Rios

Os rios de minha aldeia

9 de janeiro de 2018

São Paulo capital só tem dois rios limpos

 

Região Metropolitana de São Paulo só tem dois rios de água limpa onde dá para nadar. Eles estão nas  regiões de Parelheiros e Marsilac, na Zona Sul da capital paulista: são os rios Monos e Capivari.
 
 
A constatação foi do repórter do G1, do grupo Globo, que percorreu todos os mananciais da cidade de São Paulo e só encontro dois rios próprios para banho, ambos localizados no extremo sul da cidade. O repórter visitou as regiões de Parelheiros e Marsilac, e encontrou dezenas de famílias que aproveitavam um fim de semana ou feriado ensolarado para se refrescar às margens dos rios Monos e Capivari.
 
Os rios fazem parte do Polo de Ecoturismo de São Paulo, criado por meio da lei 15.953 de 2014 para orientar as atividades na região e estimular o seu desenvolvimento econômico e social. A região é um tesouro, que abrange um patrimônio natural, histórico e cultural.
 
O polo é formado pela Mata Atlântica, atravessada pela Serra do Mar e certificado como Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo pela Unesco.
 

 

Turistas aproveitam feriado nas águas do Rio Capivari, na cachoeira de Marsilac, na Zona Sul de São Paulo. Capital tem somente dois rios próprios para banho (Foto: Marcelo Brandt/G1)
 
 
 
ACESSO ÀS CACHOEIRAS
 
O acesso às cachoeiras dos rios Monos e Capivari são feitas por trilhas na Mata Atlântica. Alguns caminhos precisam de guias por serem maiores e mais perigosas, mas é sempre recomendado falar com agências antes das viagens. Além dos rios Monos e Capivari, os únicos limpos da cidade, segundo a Prefeitura de São Paulo, e nove cachoeiras onde o banho é liberado, a região é habitada por uma diversidade de espécies de vegetação nativa, como bromélias e palmito-juçara, e animais, como onças, jaguatiricas, jararacas, corais, antas e preguiças.
 
 
METEORO
 
A região também possui mirantes, pesqueiros, feiras de artesanato, oito aldeias indígenas Guarani, centros ecumênicos de diversas religiões, e uma enorme cratera formada pelo impacto de um meteoro há 36 milhões de anos, tudo isso passível de visitas monitoradas por agências de turismo que atuam em conjunto, de forma comunitária.
 
“Aqui praticamos turismo sustentável, ou seja, respeitando a comunidade. Há aldeias e vilas centenárias, e um rico ecossistema, então é preciso gerar renda sem impactar o entorno”, explica o gestor ambiental e agente de turismo Lucas Duarte, de 25 anos. “No caso dos rios, a maior parte das cachoeiras foi estudada para ter um controle sobre o número de visitas”, continua.
 
O Plano Diretor, aprovado em 2014, significou um avanço para as regiões de Parelheiros e Marsilac, pois foram enquadradas como Zona Rural, medida que protege justamente o ecoturismo e a agricultura ao impedir a expansão horizontal.
 

 

“Penso que depois dessa mudança no zoneamento, a Prefeitura Regional de Parelheiros se diferenciou das outras prefeituras regionais. Por exemplo, aqui temos outra dinâmica para poda de árvore, já que é uma Área de Proteção Ambiental (APA). A conservação das vias rurais tem outra demanda, pois são feitas com pedras, e não com asfalto”, argumenta o gestor ambiental Lucas Duarte.
 
“Por tudo isso e pela importância do nosso trabalho no Polo, já que ele também ajuda a preservar o ecossistema ao frear a urbanização, a Prefeitura Regional de Parelheiros precisa de um departamento de turismo para concentrar essas demandas e levá-las até as secretarias, pois são realmente diferentes das necessidades das outras Prefeituras Regionais”, completa.
 
Em 2015, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) entregou um estudo encomendado pela SPTuris, que apontou diretrizes do que se tornou o Plano de Desenvolvimento do Turismo Sustentável.
 
Cerca de 500 mil pessoas visitam as cachoeiras do extremo sul de São Paulo todos os anos. De acordo com Lucas Duarte, a maioria dos frequentadores acaba sendo moradores da Zona Sul de São Paulo ou grupos de excursões promovidas pelo Sesc.