Arqueologia e História
Expedição da Nissan revela o Brasil primitivo
5 de maio de 2018Montadora japonesa ajuda na batalha para divulgar e preservar os vestígios dos primeiros homens das Américas.
A Nissan investiu no conhecimento dos povos primitivos em sítios históricos brasileiros. A montadora japonesa organizou uma ampla expedição para conhecer o Brasil original, pelas pinturas rupestres contidas nos mais representativos sítios arqueológicos nacionais. A inédita iniciativa tem como objetivo a ampliação do conhecimento a respeito dos brasileiros primitivos.
O grupo de jornalistas convidados para a Expedição Nissan enfrenta dificuldades mas são recompensados por paisagens e conhecimentos importantes da história e cultura do Brasil.
Após visitar monumentos arqueológicos com inscrições rupestres em cidades de Minas Gerais, Mato Grosso e Piauí, a “Expedição Nissan: À Procura do Início do Brasil” visita sítios baianos para chegar até Lençóis, na Chapada Diamantina.
Rogério Louro, diretor de Comunicação da Nissan, concebeu a Expedição “À Procura do Início do Brasil” para resgatar sítios arqueológicos e históricos brasileiros para torná-los conhecidos e valorizados pelos cientistas e pela população.
DESAFIO E OUSADIA
A expedição concebida por Rogério Louro, diretor de Comunicação da Nissan, é um desafio e uma ousadia da montadora japonesa, que pela primeira vez em sua história realizou uma expedição com o viés histórico/cultural.
Confortavelmente transportada por um comboio de 14 camionetas Frontier LE 4×4, a mais completa da categoria, a equipe composta por jornalistas especializados em veículos automotores de diversas partes do Brasil foi à Serra das Paridas, no Município de Lençóis, onde me integrei ao grupo.
FAZENDA PARIDAS
Com inteligência privilegiada, Renato Hayne gestor da Fazenda Paridas, que abriga um dos principais conjuntos arqueológicos da Bahia, batizou o empreendimento assim por causa da existência de uma pintura rupestre contendo imagens femininas à semelhança do parto de cócoras, que vem se tornando frequente entre as mulheres.
A entrada e recepção da Fazenda Paridas
O ambiente da fazenda é muito agradável e percebe-se logo os conceitos sustentáveis que nortearam a concepção arquitetônica dos equipamentos destinados a acolher os visitantes.
Referindo-se à adequação ambiental do empreendimento, o professor Carlos Etchevarne, pesquisador do Departamento de Antropologia da UFBA, avalia: “Todos os materiais usados na arquitetura do sítio são de materiais retirados daqui. Tanto as paredes, quanto os tetos, são feitos de rocha da localidade, não há nada que agrida a paisagem. É tudo feito com recursos da natureza e que não há nada para impactar. Os corrimãos instalados nas escadarias são todos feitos de árvores caídas”.
EXPLICAÇÕES DE CARLOS ETCHEVARNE
Para o professor Carlos Etchevarne, a Serra das Paridas é um belo exemplo de combinação arqueológica e paisagística. Compõe um cenário particular com afloramentos que permitiram receber grupos humanos, portadores do conhecimento de sistemas gráficos de comunicação.
O professor e pesquisador Carlos Etchevarne destaca diferentes formas de antropomorfos, incluindo os três motivos pintados que aludem a mulheres parindo de cócoras.
Explica o professor Carlos Etchevarne: “Na Serra das Paridas temos um mostruário de motivos diversos, muitos deles bem conservados. Os horizontes pictóricos vão desde os mais naturalísticos até os mais abstratos. Esta variedade está associada não somente a grupos diversos, mas também a tempos diversos, como pode ser muito bem apreciado no painel das sobreposições de figuras”.
Etchevarne ainda destaca diferentes formas de antropomorfos, incluindo aqueles três motivos pintados que aludem a mulheres parindo de cócoras.
A CONDUÇÃO DAS PESQUISAS NISSAN
O professor Carlos Etchevarne é pesquisador do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia.
O professor Carlos Etchevarne, notável arqueólogo, especialista em arte rupestre, é quem conduz as pesquisas realizadas nos sítios arqueológicos das Paridas e Morro do Chapéu.
A estrada até o sítio 17 – um dos locais visitados –, recém construída para atender à demanda da expedição, poupou todas as mangabeiras do caminho e árvores de maior porte. O local é conhecido também pela grande quantidade de mangabeiras.
O sítio 17 é constituído por um grande bloco de pedra com aproximadamente 10 metros de altura e apresenta dois painéis de pinturas rupestres. Um na parte inferior do bloco, e o segundo, num terraço a uns 3 metros de altura.
O painel do terraço apresenta um fragmento com minúsculos animais, que é uma rara expressão cinética primitiva. Numa área equivalente a 40 x 15cm, há um grupo de 14 figuras, aves e quadrúpedes, correndo enfileirados.
Desenhos em representação cinética, em miniatura, de animais da fauna local.
As aves, provavelmente, são emas e os outros animais devem ser veados, pois eles ainda habitam a região.
A similaridade dos traços, que representam os animais nos diversos sítios arqueológicos, e o uso da hematita como insumo básico das pinturas rupestres, sugere que havia alguma troca de informações entre os diversos grupos pré-históricos.
Espécies primitivas já desaparecidas vistas em perspectiva.
O ESPANTO PELA BELEZA
Com o deslumbramento provocado pela visualização desses painéis de arte primitiva, através dos milênios, fica uma indagação: quais artistas contemporâneos terão as suas obras apreciadas pelos habitantes do futuro, daqui a milhares de anos?
O desenho de quadrados concêntricos sugere “contemporaneidade” artística e conhecimento geométrico.
A “Expedição Nissan: À Procura do Início do Brasil” já causa o espanto ao revelar a beleza delicada da arte ancestral brasileira, desses pintores primitivos que deixaram um legado artístico datado em oito mil anos, quando admitimos a análise dos materiais de restos da fogueira encontrados no local, comprovados pelo laboratório Beta Analitic, Florida, USA.