, as aves têm lugar especial. Elas encantam pelas cores e pelos cantos. O sociólogo Roberto Harrop, cientista social, soube transplantar sua sensibilidade profissional do Recife para o Bosque Águas de Aldeia. Ali ele captou com rara competência, as mais belas espécies de aves da ornitologia da nação pernambucana. O resultado está no livro AVES DE ALDEIA, com 113 páginas. Uma aventura literária para quem quer e para quem não quer se embrenhar pelas matas para sentir de perto a natureza.

 

 

 

Roberto Harrop tem sensibilidade apurada e compromisso firme com tudo que envolve relação humana e relação com a natureza. Profissional vitorioso, o sociólogo Roberto Harrop trabalha com marketing e as questões sociais. Mas o que Harrop gosta mesmo de defender e eximir sua paixão pela natureza, especialmente pelas aves

 

 

No lançamento do livro AVES DE ALDEIA, Roberto Harrop deu seu recado: “Na minha vivência aqui na região já fiz o registro fotográfico de 95 espécies, das quais 75 estão selecionadas e documentadas neste livro, que conta até com um glossário para melhor entendimento do leitor”.

 

 

Roberto Harrop costuma se declarar um ornitófilo. Além de sua especialidade como cientista social e pesquisador de mercado, Harrop se aprimorou na arte de fotografar. Três paixões que deram um fruto precioso neste final de 2017: o livro AVES DE ALDEIA, um manual para quem gosta das aventuras do ‘birdwatching’ e para aqueles que gostam de estudar e apreciar a beleza das aves brasileiras.

 

A beleza da saíra-beija-flor (Cyanerpes cyaneus), pelas lentes de Roberto Harrop.
 
 
 
Segundo o próprio Harrop explica, tudo começou quando adquiriu há 20 anos sua casa no Bosque Águas de Aldeia. Nas matas da região há uma variedade imensa de pássaros, alguns típicos do Nordeste. Ele próprio já contabilizou 92 espécies de aves, além de outros animais como capivara, bicho preguiça, esquilo, cobra e morcego. “Costumo acordar bem cedo, pego minhas máquinas, quando o tempo está bom, e vou dando minha volta pelo condomínio que tem 50 hectares. Fico atento a qualquer movimento e quando percebo uma ave que não registrei capricho na pontaria e no foco”, revela ele com entusiasmo.
 
Harrop lembra que a ideia de fotografar e organizar tantas belas imagens de passarinhos surgiu há cerca de 11 anos. Eram tantos e tão belos que comecei a compartilhar com meus amigos. Daí, depois de tantos incentivos, criei coragem de fazer o livro. Estou muito feliz com o resultado. A natureza da Nação Pernambucana merecia esta obra. Então pedi ao meu amigo ornitólogo Johan Dalgas Frisch para fazer o prefácio e nasceu este livro que só me dá prazer. “Também sou muito grato ao ornitólogo e biólogo Glauco Pereira que, pacientemente, se encarregou de organizar a nomenclatura popular e científica das aves de aldeia, além de proporcionar uma descrição sumária de cada espécie”, salienta o autor.
 

 

Coleção Roberto Harrop: Gaturamo-verdadeiro ou Guriatã (Euphonia violacea)
 
 
 
 
 
Prefácio do livro
 
ALDEIA DE AVES
 
 “Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo…
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura…”
Fernando Pessoa
 
Por Johan Dalgas Frisch – Empresário, ornitólogo e presidente da Associação de Preservação da Vida Selvagem
 
 
As aves de minha aldeia são aves de todas aldeias do mundo. Não existe fronteira para o ar, para as fantasias, para os rios, para a imaginação, para as montanhas e para as aves. Ar e aves atravessam cidades, sonhos, províncias, almas, países e continentes. Por isso, meu amigo Roberto Harrop está corretíssimo no título de seu livro: AVES DE ALDEIA e não AVES DA ALDEIA.
 
As aves são joias da natureza que encantam botânicos, ornitólogos, engenheiros, economistas, administradores, músicos, velhos e crianças. As aves seduzem e apaixonam. A história de Roberto Harrop é mais ou menos como a minha. Ambos somos apaixonados por aves. Roberto e eu nos formamos em outras ciências. Eu me formei em Engenharia Química e Roberto Harrop se formou em Ciências Sociais. Mas isso não impediu nossa paixão pelas aves. Pelo contrário, nossas empresas são ‘cases’ de sucesso e nossos trabalhos profissionais são reconhecidos. Por isso investimos nossos próprios recursos em cuidar, estudar, pesquisar, fotografar, defender e curtir as aves do céu.
 
