Alemanha

Contra poluição, Alemanha cogita transporte público gratuito

14 de fevereiro de 2018

Pressionada pela União Europeia a reduzir emissões de gases poluentes nas grandes cidades, governo quer testar viabilidade de oferecer meios gratuitos para passageiros. Não está claro quem vai pagar a

 

 

VLT circula na Alemanha (Foto: Reprodução / TV Tribuna)

VLT circula na Alemanha (Foto: Reprodução / TV Tribuna)
 
 
 
 
 
Sob pressão da União Europeia (UE) para combater a poluição no ar das grandes cidades, o governo da Alemanha afirmou estar considerando um projeto para tornar gratuito o transporte público nas cidades mais poluídas do país, segundo uma carta enviada a Bruxelas e divulgada nesta terça-feira (13/02) pela imprensa alemã.
 
A carta foi enviada ao comissário europeu de Meio Ambiente, Karmenu Vella, no domingo e é assinada pelos ministros do Meio Ambiente, Barbara Hendricks, e da Agricultura, Christian Schmidt, e pelo chefe da Chancelaria Federal, Peter Altmaier.
 
A intenção da oferta de transporte público gratuito é encorajar as pessoas a deixar seus carros em casa, o que reduz as emissões de dióxido de nitrogênio e outros poluentes.
 
Cinco cidades foram relacionadas para testar a eficácia do projeto: Bonn, Essen, Reutlingen, Mannheim e Herrenberg, ao sul de Stuttgart, que é uma das cidades mais poluídas do país.
 
Outras propostas listadas na carta são a criação de "áreas de baixas emissões" para veículos pesados, o aumento do número de táxis movidos a eletricidade e a ampliação dos incentivos aos carros elétricos de um modo geral.
 
A carta pegou de surpresas as administrações municipais, inclusive as das cidades selecionadas. A Prefeitura de Bonn declarou à DW que o projeto não está nem sequer na fase de planejamento.
 
O prefeito de Bonn, Ashok Sridharan, disse ter sido informado dos planos do governo no fim de semana e que recebeu com satisfação a informação de que Bonn era uma das cinco cidades-piloto.
 
A carta não esclarece quem pagaria a bilionária conta do transporte público gratuito para os passageiros. A associação de municípios já deixou claro para o governo que "quem teve a ideia, que pague".
 
Não está claro, também, se a ideia é de fato viável, pois o sistema público já opera no limite da capacidade em muitas cidades. Há décadas que o uso de transporte público cresce na Alemanha. Em 2017, bateu um novo recorde, com 10,3 bilhões de bilhetes.
 
 
O projeto exigiria um plano de logística para elevar o número de bondes e ônibus nas ruas e assim diminuir os intervalos das viagens. Os veículos do transporte público também teriam que ser modernizados em muitas cidades.
 
As passagens municipais variam de preço de uma cidade para a outra na Alemanha, e o valor costuma depender do trajeto. Em Colônia pode-se atravessar a cidade por 2,40 euros, em Berlim por 2,80 euros. Em Bonn, um tíquete mensal para trabalhadores custa em torno de 65 euros e vale para toda a região.
 
A Comissão Europeia está cobrando da Alemanha e demais oito países-membros que apresentem propostas para reduzir as emissões de poluentes por veículos e, dessa maneira, atender às normas europeias de qualidade do ar. Se a Comissão não se mostrar satisfeita com os planos apresentados por Berlim, poderá levar o caso à Corte de Justiça da União Europeia.