Pica-Pau

O Segrego do Pica-Pau

5 de setembro de 2018

Ornitólogo Dalgas Frisch mostra sua pesquisa sobre o Pica-pau e o Alma-de-gato

 

 

As penas são a alma das aves. São as penas – sempre rígidas, leves, de formato assimétrico – dispostas nas asas, no peito e nas caudas ajudam as aves a voarem. E são elas também que possibilitam às aves tomar uma direção, voar mais rapidamente ou de forma lenta e a se equilibrarem. As penas das asas têm um nome técnico: rémiges. As penas rémiges ajudam as aves a ter empuxo e sustentação no ar. As penas situadas no dorso das aves, aquelas chamadas de penugem, são as tetrizes. E as penas situadas na cauda das aves são as retrizes. 

 

 

O ornitólogo e pesquisador Johan Dalgas Frisch acaba de fazer uma descoberta importante sobre a mobilidade do pica-pau. A ave usa as suas retrizes como uma terceira perna para se fixar no tronco de uma árvore, a fim de furá-la com o bico e buscar as larvas ali encontradas para se alimentar.

O pica-pau é uma ave da ordem Piciformes, da família Picidae. Suas patinhas possuem dois dedos voltados para frente e dois dedos voltados para trás, o que lhe auxilia a se agarrar nos troncos de árvores. Mas o principal apoio vem das duras penas que estão na sua cauda, as retrizes, que ajudam a espécie a abrir cavidade nos troncos de árvores para buscar larvas de insetos – seu alimento preferencial – e até fazer seus ninhos. 
 
 
FILMANDO AS AVES NO SEU HABITAT
 
O amor, a dedicação e a doação diária de Johan Dalgas Frisch mudou totalmente a história de uma mata de 24 hectares no coração de São Paulo: a Reserva Ecológica do Morumbi. Empresário e ornitólogo de 88 anos, Dalgas percorre pelo menos quatro vezes por semana toda a reserva e cuida de cada detalhe da flora, dos passarinhos e do manejo da área.
 
 
 
 
Aos 88 anos, Johan Dalgas Frisch corre todos os riscos para preservar a Reserva Ecológica do Morumbi, onde faz suas pesquisas, fotografias e filma a vida o comportamento das aves.
 
 
 
DEDICAÇÃO E PESQUISA
 
E foi a dedicação e a persistência nas pesquisas, que levou o ornitólogo Johan Dalgas Frisch a descobrir coisas inéditas. A rotina de Dalgas não para. Pela manhã, ele entra na Reserva, abastece o ‘restaurante’ das aves com sementes, frutas e bacia de água e arma os equipamentos de filmagem e fotos. Toda tarde, Dalgas volta ao local para buscar o material filmado e fotografado. E assim, pesquisando os costumes das aves no seu habitat, Dalgas Frisch começou a fazer suas descobertas.
 
 
O CALCANHAR DE AQUILES DO PICA-PAU E DO ALMA-DE-GATO
 
 
 
O segredo do Pica-pau: lavar sempre as penas das caudas para eliminar as seivas dos troncos das árvores e, assim, facilitar suas bicadas em buscar de larvas.
 
 
 
 
 
Dalgas Frisch explica que o Pica-pau tem suas artimanhas para se segurar nos troncos das árvores, mudando de posição e virando de um lado para outro quando necessário. Suas patinhas possuem dois dedos voltados para frente e dois dedos voltados para trás, o que o auxilia a se agarrar nas árvores. Mas o principal apoio vem das duras penas que estão na sua cauda, as retrizes, e das próprias asas, as rémiges, que dão equilíbrio e ajudam a espécie a abrir cavidade nos troncos de árvores para buscar larvas de insetos – seu alimento preferencial – e até a fazer seus ninhos.
 
 
 
 
 
Neste esqueleto de um Pica-pau fica evidente a importância de suas patinhas que possuem dois dedos voltados para frente e dois dedos voltados para trás e dão à ave o equilíbrio necessário para bicar com força os troncos das árvores.
 
 
 
 
 
Detalhe importante para as fortes penas que compõe a cauda do Pica-pau que são usadas para seu equilíbrio e funcionam como verdadeiras garras a segurar a ave no tronco da árvore.
 
 
 
 
Por incrível que pareça, os estudos ornitológicos ainda não mostraram que tanto os pica-paus como os alma-de-gato têm o seu “Calcanhar de Aquiles”. E o motivo do ponto-fraco dessas duas aves, é que está no depoimento de Johan Dalgas Frisch:
 
 
Patinhas de dois dedos
 
– Essas aves não dão intimidade ao observador, porque o fato ocorre em circunstâncias muito delicadas. As patinhas dos pica-paus possuem dois dedos voltados para frente e dois dedos voltados para trás. Assim, eles podem subir e descer das árvores e até darem volta pelo tronco. Mas tem um segredo que as filmagens mostram: nas pontas de suas caudas têm penas fortes chamada retrizes. Elas são agudas e dão apoio para que possam descolocar com facilidade.
 
 
O ponto fraco
 
– O ponto fraco (Calcanhar de Aquiles) dessas aves é que certas espécies de árvores, produzem um tipo de seiva, como se fosse um látex, que vai grudando nas suas penas retrizes e a ave não consegue se movimentar adequadamente nos troncos. Sem poder se equilibrar para buscar as larvas elas acabam morrendo de fome.
 
 
Banho para lavar a cauda
 
– Mas aí descobrimos o segredo dos pica-paus. Para que este suporte permaneça em sua cauda, eles têm que lavar rotineiramente as penas de sua cauda a fim de retirar as seivas e látex que aos poucos vão grudando e tirando a agilidade no uso da cauda.
 
 
Filmagem 24 horas
 
– A técnica da lavagem das penas da cauda dos pica-paus só foi descoberta agora quando mantivemos as filmagens e fotos durante vários dias. Aí veio a constatação. Um documento que mostra os pica-paus lavando sempre suas penas da cauda para que limpas elas os ajudem na tarefa de buscar alimentos.
 
 
ALMA DE GATO
 
A Alma-de-gato tem o nome científico de Piaya cayana e pertence a família Cuculidae. Em inglês é conhecido como Squirrel Cuckoo. Também é conhecido como rabilongo, chincoã e rabo-de-palha. É uma ave muito bonita de se ver, fica pelo chão como se fosse um esquilo. Às vezes costuma imitar outras aves, como o bem-te-vi.
 
 
 
 
A rotina do banho do Alma de Gato para eliminar os parasitas das asas.
 
 
 
 
E no caso do costumeiro banho do Alma-de-gato, o ornitólogo Johan Dalgas Frisch explica:
–  No caso do alma de gato (Piaya cayana) a preocupação é inversa. Esta ave tem necessidade de “tomar banho” rotineiramente para eliminar eventuais parasitas que entram nas suas asas. Mas elas sempre se jogam de frente, mantendo a cauda fora da água.