As aves exercem um encantamento tão grande na vida dos homens que a Bíblia tem passagens lindas sobre pássaros. A mitologia grega dá às aves importância extraordinária e os povos antigos tinham aves que eram literalmente adoradas. E hoje, cada nação, entre seus símbolos nacionais – como o Hino Nacional e a Bandeira – tem também uma ave típica para representá-la. Uma espécie que, pela beleza e pela característica da região, se identifica com as populações, com seus costumes, com sua cultura e suas crenças. 
 
 
AS AVES NACIONAIS
 
Assim, por exemplo, a Andorinha (Hurundo rústica), expressão de liberdade cantada pelos poetas e músicos austríacos, é a ave nacional da ÁUSTRIA.
 
Na INGLATERRA, o poeta William Shakespeare se inspirou na ave Robyn para justificar o romance de Romeu e Julieta. Por isso o Robyn tornou-se Ave Nacional da Grã Bretanha. Assim, a ave nacional representa o espírito poético de cada povo.
 
A ÍNDIA tem como ave nacional o pavão (Pavo cristatus) que respresenta a pujança e a beleza de um país misterioso.
 
Nos ESTADOS UNIDOS, a águia de cabeça branca, representa a imagem da força e beleza da união dos diversos estados norte-americanos.
 
A SUÉCIA tem o tordo (Turdus merula) que anuncia com seu canto a primavera depois do terrível inverno ártico. 
 
O federal (Amblyramphus holosericeus) é a ave nacional do URUGUAI que, com sua cabeça bem vermelha simboliza o soldado bem alerta que guarda a fronteira.
 
A ave nacional da ARGENTINA é o nosso popular joão de barro que lá tem o nome de Hornero (Furnarius rufus) e representa o povo dos pampas que constrói sua casa com competência para se proteger do frio vento minuano.
 
O CHILE tem como ave nacional o Papapiri (Tachuris rubrigastra) que vive nos juncais chilenos em harmonia com os camponeses de descendência Inca.
 
Na ISLÂNDIA, o Gyr Falcão – falcão tão procurado por reis para a falcoaria em regiões árticas – representa a força e o esplendor das terras gélidas e brancas da Islândia.
 
Na DINAMARCA, a cotovia sempre foi adorada por poetas. A cotovia tem um cantar lindo e singelo em pleno mergulho de vôo sobre as planícies da Jutlândia.
 
Na NOVA ZELÂNDIA, o kiwi – uma ave misteriosa de hábitos noturnos e sem asas, simboliza a magia dos povos nativos, pois o seu ovo é quase do tamanho de uma ave jovem. Representa a sorte, o amor e a felicidade dos povos nativos da ilha. E esta crença foi incorporada aos novos habitantes de descendência britânica com grande alegria.
 
 A GUATEMALA adotou o quetzal (Pharomachrus mocinno) como ave nacional. O quetzal é uma espécie de surucuá dos mais lindos do mundo. 
 
 
AVE NACIONAL DO BRASIL
 
E qual a Ave Nacional do Brasil? O Brasil, campeão mundial da biodiversidade em plantas e em aves, só em 2002 conseguiu ter sua ave nacional. 
 
Foram quase 30 anos de promessas e de muito trabalho para conseguir que o governo brasileiro criasse uma ave símbolo do Brasil. Em 3 de outubro de 2002,  junto com dois amigos também apaixonados por aves – o jornalista Ciro Porto, da TV Globo de Campinas, e o jornalista Silvestre Gorgulho, da Folha do Meio Ambiente – fui a Brasília conseguir o apoio dos ministros do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho; Paulo Renato, da Educação; e do Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Euclides Scalco, para que o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, assinasse o decreto fazendo do Sabiá a Ave Nacional. 
Outros ornitólogos defendiam propostas diferentes. Na verdade, outras belas aves mereciam também ter esse prestígio. Como não se encantar com uma ararajuba que tem as cores da bandeira nacional, verde e amarela? 
 
Como não se encantar com o canarinho-da-terra, com o corrupião ou com o uirapuru? 
 
Quem encontrou a solução foi o povo, as escolas, os poetas e compositores brasileiros. Que ave brasileira está mais presente no cancioneiro popular, nas poesias e nas páginas da literatura nacional? Não tem a menor dúvida, é o Sabiá. 
 
As aves são assim: provocam paixões e despertam encantamento. As aves alimentam a alma humana de humildade, criatividade, engenho e de amor à natureza.
 
Salve Roberto Harrop que sabe cantar tão bem as aves de minha aldeia…