Crime ambiental na Amazônia
Ações conjuntas combatem desmatamentos
3 de julho de 2018Ibama e Sema iniciam ação conjunta de combate ao desmatamento no norte de MT
Agentes ambientais encontram desmatamento realizado por correntão no norte de Mato Grosso.
IBAMA IDENTIFICA E MULTA EM R$ 15,5 MILHÕES OS RESPONSÁVEIS PELA EXTRAÇÃO ILEGAL DE 7,3 MIL TORAS NA TI PIRITITI (RR)
Madeira apreendida pelo Ibama em abril na Terra Indígena Pirititi, no sul de Roraima
Madeira apreendida pelo Ibama na Terra Indígena Pirititi, sul de Roraima
IBAMA COMBATE DESMATAMENTO NA TERRA INDÍGENA TEMBÉ (PA) E APREENDE 1,8 MIL M³ DE MADEIRA EXTRAÍDA ILEGALMENTE
Agentes do Ibama e da Polícia Militar realizam inspeção durante a Operação Maravalha, em junho de 2018
TRÊS OPERAÇÕES NA AMAZÔNIA
USO DE CORRENTÕES
Com apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas e da Força Nacional, o Ibama e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) de Mato Grosso fizeram uma operação conjunta para coibir o desmatamento ilegal da Amazônia. Na primeira ação, agentes ambientais flagraram o corte raso de 160 hectares em área de Reserva Legal em Tapurah (MT) por correntão, técnica que usa dois tratores e uma corrente com elos grossos para derrubar a vegetação nativa.
Na base utilizada pelos infratores foram apreendidos um caminhão, uma pá carregadeira, uma moto, uma camionete, motosserras e documentos que evidenciam a saída da madeira, além de fichas de funcionários e comprovantes de transações bancárias. A Sema estima que a ação evitou o desmatamento de outros 800 hectares.
A Operação Estanque também resultou na apreensão de 267 metros cúbicos de madeira em tora das essências sucupira, cambará, cumaru e cedrão, volume equivalente a 12 caminhões carregados. A área degradada pelos infratores nos municípios de Tapurah e Porto dos Gaúchos corresponde a 500 hectares. O desmatamento foi identificado por imagens de satélite.
Durante a ação, um caminhão sem Guia Florestal válida foi identificado. Após denúncia do Ibama, equipe da Sema-MT se deslocou até uma serraria para inspeção de carga, cuja documentação relatava o transporte de garapeira, champanhe, jatobá, cajueiro e cambará. No entanto, todas as toras eram da espécie cambará, madeira de alta resistência usada na construção civil e para fabricação de móveis.
Responsável pela origem da madeira, uma fazenda localizada no município de Tapurah foi embargada e autuada em R$ 212 mil pelo transporte sem guia florestal válida, inserção de informações falsas no sistema de controle florestal do estado (Sisflora 2.0) e Plano de Manejo Florestal Sustentável em desacordo com a legislação ambiental. Já a serraria foi multada em R$ 62 mil pelo recebimento da carga.
O secretário de Meio Ambiente, André Baby se reuniu com a presidente do Ibama, Suely Araújo, na sede do Instituto, em Brasília, para consolidar a ação conjunta.
“Essa parceria com o Ibama em Mato Grosso não ocorria há cinco anos. Queremos estancar o desmatamento no estado. É um aviso aos desmatadores. O Mato Grosso não compactua com a ilegalidade”, disse o secretário de Meio Ambiente, André Baby. Nesta terça-feira (12/06), ele se reuniu com a presidente do Ibama, Suely Araújo, na sede do Instituto, em Brasília, para consolidar a ação conjunta.
Para a superintendente do Ibama em Mato Grosso, Lívia Martins, o controle do desmatamento depende da conscientização dos consumidores, além das ações de fiscalização ambiental. “Os produtos procedentes de áreas embargadas e de Reserva Legal (gado e grãos) continuam a entrar na cadeia comercial. Enquanto existir cadeia produtiva que consuma produtos ilegais, haverá pressão para desmatamento”, afirmou a superintendente.
A presidente do Ibama destacou a importância da atuação conjunta com o Governo do Estado para a eficácia do controle ambiental.
OPERAÇÃO MARAVALHA
Onze serrarias foram embargadas e desativadas pela Operação Maravalha. O Ibama e a Polícia Militar Ambiental do Pará apreenderam 1.821 metros cúbicos de madeira, o equivalente a 150 caminhões carregados, e 1,2 mil litros de agrotóxicos nos municípios de Paragominas, Cachoeira do Piriá e Aurora do Pará, em mais uma etapa da Operação Maravalha.
Agentes ambientais desativaram seis serrarias e embargaram outras cinco. Também foram inutilizados nove fornos de carvão vegetal. Um veículo, um trator e um caminhão usados para a atividade ilegal foram apreendidos. Os 25 autos de infração aplicados totalizam R$ 3 milhões.
A madeira apreendida (1.586 m³ em toras e 217 m³ em madeira serrada) havia sido extraída ilegalmente da Terra Indígena (TI) Tembé, no nordeste do Pará. Os agrotóxicos estavam depositados em desacordo com a legislação ambiental em uma fazenda. Vinte e três estabelecimentos foram fiscalizados.
A madeira será doada para instituições sem fins lucrativos. O agrotóxico ilegal está sob guarda da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Paragominas (PA).
Localizada em Tomé-Açú (PA), a Terra Indígena Tembé ocupa 1.075 hectares e abriga 146 indígenas, segundo dados do censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010.
DESMATAMENTO NA TERRA INDÍGENA DE PIRITITI – RORAIMA
O Ibama identificou e multou em R$ 15,5 milhões os responsáveis pela extração ilegal de 7,3 mil toras na TI Pirititi (RR)
O Ibama identificou os responsáveis pela extração ilegal de 7.387 toras da Terra Indígena (TI) Pirititi, no sul de Roraima, apreendidas pelo Instituto em abril deste ano. O furto danificou 1.372 hectares de floresta nativa na Amazônia.
Agentes ambientais aplicaram oito autos de infração, que totalizam R$ 15,5 milhões, contra duas madeireiras e dois proprietários rurais. Na ocasião, foram apreendidos 15,6 mil metros cúbicos de madeira em tora, o maior volume registrado em uma operação no estado.
Após a apreensão, a fiscalização na região foi reforçada com agentes ambientais de outros estados, que receberam apoio do Exército e da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (CIPA) de Roraima. A operação resultou na identificação de outros focos de desmatamento ilegal nos municípios de Rorainópolis e Caracaraí (RR). O volume de maçaranduba, cupiúba, angelim ferro e angelim pedra extraído na região é estimado em 19 mil m³, totalizando 34,6 mil m³ no estado.
Cinco madeireiras e quinze pessoas foram autuadas nesta segunda fase, cujas multas somam R$ 13,5 milhões. As toras extraídas ilegalmente seriam usadas para abastecer serrarias em Rorainópolis (RR).
“As árvores cortadas tinham destino certo. A investigação apontou quem são os criminosos responsáveis pela destruição do patrimônio natural dos índios”, afirmou o coordenador de Operações de Fiscalização, Roberto Cabral. Segundo ele, a operação, comandada pela Diretoria de Proteção Ambiental, será intensificada até que se verifique a regularidade de todas as madeireiras do estado.
O Ibama define com o Ministério Público Federal (MPF) a destinação da madeira, que pode ser levada a leilão judicial.
Com 40 mil hectares, a Pirititi abriga índios isolados. Portaria da Fundação Nacional do Índio (Funai) impede o acesso à TI sem autorização da Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados